(*) Burning Sky - Belo Horizonte/MG - Photo, Art: Ana.
Um blog sobre uai, sô, véio, contos, causos, sentimentos, pão-de-queijo, crônicas, broa-de-fubá, cinema, literatura, fotografia, arte, poesia...
* Agora em novo endereço: www.mineirasuai.com *

27 fevereiro 2008

Tsunami

Beijo

Maremoto sem razão, vem você sem explicação. Nem me pede licença pra chegar, invade arrombando portas e janelas, faz estardalhaço, zombaria. Me deixa tonta, irada, me joga baldes de água fria, me xinga, me aquece e ri da minha cara. Sou joão-bobo pra fazer-te rir? Sou cara-pálida pra me invadir?

Mexo e torço e quebro o copo, revido com um tiro em sua cara de pau. Pega de raspão e me tira do sério, me deixa na mão. Maremoto vai embora e me vem um tufão? Que corre e gira e revira a areia, levanta a poeira e joga tudo no chão... E caem por terra sonhos de pó de arroz e maquiagens de faz-de-conta, será que nunca mais poderei me pintar?

Preciso de um band-aid pra me curar da ressaca que a pororoca me traz. É muita reviravolta, é muita montanha-russa, é muito sobe e desce e sobe de novo, e gira e torce e puxa e volta. É muita água e muita areia prum caminhãozinho tão pequeno, coitadinho, desses que se acham os verdadeiros "formula truck" e atropelam cadilacs cor-de-rosa enfeitados de pérolas marfim. Mas no fundo no fundo, não passam de briquedinhos em mãos de crianças grandes e perversas.

Adeus maremoto insano.
Adeus pororoca sem fim.
Adeus tufão sem rumo, joão-bobo e caminhão.
Melhor é ser borboleta e ser mais leve que o ar.
Melhor é ser libélula e numa gota d'água flutuar.
Melhor é ser beija-flor e parar o tempo no ar.

Ana.
(Texto e foto.)

26 fevereiro 2008

Macabelagem

Tem Joguinho, ops, poema meu no Macabelagem...

Vejo vocês por .

Ana.

25 fevereiro 2008

Sábado de sol

É flor, é fada, é sorriso e carinho. Palhaça, circense, mágica e pé no caminho. Alessandra é tudo isso, e muito mais. Origami, artesanato, mandalas, bijoux, faz pose e figurino! Dá asas à imaginação, e com sua varinha de condão, cria e dá vida a histórias, máscaras e fantoches. A criançada adora, e quando digo criançada, refiro-me a qualquer ser humano dos 0 aos 100 anos.

Seu brilho contagia e encanta. É musa, é dança, é música e palavras, melodia sem som. Arte na veia, na vida, no olhar. Pedagoga na formação, é luz e emoção. E por alguns instantes, viramos crianças novamente. Por suas mãos viramos flor, borboleta, beija-flor, palhaços, bailarinos e atriz. Fomos fadas, fomos felizes! E de Chaplin brincamos de modelo e de cantores. Pelo jardim perambulamos, entre flores e amores. Fomos lúdicos, dádivas de um sábado sem trágicas notícias, apenas um calor aconchegante com cheiro de chuva e testas molhadas de suor e de empolgação.

Guaraná, bolacha torradinha, aconchego no quintal e recepção calorosa. Ao fim, uma cerveja gelada, bom papo, e pé na estrada. Adeus aos cactus, à menina luz. Suculentas e flores de pedra, queremos mais shows! Mandamos um telegrama e você monta a criação, espalhando sorrisos de cara pintada e pé no chão.

Ana.

Ps. 1 - Post homenagem à Alessandra Batista, do Cria.Ativos. Imperdível!
Ps. 2 - Foto: Patrícia Batista. Da esq. para a dir.: João Lenjob, eu, Alessandra Batista e Alê Quites. Maquiagem: Alessandra Batista.

21 fevereiro 2008

Brincando

Gosto de brincar que ser feliz. Me pinto e me viro do avesso. Faço chuva doce e arco-íris de mel. Enxergo passarinho verde, azul e multicolor. Falo sozinha, com o vento, rio de mim mesma, da minha cara de besta, e volto a sonhar.


Gosto de brincar de faz-de-conta, que agora eu sou rainha e meu cavalo fala japonês. O castelo de palitos de picolé é minha casa de poesia, é descanso para a mente e perfume contra chulé. Meus conselheiros mudos dizem coisas indizíveis, e todos no reino, surdos, obedecem à boneca dos olhos de cristal.

Gosto de guiar os olhos e os olhares. Me enfeito e me faço mulher. Me acompanhe se puder, sou moça fatal, encontro mortal entre o bem e a boa, cara e boca, vem me beijar.

Anoiteceu e sou gata borralheira. Virou manchete e preciso descansar. O caso é outro, não posso me atrasar. Sono da beleza me espera, jeito simples a me convencer que o melhor é fazer chover, caçar arco-íris e ouvir passarinho cantar, sino a tocar, céu a brilhar, horizonte a escutar, faz-de-conta pra brincar.

Sou feliz, tenho onde me deitar.

Ana.
(texto e foto)

19 fevereiro 2008

A maldição do banheiro feminino

Todo homem se pergunta por que as mulheres gostam de ir juntas ao banheiro. É claro que a maioria das vezes é para fofocar. No caso do meu trabalho... a gente vai é para INVESTIGAR. Para tentar descobrir quem foi a fdp que fez merda por lá. (Literalmente! )

São simplesmente revoltantes as cenas que presenciamos nos banheiros femininos, e deixo aqui registrados meu protesto e indignação! A maioria da mulherada não tem respeito nem educação. No meu local de trabalho até mesmo as faxineiras já relataram fatos horrendos. Disseram que preferem mil vezes limpar o banheiro masculino que o feminino...

O pior é saber disso e ainda assim presenciar coisas toscas... Aqui existe uma senhorita que nunca dá descarga, nem para o nº 1, quem dirá para o nº 2! Acreditamos ser a mesma que também não lava as mãos (ela sempre sai da cabine quando não tem ninguém do lado de fora aguardando e vai embora sem nem abrir a torneira pra despistar). Nunca ninguém conseguiu pegá-la em flagrante delito, apesar das inúmeras tentativas. Ela nem dá descarga, nem lava as mãos. Eca!

Será a mesma senhora porquinha que só joga o papel usado fora do lixo? Será ela que também erra na mira e faz suas necessidades no chão? Quanta porcalhada pra uma só pessoa... Minha tese é de que existem umas ogrinhas por aqui que adoram por a culpa nos outros. Cada uma é especialista numa nojeira. Enquanto há quem deixe o absorvente aberto e na vista de todos por cima do lixo, há quem deixe respingar xixi no assento do vaso e nem se preocupe em limpar. Penso se é proposital... É uma falta de respeito! Como diria Boris Casoy, é uma ver-go-nha.

Vai ver existe um carma dentro de cada banheiro feminino. Uma maldição, sei lá. Já que os pequenos cartazes pregados nas paredes não têm dado resultado, muito menos nossas infrutíferas investigações, o jeito é rezar e apelar pro santo especialista em banheiros... Alguém aí conhece algum?

Ana.

Foto retirada deste site.

15 fevereiro 2008

HOMENS: Ogro do Pântano x Troglodita Highlander

* Novo endereço do Mineiras, uai! www.mineirasuai.com *

Queridos leitores e leitoras,

Ser mulher no século XXI não é fácil, ser homem também não deve ser. Entretanto, há certos hábitos masculinos que incomodam e assustam profundamente qualquer dama moderna, antiga ou até mesmo da idade média. Isso para não dizer que qualquer uma broxa vendo isso, e cai por terra toda e qualquer possibilidade de "créu" (já que o monossílabo está na moda atualmente) no fim da noite...

Pois bem. Pensando no bem estar das mulheres que lêem este blog, no telecoteco depois do jantarzinho romântico e, é claro, na boa imagem dos machos de plantão que me prestigiam por aqui, classifiquei os homens em duas "catigurias":
  • Ogro do Pântano – este daí já é péssimo. Este homem faz tudo de nojento que quase todo homem faz e, apesar de todos saberem que isso é o cúmulo da nojeira, tais atitudes são socialmente aceitas desde a idade da pedra, infelizmente;
  • Troglodita Highlander – já este é a famosa visão do inferno. Não só faz coisas nojentas, como também consegue potencializá-las a níveis nunca dantes imaginados. Ânsia de vômito e antipatia mortal é o mínimo que pode causar em qualquer mulher normal.
Preparados? Apontados? Fogo!

- Homem coçando o saco em local público: Ogro do Pântano
- Homem coçando o saco por dentro da calça em locais públicos: Troglodita Highlander

- Homem palitando os dentes em público: Ogro do Pântano
- Homem palitando os dentes em público, porém colocando a mão por cima achando que despista alguma coisa: Troglodita Highlander

- Homem que rói unha: Ogro do Pântano
- Homem que rói unha, coça o saco, e rói unha novamente: Troglodita Highlander

- Homem com as unhas do pé grandes: Ogro do Pântano
- Homem com as unhas do pé grandes, com micose, fungos e o pé sujo e com chulé: Troglodita Highlander

- Homem com cabelinhos saindo para fora do nariz e da orelha: Ogro do Pântano
- Homem que fica tentando retirar com a pinça, na sua frente, os cabelinhos que ficam saindo para fora do nariz e da orelha: Troglodita Highlander

- Homem que arrota alto e em público: Ogro do Pântano
- Homem que arrota alto, em público, e em cima de você, assoprando na sua cara para espalhar o "cheirinho": Troglodita Highlander

- Homem que fica observando e admirando a camisinha usada na sua frente: Ogro do Pântano
- Homem que enche a camisinha usada de água e aperta, brincando como se fosse um balão: Troglodita Highlander

- Homem que usa cueca furada: Ogro do Pântano
- Homem que usa cueca velha, poída, furada e patacada: Troglodita Highlander

- Homem que não tira a meia pra transar: Ogro do Pântano
- Homem que só abre a braguilha da calça: Troglodita Highlander

- Homem que não usa fio dental: Ogro do Pântano
- Homem que passa fio dental deixando a sujeira pipocar em quem está do lado e ou come a sujeira que sai no fio dental: Troglodita Highlander

- Homem que joga a roupa usada no chão, do jeito que tirou do corpo, toda embolada e vai empilhando: Ogro do Pântano
- Homem que acha que é sua obrigação catar a roupa suja dele jogada e embolada no chão: Troglodita Highlander

- Homem que não abre a porta pra deixar a mulher passar: Ogro do Pântano
- Homem que fecha a porta na cara dela depois de passar primeiro: Troglodita Highlander

- Homem que te dá dinheiro pra você comprar o próprio presente de Natal ou aniversário: Ogro do Pântano
- Homem que simplesmente esquece e ou ignora tais ocasiões: Troglodita Highlander

- Homem que esquece o nome dos seus parentes: Ogro do Pântano
- Homem que esquece o nome dos seus parentes e ainda por cima chama todos eles de "tiozão": Troglodita Highlander

Ahhh, tá bom né? E ainda assim a gente continua insistindo...

'Té mais...

Ana.

Obs. 1: Este texto não seria escrito não fosse pela colaboração e as boas risadas dadas com minha amiga Bela.

Obs. 2: É claro que sei que não existe homem perfeito. Ou melhor, sei bem que o homem perfeito só pode ser gay. Mas não custa nada prestar um pouquinho de atenção nas próprias ações, ser mais asseado e ter mais consideração com a gata que está com você! ;-)

* Novo endereço do Mineiras, uai! www.mineirasuai.com *

12 fevereiro 2008

Concreto em flor

Saudade não se fabrica, saudade é presente no ausente, é constante, é cheio de vazio. Não é feita de tijolos de lembranças, nem de pingos de suor. É de pedras no meio do caminho, de poeira de sol, de estrelas no céu, de conta-gotas de mar. Saudade é concreta, saudade é companheira. É coisa, palpável, não se lava, se carrega consigo, como uma roupa que nunca se despe.

De vez em quando a saudade te engana, diz que vai embora. Aí fica escondida atrás da porta, só te esperando voltar da rua, pra te ver nua e exausta e frágil e sem graça. Te assusta quando te toma de assalto, pula em frente e te rouba tudo o que é mais seguro. Invade sua bolsa de pele humana, e te torna menos gente do que já é. Explode em sua cara santa um sorriso sarcástico, te nega, te condena, te oprime. É amiga dos minutos, daqueles em que não se tem nada pra fazer. É silenciosa no chegar e alarmante no ficar. É bicho, renegado, nunca se vê mas sempre te segue como uma sombra na penumbra.

Nunca vai embora? Nunca se supre? Não se substitui? Apenas permanece ali, perene, quieta, latente. Enchente nos períodos de pororoca emocional, chuvas intermitentes que assolam a região do pensar, o vale do sonhar, e o norte do estado do vagar. Até que vem a seca que te resseca por dentro, te suga as energias todas e te fazem sucumbir a ela, a saudade, novamente.

Um broto verde surge em meio à lama do rio seco. Um fio de teia de aranha se enfeita de orvalho, como um colar de pérolas no colo de uma moça da realeza. E a libélula pisca os olhos – se é que libélulas piscam os olhos – e se lembra que viver é sofrer, viver é doer, é sentir, é sonhar, é morrer a cada segundo e ressuscitar no instante seguinte ao inspirar perfume de gardênias, mel em flor e baunilha fresca!

Peço licença aos meus devaneios e me pego a caminhar por entre praças, ruas e carros. Algumas buzinas e gotas da chuva que já vem. Nem me importo. Estou na chuva é pra me molhar.
Ana.

06 fevereiro 2008

Eu vejo

Red flower

Eu vejo a pureza nos olhos da criança, vejo a vida nos olhos do idoso. Vejo quanto tempo se passou, quanto tempo vai passar. Vejo a alegria e a dor, vejo amor, vejo luz, vejo o passado e o futuro, a cavalo.

Vejo que basta uma gota de sol pra transbordar o sentimento, uma mão na mão do amigo pra debulhar lágrimas, silêncio e sorte. Vejo a chuva ao longe, chegando devagarinho, e vejo o tímido luar querendo nascer depois do sol morrer. Vejo laços se formando, me envolvendo, acalentando, laços fracos, laços de fita vermelha e branca, laços com nós, apertados nós, entre nossos mundos e fundos.

Vejo a serra ao fundo, a neblina mansa, branca massa de ar frio que me seca o cabelo e chega como fios brancos na velhice da montanha tardia. Cãs de dúvida e preocupação...

Vejo e antevejo sonhos, o amanhã que já vai chegar, a rotina a retomar. Vejo gritos e sussuros roucos, vejo beijos poucos e trabalho a galopar. Vejo um terno a se formar, termo a reciclar, eterno suspiro de uma mente a relembrar, vejo a tela, a vela, a dipirona e o colar. Vejo a gota a brotar no seio da pétala, do pêssego, do bêbado a cambalear.

E vejo como é simples o amar. Como é puro e é belo o sonhar. Vejo como é fácil e difícil ao mesmo tempo o cuidar. Vejo a vida a passar e o tempo a cacarejar.

Triiiimmmmmmmm... É o alarme a soar. O bolo deve estar assado, não pode queimar.

Ana.
(Texto e foto - Modelo: Maria Eduarda, minha priminha.)

***

Extra! Extra!


Hoje é a minha estréia no MACABELAGEM, o "blog literário" do Projeto Macabéa... Confiram, é um minutinho só! ;-)

Inté...

Ana.

04 fevereiro 2008

Arsênico na relação

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Então levantou-se, abriu a porta e, como quem não quer nada, sorriu. Sorriu como se nunca tivesse sorrido antes. Sorriu escancarando os dentes, abrindo bem a boca, deixando ver a língua bem vermelha, sentindo o bafo do último jantar - sopa de ervilha com bacon - soltando gargalhadas, uma atrás da outra, preenchendo o vazio do lugar que deixava em mim, reconhecendo em meus olhos lacrimosos a felicidade que um dia tivemos. Riu pra mim, riu de mim. Zombou de mim.
E num rompante de ódio e poder e excitação, quis correr ao seu encontro com a gana de um canibal. Queria comê-lo vivo, queria trucidar e retirar toda sua pele, queria que sofresse, e que sentisse a dor de estar me perdendo, pra sempre. Queria que reconhecesse que a culpa não foi minha, mas sim dele, o tempo todo. Gritei. Esgoelei. Joguei um vaso de porcelana em sua direção, que quebrou da quina da estante. Ele continuou rindo. Como você é ridícula - pensou. Pensei o mesmo, mas ao menos uma ridícula com razão, uma ridícula revoltada. E ele provocando.
Saiu sorrindo dali, como um psicopata deixa sua vítima escalpelada, maltratada, morta, esfaqueada, largada no meio do nada, sem sentir o menor remorso. Fechou a porta e não olhou pra trás. Permaneci ainda sentada na cama, chorando e vazia, com menos um vaso de porcelana. Com cacos pra catar, meus e os da peça de decoração, claro. Sem reação. Sem ninguém.
15 minutos depois o telefone tocou. Era ele. Atendi de birra, só pra ver o que mais tinha a me dizer. Logo descobri que não deveria ter perdido meu tempo. Disse que mandaria o boy do escritório trazer o meu aparelho de som e a escova-de-dentes - que estavam na casa dele - na segunda-feira. Mandei-o tomar naquele lugar.
(Um vidro de arsênico até que cairia bem numa hora dessas. Mas não, ele não merecia isso tudo.)
Liguei pro carinha da academia e combinei uma caminhada em volta da lagoa. Lavei o rosto, respirei fundo, e lá fui eu. Renovada, remarcada, remoída, re-amada.
Ana.
(texto e foto)
Ps.: Para minha amiga M.

01 fevereiro 2008

João Lenjob: Aborto – Sim ou Não?

Não me perguntem minha opinião sobre o texto abaixo... João sempre foi polêmico, ele é isto e não se fala mais nisto! Quem viver... lerá. (ou não.)

PPJL

Aborto - Sim ou não?

Mais uma crônica de vínculo totalmente social e realmente necessária. Desta vez o aborto é o tema em atividade. Pouco se noticia da importância e o método utilizado por aqueles que usam desta prática. O que realmente deveria ser observada é a causa que leva a essa atitude e a qualidade, segurança e forma como é praticada.

Polêmica ou não, abortos são freqüentes em todo o mundo e por dois critérios, muito preocupantes. Primeiro, o poder aquisitivo da mãe e eventualmente do pai, deixando relevante que na maioria absoluta das vezes a decisão acaba sendo materna. Ninguém cria filhos de graça, pois além do enorme desgaste físico, o custo é alto, a ajuda do governo mínima e nem sempre a família pode ou quer permanecer junto, o que torna significativa o segundo critério: quando os pais (ou um deles) não aceitam o filho por efeitos sociais ou até por vaidades. Mesmo que este ocorra num menor número de vezes, deixa claro que o problema é grave.

A sociedade brasileira em geral não foi educada a administrar o vínculo familiar, quase sempre a gravidez vem por um "decreto" chamado "acidente", o que torna a concentração e formação do lar comprometida e prejudicada. Por quem? Por todos! A partir do momento em que existe uma relação sexual, os executores devem se atentar ao cuidado e à possibilidade do inesperado. Considerá-lo um acidente é a maior falta de respeito ao ente que os próprios criaram. Isto se chama covardia. Por outro lado, a proibição do aborto por leis, iniciativas cruéis de autoridades e pior, pelas religiões... é complicado.

Como anteriormente descrito, o problema é de todos. Como é proibido no Brasil, o retrato do grande preconceito velado, o aborto - em sua quase totalidade - é clandestino, os "profissionais" que cometem esta experiência médica, como agem fora da lei, não têm recursos adequados, modernos e seguros para tal função, o que o torna ainda mais perigoso, traz riscos a saúde do filho e da mãe, e moralmente vincula os familiares e pessoas próximas.

O que para uns é um homicídio, para outros um erro convencional do excesso de conservadorismo humano. As leis não poderiam jamais ser generalizadamente aplicadas, porque tendo a visão do lado financeiro e/ou aquisitivo, tal morte viria depois; quando não vem, acontece a vergonha de crescer com a alimentação limitada, sem educação digna e sem o menor preparo emocional para encarar a vida como necessariamente é preciso. Coerente mesmo seria abraçar a temática apurando o que seria melhor para a sociedade.

O que é fora da lei é colocar em risco a vida de um filho. Perante a sociedade, o risco, além do filho, é também da mãe. Que abortem as leis.

João Lenjob *
Comunidade no orkut.

* João escreve aqui às sextas-feiras, quando dá pra esta editora aqui se organizar para publicar algo... Ultimamente tem sido difícil até vir aqui ver o que está rolando, quanto mais postar algo... E que venha a polêmica! Comentários! Queremos comentários! rsrs