(*) Burning Sky - Belo Horizonte/MG - Photo, Art: Ana.
Um blog sobre uai, sô, véio, contos, causos, sentimentos, pão-de-queijo, crônicas, broa-de-fubá, cinema, literatura, fotografia, arte, poesia...
* Agora em novo endereço: www.mineirasuai.com *

30 julho 2007

Um, Dois

Feijão com arroz. Básico assim, final de semana sem maiores emoções...

Peraí! Eu disse “sem maiores emoções”? Se uma tia-avó com enxaquecas, familiares acidentados, irmãos desaparecidos e telefones celulares fora de área não representam nenhuma emoção para mim, só posso estar ficando louca mesmo!

Pois é, o final de semana não foi nada básico. Muitas emoções. Ruins, diga-se de passagem. Tudo bem que nem coloquei a cara pra fora da janela. Não, não foi o frio que se abateu por aqui somente, mas também as aflições que nos faziam correr no primeiro segundo de cada toque de cada telefonema, à espera de notícias: da tia-avó, dos familiares acidentados, do irmão n° 1 e ou do irmão n° 2. Nem o sambinha esperto no A Gosto de Deus, convite da Dô, me fez querer entrar na roda... E neste tempinho, nada com um cinema em casa!

E foram dois filmes legaizinhos:

Edukators
(Título original: Die Fetten Jahre sind vorbei)

Para mim a melhor surpresa deste filme foi me deparar com Daniel Brühl, o brilhante ator de Adeus Lênin (que se você ainda não viu, está perdendo tempo, pois simplesmente é um dos melhores filmes que já assisti na minha vida, sem exagero). Isto sem contar, é claro, com o desenrolar da história, que é sempre surpreendente, uma emoção atrás da outra, e o final então... (Bem, não posso contar aqui, né!) A trilha sonora também é um detalhe à parte, e a paisagem então... Aff! De tirar o fôlego! Só adianto que o filme é sobre uma dupla de rebeldes contemporâneos, que expressam sua indignação de forma pacífica: eles invadem mansões, trocam móveis e objetos de lugar e espalham mensagens de protesto. Interessou? Pois é, assista, vá na fé, que eu recomendo!

Cafundó

Aluguei este filme no escuro. Vi que era com o como personagem principal Lázaro Ramos e com a direção de Paulo Betti e aluguei. Nunca tinha ouvido falar, ninguém me disse nada, ao contrário do Edukators, que o mocinho da locadora de pronto me disse que era “muito, muito bom”. Então, o Cafundó é um filme assim... assim... Não sei explicar. É até interessante, a história é bem diferente, é adaptação de um livro, que conta a história de vida de Nhô João de Camargo. Preto Velho milagreiro, ele viveu no Brasil no final do Século XIX e início do Século XX em Sorocaba, interior do estado de São Paulo. Como a maioria dos filmes nacionais, achei um pouco lento, e a edição meio estranha, principalmente do princípio até quase a metade do filme, mas para quem curte a história do país deste período, e a cultura negra africana, é bem bacana. E ah! A fotografia é cuidadosa, mostrando lugares maravilhosos! Resumindo: recomendo só pra quem estiver a fim de assistir mesmo, se prender aos detalhes, e pessoas que gostam de tudo isso que falei.

(Só para as mulheres: o Lázaro aparece nu em algumas cenas... E que nu, viu!!!)

Ana.

27 julho 2007

Tato e Line

em...

:. As melhores surpresas .:

17:30h, no ponto de ônibus. Line sai do trabalho aliviada por não ter ficado nem um minuto a mais, e posta-se a esperar o Circular 01 – Contorno, para voltar para casa. Ela está de costas para o passeio, de pé, olhando para o outro lado da rua, onde pessoas pedalam bicicletas sem sair do lugar, dentro de uma sala fechada com luzes de boate: spinning in door, na Academia Corpo em Forma.

Tato chega com sua mochila. Encabulado e cansado, toca no ombro de Line e sorri com os olhos:
- Oi... – Ele diz, meio sem jeito... Sem saber o que dizer, o “Oi” com voz embargada foi a única coisa que conseguiu proferir.

Line se vira assustada, e se espanta mais ainda ao ver Tato bem ali na sua frente. O abraça imediatamente, dando-lhe um beijo estalado no pescoço, próximo à orelha. Sente seu cheiro, escondido atrás dela, próximo do cacho de seus cabelos castanhos: shampoo de camomila, sabonete neutro, cravo, canela, homem. Os mesmos cheiros que ela sentira em seus livros, seu quarto, suas cartas. Ela se lembrava...
- Ahhnn? Como assim? Não acredito que está aqui! – Exclama, transparecendo alegria em seu tom de voz.

As bochechas rosadas dele não a deixam enganar, corado de timidez e felicidade, tudo ao mesmo tempo. Traz ainda um envelope murcho em sua mão molhada de suor, ansiedade que ele tenta disfarçar.
- Vim te ver... E te entregar... isto. – Estende a mão com o envelope em direção a ela, ainda encabulado, fita o chão.

Line procura seus olhos e toma o envelope. Ele levanta a cabeça e a encara, respirando fundo. Com a outra mão, ela segura a mão livre dele, gelada. O abraça novamente, emocionada. Carinhosamente, ele toca seus lábios num beijo doce e leve. Ela adorava o jeito meio sem jeito que ele a beijava.

Agora ela olha para o envelope.
- Está meio vazio isso aqui, heim? – Ela percebe que o envelope amarelo, apesar de aberto, estava endereçado a ela. Dentro, vê um pequeno bilhete e um selo.
- É a resposta de sua carta, Line... – Tato diz, com convicção. Ele sabia que ela reagiria desta forma, já estava acostumado com seu jeito direto de dizer as coisas, sem papas na língua. Ele gostava daquilo, pois sabia que ela era incapaz de mentir.
- Sério? Poxa, eu escrevo 11 páginas procê, e cê me responde com apenas um bilhete e um selo? – Diz ela sorrindo, com um tom de comédia na voz, só para provocá-lo...

Ele solta sua gargalhada característica, não cai nas provocações dela, apesar de adorar aquele jeitinho meio bravinho e brincalhão que só ela possuía. Ele a entendia e adorava!
– Não, Line: o bilhete, o selo, e EU, né? – Responde ele, apertando-a novamente contra seu peito. Os dois sorriem.

Ela finalmente retira o bilhete de dentro do envelope, dobrado ao meio. Abre e vê a foto dos dois, do último encontro, impressa em branco e preto. Embaixo, a letra dele, cuidadosamente grafada com caneta de tinta preta:

AS MELHORES SURPRESAS SÃO AS QUE VÊM DO CORAÇÃO.

***

Texto por: Ana.
Photo by: -gadgetgirl-

24 julho 2007

L'adieu a Belle

A hesitação em publicar aqui as seguintes palavras refletem a a tristeza de dizer adeus...

Uma grande amiga, uma maravilhosa escritora, que prima pela perfeição em tudo que fala ou faz.

Pois é, pessoas, a Bela decidiu não mais publicar seus escritos por aqui... Quem quiser ler mais de suas palavras terá que aguardar... Quem sabe um livro? Uma peça processual? Uma sentença?

Vindo da Belle, não duvido de nada, esta garota talentosa, inteligente e muito perspicaz promete uma carreira de sucesso, uma vida de brilhos e brios, perfeita, como ela é!

Então, amiga Bela, obrigada por todos os textos, todos os helps, pela companhia, pela compreensão e paciência...


Beijos das...

Mineiras, Uai!

Ana e Dô.
(Que já foram 3, foram 4, ficaram 3 novamente, e agora são só 2!)

23 julho 2007

Hocus Pocus

Som na caixa:


Uma das coisas boas de BH é poder assistir shows de ótima qualidade, sem gastar muito. Uma das bandas que mais tenho gostado de assistir é a Hocus Pocus, que toca cover dos Beatles... E como os meninos de Liverpool nunca saem de moda, não custa nada dar uma conferida nos músicos de Minas:

"Desde 1984 o Hocus Pocus interpreta a música dos Beatles e traz de volta a magia de um sonho que não acaba nunca.

Formado por cinco brasileiros das montanhas de Minas, o grupo, além de observar arranjos originais dos Beatles, compartilha com o público a emoção e a alegria que marcaram o quarteto de Liverpool.

Os shows mesclam a ingenuidade das baladas com o vigor do rock & roll, apresentando também canções da fase mística, pacifista e psicodélica."

Minhas dicas de locais em BH onde sempre tem um rock n' roll de primeira rolando, y otras cositas más:

- Lord Pub
- The Jack Rock Bar
- Garage d'Caza
- Conservatório Music Bar
- Utópica Marcenaria
- Freud Bar
- Stonehenge Rock Bar

Hocus Pocus

Hocus Pocus na Utópica Marcenaria - Mar/2007 (Foto by Ana.)

Ana.

18 julho 2007

Achados e Perdidos

É impressionante a capacidade que muitas pessoas têm de perder seus pertences. Já tive um namorado que estava na 7ª via da Carteira de Identidade! Meu pai sempre esquece onde está sua agenda – sem ela, ele não vive – e minha mãe perde os óculos quase todos os dias – sem eles, ela não enxerga!

Eu não sou de perder muita coisa não, geralmente perco brincos, mais por não saber onde os guardei que por descuido mesmo. Já meus irmãos... Só não perdem as cabeças pois estão presas no pescoço! Um amigo meu perdeu as chaves do próprio carro. Ele chegou em casa na madrugada de sábado para domingo, jogou as chaves em qualquer lugar, e depois não saiu mais com seu automóvel. Quando chegou ontem... cadê as chaves? Procurou, procurou... e nada! Foi de chave reserva mesmo. Parou no posto de gasolina para abastecer e...
“Moço, me dá a chave do tanque?”
“Iiiiihhhhh!”
“Moço, o senhor roubou este carro agora? Vou ligar para a polícia!”
“Não, não, é que perdi as chaves mesmo. Deixa quieto, voltarei para casa.”

Certa vez meu irmão perdeu o hamster dele. Brincou com ele à noite e esqueceu a gaiolinha aberta. No dia seguinte o desespero foi geral, após muita procura e reza brava, achou o bichinho dentro de um sapato, no fundo do armário.

Engraçado que sempre quando acontece de perdermos algo aqui em casa, minha mãe adota a técnica da “reza para Vovó Rosinha”. Esta foi minha bisavó, uma típica sinhá mineira, que cuidava de tudo e de todos na fazenda em que viviam, em Santa Maria de Itabira. Se ela era boa para achar as coisas quando ainda era viva, eu não sei. Mas não é que sempre dá certo quando rezamos para ela nos ajudar a encontrar algo?

Nem me lembro mais quando foi que isso começou. Provavelmente minha mãe deve ter perdido algo muito importante que não encontrava de jeito nenhum. Em meio a tanto choro e desespero, começou a rezar para sua avó Rosinha. E aí... Pimba! O objeto perdido apareceu, como que por mágica! Desde então, esta técnica é repetida por todos aqui em casa, sempre com a promessa para a bisavó de mandarmos rezar uma missa em seu nome. O problema é que, do jeito que os favores estão acumulados, terão que ser dez missas, e não uma só!

Uma coisa que todo mundo é danado para perder (e achar) é canetas... Principalmente aquelas da marca BIC, já reparou? Elas somem sem a gente perceber, e aparecem sem que as tenhamos comprado... Já ouvi várias teorias a respeito:

Canetas BIC são extraterrestres que querem dominar o mundo:
(Comunidade “Canetas BIC dominarão o mundo)

Sim, as aparentemente inofensivas canetas BIC são extraterrestres e querem dominar o mundo!!! E eu tenho provas disso:
- São mais baratas e vendem mais;
- Nunca estão sem carga (isso é um fenômeno raro);
- Você nunca as compra, mas sempre têm uma em casa;
- Você é levado a colocá-la na boca, onde ela suga o seu DNA até que a tampa misteriosamente some;
- Elas estão adotando políticas mais subversivas de invasão: vêm de brinde nas caixas de cereais. Conheço um caso em que a pessoa comprou o “Nescau Cereal” e “ganhou” uma caneta BIC Gel COR DE SANGUE!
- Porque esse bonequinho esconde a caneta nas costas??? Vocês não acham suspeito???

Caneta BIC é um objeto de espionagem da NASA
(Comunidade: Caneta Bic é da NASA)

Quem já comprou uma BIC?
Ela sempre aparece na sua casa e some antes de acabar...
Essa comunidade foi feita para todos que acreditam que a caneta BIC foi feita pela NASA para espionar as pessoas, e assim que a NASA consegue as informações, a caneta desaparece...

Caneta BIC é sonda alienígena
(Comunidade: Canetas BIC – O Mistério)

- O furinho que tem apenas nas canetas BIC é uma câmera que transmite informações ao vivo e ainda grava...
- A tampa das canetas BIC tem números de identificação;
- As melhores canetas são BIC, e são as mais baratas... Estranho não?
- Por que todo mundo tem mania de mastigar a tampa e a tampinha de trás das canetas BIC? São coletores de saliva para pesquisas genéticas;
- A BIC some na escola por exemplo, e você a encontra em casa;
- A caneta sempre some antes de terminar a tinta... A carga seria o combustível?
- É a caneta que mais vende e até hoje eu só vi uma propaganda;
- O menino da BIC é cabeçudo como um E.T;
- As BIC são as únicas canetas (testei isso com uma Faber Castel e não deu certo) que grudam na parede.


Bom, por seguro, morreu de velho! Prefiro continuar rezando para que minha bisavó descanse em paz, e para que meu cérebro não seja sugado pela tampa de uma caneta BIC!

Ana.
Foto de foto, by Ana - Em pé, ao fundo, da esquerda para a direita: Bisavó Rosinha, minha mãe, Tia Ziláh. Damas de honra: Graci (esq) e Natália (dir).

14 julho 2007

Os 5 Livros

Só mesmo a Marília para me fazer vir aqui dar uma sacudida na poeira deste blog...

Mesmo estando de férias no trabalho, os estudos não me dão trégua, e consomem boa parte de minha energia e criatividade. Há de ser apenas uma fase (mais uma, né?)...
E por que não falar então de livros? A brincadeira é contar aqui os 5 últimos livros que li... Mas quebrarei esta regra, pois prefiro contar os 5 livros que mais gostei - tarefa nem por isto menos árdua:

  • Cem Anos de Solidão - Gabriel García Márquez

Li este livro há alguns anos, quando encontrei sua edição antiga comprada por meu pai na ocasião de nossa mudança para o atual apartamento... Encantei-me pelo realismo fantástico de García Márquez, pela história dos Buendía, pela pequena e fictícia Macondo etc e etc. Esta obra, que deu o Nobel ao seu autor em 1982, é, sem sombra de dúvidas, um dos melhores livros da literatura latino-americana de todos os tempos.

  • Quando Nietzsche Chorou - Irvin D. Yalom
Irvin D. Yalom é psicoterapeuta e professor de psiquiatria da Escola de Medicina da Universidade de Stanford, e este romance, Quando Nietzsche Chorou, foi o seu primeiro. (Na minha opinião, o seu melhor também, uma vez que comecei a ler Mentiras no Divã e não consegui terminar.) O livro conta a história de Josef breuer, um dos pais da psicanálise, que encara um de seus maiores desafios: tratar de sua própria angústia e obsessão, bem como do filósofo Friedrich Nietzsche, atormentado por uma crise existencial e por uma depressão suicida. O livro traz muito das idéias de Nietzsche, um pouco de sua história de vida, visões filosóficas, discussões sobre psicanálise e sobre as dores da alma, e até Sigmund Freud aparece como personagem nesta história.
  • O Perfume - Patrick Süskind

Creio que tenha sido este um dos primeiros clássicos da literatura que eu tenha lido, afinal, este livro foi considerado "o livro" da década de 80 na Alemanha. O que primeiro me chamou a atenção sobre ele, foi o título, pois sou apaixonada por cheiros, perfumes... Acredito ter uma boa memória olfativa, e quando criança cheguei a sonhar com uma carreira de perfumista! O livro conta a história de um homem possuidor de olfato apuradíssimo e sem cheiro próprio, que se torna um assassino em série por sua busca do perfume perfeito pela França do século XVIII. (Antes que me perguntem: sim, eu assisti o filme e gostei muito. Mas só recomendo assisti-lo para quem tenha lido e gostado do livro antes...)

  • Os Sonhos Não Envelhecem - Márcio Borges

Como pianista (hã-hã, a gente tenta, né...), e amante da boa música, não poderia deixar de falar neste livro, escrito por Márcio Borges (irmão de Lô Borges), que conta a história do Clube da Esquina, um importante movimento músico-cultural nascido em Belo Horizonte, no bairro de Santa Tereza, e que teve com um de seus expoentes máximos, A VOZ: Milton Nascimento. A edição que possuímos em casa foi comprada no lançamento, e veio acompanhada de um CD com os maiores sucessos do Clube da Esquina.

  • Um Defeito de Cor - Ana Maria Gonçalves

Este romance, escrito pela mineira Ana Maria Gonçalves, que eu tive o privilégio de conhecer pessoalmente em virtude desta blogosfera, é simplesmente fantástico! São mais de 900 páginas e não sei quantos personagens, muitos deles baseados em pessoas que realmente existiram, fruto de uma pesquisa histórica super extensa que ela fez em arquivos antigos de Salvador. Tive a oportunidade de comentar sobre ele aqui.

Como eu disse anteriormente, é muito difícil escolher apenas 5 livros... Afinal, comecei cedo lendo toda a coleção do Sítio do Pica-Pau Amarelo (M. Lobato), sem contar nas fábulas e contos de Perrault, dos irmãos Grimm, e muitos mais...

É verdade, sou meio compulsiva com leitura, sempre tenho vários livros que vou lendo aos poucos, cada dia um, e que ficam em cima do criado-mudo, ao lado da cabeceira da cama. Atualmente, lá se encontram: O Caçador de Pipas (Khaled Hosseini, ainda não comecei), Mentiras no Divã (Irvin D. Yalom, o qual hesito em continuar pois sempre me dá sono e não passo de 1 página por noite), Eugénie Grandet (de Balzac, também não comecei a ler ainda), As Mulheres de meu Pai (do angolano José Eduardo Agualusa), Uma Mulher (do parente Pio Procópio de Alvarenga), e Virgínia Berlim (do amigo Luiz Biajoni, mas este já li duas vezes, estou na terceira!). Aproveitarei as férias para finalizar estas leituras e começar outras novas!

Inté mais ver...

Ana.

Ps.: Quebrarei aqui outra regrinha do meme proposto, ao não passar esta corrente pra frente...

10 julho 2007

Cipotânea Kingdon


Reza a lenda que nos confins das Minas Gerais, há um reino, um lugarejo mágico, com direito a castelo e princesas, chamado Cipotânea. Lá os bichos falam, as flores sorriem e o céu é mais azul. O sol das 17h doura o capim dos morros que lá se escondem, tímidos morros, envergonhados de sua condição de simples amontoados de terra, pedras e capim verde quando comparados aos morros de concreto que reinam impávidos na capital. Mal sambem eles como são belos, verdes e belos, os tímidos morros...

Uma carruagem me levou até lá, cortando a serra por veios de terra vermelha e poeira branca... No meio da noite eu cheguei, e o Rei mandara enfeitar o céu com diamantes tão brilhantes e numerosos, que meus olhos acostumados aos faróis dos carros e ao neon da cidade custaram a acreditar no que viam, teimando em piscar, fazendo brotar água salgada nos verdes lagos que me habitam. Após um grande baile, num castelo branco com luzes coloridas, o dia queria amanhecer.

Muitos dormiram antes de ir pra casa, aproveitando que as ruas do lugarejo mágico são macias como algodão, nem se importanto com os flocos de gelo que teimavam em cair como confetes num dia de carnaval. Gotas de orvalho tocavam meus cabelos, anunciando, num canto suave e anjelical, que era hora de voltar ao nosso castelo.

Como um abraço carinhoso, o sol entrou pela janela, tocando primeiramente meus pés, subindo pelas pernas e coxas, fazendo um carinho gostoso na barriga, nos braços, até chegar ao rosto, quando, então, despertei. A nobre baronesa correu para o quarto de braços abertos, me surpreendendo e embaraçando, pois eu ainda trajava meu pijama cor-de-rosa! No entanto, ela nem ligou, me abraçando, e frisando que o café-da-manhã nos aguardava.
Após o desjejum, pus-me a caminhar, acompanhada por Donária, a filha da baronesa, que conhecia tudo e todos do lugar. Afinal, não poderia ser diferente, uma vez que nascera no lugarejo e lá passara boa parte de sua jovem vida, até partir para a capital, e de lá, para o mundo. Resolvemos parar para apreciar a paisagem: o rio, os verdes morros, pequenos palacetes, o grande castelo ao fundo, a ponte de ferro...

No meio do caminho que percorríamos havia muito mato, pedras, e também, um oráculo. Era uma vaca muito sábia e antiga na região, que ruminava conhecimentos, mas nem sempre respondia quando perguntada. Queríamos passar direto, mas ela nos parou, anunciando, em voz grave, que um perigo logo a frente nos aguardava, que era melhor voltarmos. Donária deu de ombros, e eu, como boa hóspede, resolvi crer na experiência de minha anfitriã, e a segui.

Logo em frente, após ultrapassar alguns mata-burros, armadilhas para os selvagens jegues que habitam as matas do entorno, adentramos por um bosque, de pinheiros tão verdes quanto as esmeraldas mais verdes que esta Terra já viu. As sombras as árvores amenizavam o calor que subia da terra, e dava vontade de ali deitar e dormir.

No entanto... a profecia da vaca-oráculo se concretizou: vários cães armados com seus dentes surgiram no caminho um pouco a frente, ameaçando-nos caso avançássemos mais alguns passos. E agora? Meia volta, volver! E nada de correr, pois os cães eram velozes, possuiam asas ao invés de patas, e dentes afiados como canivetes. Assim que saímos do bosque, desprotegidas pelas sombras ficamos, mas o sol cegou nossos algozes que ganiram, voltando para a terra de onde saíram. Ufa, estávamos salvas!

E mais um dia se passou, outro castelo conhecemos, onde tudo era feito de milho: móveis, baús, caixas, bolsas, tapetes...


Várias carruagens desfilaram também, com suas princesas empoleiradas em seus trajes de gala.



Pequenos duendes também apareceram, e foram levados ao palco como atração da festa. Afinal, eram eles que cuidavam dos jardins floridos e dos animais do lugarejo. Trouxeram oferendas e ganharam presentes. Era uma troca, estabelecida há milhares de anos pelo primeiro Rei que conquistou a região.


E a festa continuou, todos se fartaram de milho e pipoca, numa felicidade que só teve fim na aurora da 2ª feira.



Texto e fotos: Ana.

05 julho 2007

Você tem medo de quê?


Segundo o nosso bom e velho "pai-dos-burros" (Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa), medo pode ser definido como "Sentimento de grande inquietação ante a noção de um perigo real ou imaginário, de uma ameaça; susto pavor, temor, terror. Receio."
Conheço gente com tudo quanto é tipo de medo: escada rolante, imagem de santo, prova de matemática, altura, gato preto, água fria, assombração, até da própria sombra!

Certa vez, uma amiga minha recusou-se de subir até o 19º andar dentro da claustrofóbica caixinha metálica (palavras da própria, mas podem chamar de elevador) do prédio da Av. Afonso Pena nº 1500, para assistir minha apresentação de Ballet no Teatro Casanova... Subiu os 19 andares de escada! E haja fôlego, pernas, paciência para chegar 1 hora antes do espetáculo, e vontade de me ver dançando, não é mesmo? Isso é que é amiga!

Mas agora falando sério, qual mal pode te acontecer dentro de um elevador? Tirando a estranha sensação de claustrofobia que emerge dentro de nós em ambientes pequenos e fechados, o que mais de tão horrível poderia ocorrer? Se ele travar, morrer sem ar você não vai, pois até que o oxigênio acabe, alguém já terá percebido que o elevador está parado em algum andar, e já terão sentido a sua falta também - ou ainda, terão ouvido seus berros. Despencar ele não vai – pelo menos é muito pouco provável, tendo em vista os fortíssimos cabos de aço e mecanismos de segurança que tais equipamentos são dotados... Então, qual é o problema?

O mesmo ocorre com o infundado medo do escuro... Por que toda criança morre de medo da ausência de luz? Afinal de contas, dentro do útero de nossas mães não existia eletricidade, e nos virávamos muito bem sem ela. Todo mundo já sabe que não existe "Bicho Papão", e mesmo se existisse, ele não iria aparecer assim, do nada, só porque está escuro... Aliás, é uma maldade dos pais para com os filhos ficar incutindo essas idéias de monstruosidades que, teoricamente, povoam o breu.

Como boa pedestre, sei me virar muito bem caminhando pelas ruas desta cidade de trânsito caótico e má educação da quase maioria absoluta dos motoristas. Só atravesso na faixa, sou prudente, etc, mas choro de rir de algumas amigas que, por incrível que pareça, têm medo de... ATRAVESSAR A RUA! Elas me acham louca e inconseqüente, mas será que elas não exageram demais? Claro que a gente não pode confiar nos rodas-duras que andam soltos e armados com seus automóveis por aí, mas também não precisa exagerar e só atravessar a rua quando há ausência de carros! (Mesmo porque, do jeito que as coisas andam, isso é praticamente impossível de acontecer, para quem mora e ou trabalha na região mais central da cidade, ou em ruas e avenidas de trânsito intenso.)

Medo de seqüestro, violência, terrorismo, medo da fome, da miséria, medo de assalto e armas de fogo, isso sim, infelizmente, são medos plenamente plausíveis na nossa vida atual. (Medo de bala perdida nem adianta ter. Se uma dessas vos achou, meu amigo, é porque infelizmente era sua hora mesmo de ir para o beleléu.)

O pior de tudo é sentir medo dos próprios sentimentos, ter medo de assumir seus erros e agüentar as conseqüências, sentir medo de tomar a dianteira das coisas e tomar suas próprias atitudes de acordo com suas próprias convicções, medo de ser rejeitada e, por isso, não agir, medo de se apaixonar, de se envolver. Estes medos internos, psicológicos e infundados (quase sempre), muitas vezes nos impedem de viver experiências maravilhosas, conhecer pessoas interessantes, fazer novos amigos, arranjar um bom emprego, montar seu próprio negócio, etc.

Enfim, o medo de viver é o que nos paralisa... Penso que não deveria ser assim, afinal, a única certeza que podemos ter nessa vida é a morte, e essa não adianta temer, é implacável, muitas vezes injusta, noutras, tardia, mas não falha não.

A vida é uma só, não pode ser passada a limpo.

Texto e foto por: Ana.

03 julho 2007

"Intervalo"


Em meio a "res" pra lá e "res" pra cá, da Anita Garibadi, estive pensando... pensando... que... diante do "ciclo da vida", o que faz a diferença são, justamente, os intervalos desse processo a que a maioria de nós estamos submetidos. Quer saber como? Então aprenda com a Dodozitcha aqui, que tem como fiéis companheiras nos intervalos do ciclo da vida, a própria Anita e agora a a mais nova integrante da terapia de grupo - Nos Embalos do Fim de Semana... É com muito prazer que vos apresento, meus caros Leitores:
Belzictha, Raquel, Izabel, mais conhecida como Bel. Seja bem vinda Bel!!! Adoramos você!
Como já dizia... alguém: "É melhor não fazer nada na rua do que, em casa." Tento seguir esse ditado sempre. Na última sexta, eu e minha irmãzinha (que de "inha" não tem nada") estávamos na condição de desocupadas em casa durante a tarde, e resolvemos fazer uma caminhada na Praça da Liberdade, um dos cartões postais de BH. Quando chegamos lá, a preguiça de dar 10 voltas na praça perdeu a vez para um sundae de morango gigante no "XODÓ" (restaurante em frente à mesma). Sentamos, com direito a solzinho e tudo refletindo em nossa mesa, conversamos, tomamos o nosso sorvete e voltamos para cumprir o nosso objetivo inicial = CAMINHAR.
Ao atravessar a rua, nos deparamos com um banquinho perfeito que nos seduzia, chamava, manipulava, nem precisava tanto já fomos logo sentando e cochilando. Passados 20 minutos, nos aparece um Deus grego maravilhoso... brincadeirinha, era um homem, daqueles tipo "normal", nos comunicando sobre uma peça teatral que iria começar em 10 minutos no centro da praça (coreto), "O Homem da vaca e o poder da fortuna", obra de Ariano Suassuna, interpretada pelo Grupo Vozes (espetacular), foi tudo ótimo, dia perfeito, roupa confortável, sorvete maravilhoso, banco magnífico, peça teatral perfeita e a preguiça mais gostosa do mundo... Pra melhorar, um cachorro quente gigante no final... aiaiai.. Isso é que é vida, ô mané! E ficou mais feliz ainda com a chegada da noite, onde eu e Anita tivemos a excelente idéia de ir ao samba... Sem comentários, né Anita cabeção!?
No sábado não poderia ser tão diferente a harmonia do "trio maravilha", Belzinha que o diga, não é amiga?! Pra começar, eu e Anita fomos almoçar juntas, enquanto a Bel só dormia. Ah, estou esquecendo-me de um detalhe importantíssimo, tive que dar uma forcinha psicológia à Garibaldi "top secret"... Ok, depois disso caímos de boca em zilhões de massas maravilhosas, com uma pitadinha de exagero (que é a minha marca), resolvemos assistir ao filme, "Little Miss Sunshine"... Muito fofo...

Depois do filminho bateu uma "deprê básica", que não durou nem 30 minutinhos e já estavamos prontas para "Os embalos de sábado a noite", liderado pelo "Trio Maravilha" e prontíssimas para o "res" Intervalo... Pulamos essa parte, não é meninas!?

Programinha light de domingo... Caminhada ecológica, rs, no Parque das Mangabeiras e um último encontro para um lanche com boas conversas, bom humor, risadas infinitas com excelentes amigas....

Isso é que é aproveitar o "res" intervalo que, graças a Deus, existe!

IMPORTANTE: Praticar sempre! Terapia recomendada pela especialista de intervalos:

Dra. Donária Heleno. Ha, Bjos para todos meus pacientes!!!
Dod's (para não perder o costume).
Foto: Ana.

02 julho 2007

Braços Abertos

O Cristo Redentor, uma das mais belas paisagens de nosso país, símbolo daquela cidade maravilhosa, cheia de encantos mil, chamada Rio de Janeiro, está concorrendo na votação para eleger as novas "7 Maravilhas do Mundo Contemporâneo"... Vocês sabiam?
É o único representante do Brasil no concurso de um total de 21, apenas 3 estão da América Latina. Além do Cristo, também estão concorrendo: a Pirâmide em Chichén Itzá (anterior a 800 d.C.) que fica na Península de Yucatan, México; e Machu Pichu, a "cidade nas nuvens", construída entre 1460 e 1470 no Peru.
O que ocorre é que a votação termina no dia 06/07, sexta-feira agora, e o resultado será divulgado no dia 07/07, sábado, na cerimônia oficial em Lisboa, Portugal.

Sendo assim, votem no Cristo!

See you!

Ana.

VOTE CRISTO: faltando 4 dias! Todas as dicas: por cel, internet e agora por tel fixo! Confira. Uploaded by Aquarelas

Foto by: Ana.
Pintura by
Sonia Madruga.