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02 março 2005

Desejo hedonista

Sem dúvidas este é o século em que as pessoas mais vivem em busca de prazer, desligando-se um pouco da vida material.
Antigamente este privilégio era dado apenas aos ricos, ricos não, milionários! Hoje em dia, o hedonismo não é mais privilégio de meia dúzia de nascidos "com a bunda prá lua". Ele já é costume da classe média mundial. Basta vontade e também um pouco de dinheiro (pois tudo pode ser pago em suaves prestações) para se ter a arte de cultivar o prazer.
O crescimento do hedonismo decorre da geração do "eu mereço".
Eu mereço uma vida boa, tranqüilidade, um dia de paz, massagens relaxantes, terapias, escutar músicas agradáveis, conversar com pessoas legais e interessantes, rir à toa"(...) eu quero uma casa no campo do tamanho ideal, pau a pique, sapê (...) onde eu possa guardar meus amigos, meus discos e livros e nada mais..."
A Revista Época desta semana, nº 354, traz o prazer como matéria de capa, como o bem supremo da vida, o qual possui adeptos que, mesmo sem nunca ter ouvido falar de seu maior defensor, o filósofo Epicuro (não me perguntem de que época é este filósofo), estavam dispostos a colocar sua teoria em prática. Todas as épocas tiveram bon-vivants que não pouparam dinheiro para comer, beber, viajar, ter amantes e dar festas. Mas a atual geração é que mais sabe aproveitar os prazeres.
Gostar e apreciar vinho está na moda, interessar-se por gastronomia também. Fazer massagem é um direito que as pessoas se dão com freqüência, haja vista o tanto de spas que se tem notícia todos os dias, não só com fins de emagrecimento, mas de proporcionar grande relaxamento às pessoas.
Ai quem me dera passar alguns dias num spa, por conta do ócio... sem pensar em nada... sentindo o cheiro do dia, o calor do sol, adorando o simples fato de viver!
Na busca por uma vida que parece com um filme ou uma novela, as pessoas vão atrás de cenários perfeitos, querem unir o charme de uma praia deserta com o conforto de um hotel cinco-estrelas. Aproveitar a vida, sentir-se bem é o maior desafio e a melhor conquista!
Vera Aldrighi, da Vera Aldrighi Clínica de Comunicação e Marketing diz que "Atualmente é mais importante ser que ter. É mais bonito alguém dizer que entende de vinho que trocar de carro todo ano. As pessoas estão revendo o que vale a pena, valorizando o prazer, o tempo. Muitos profissionais preferem ter mais férias a mais dinheiro."
Eu concordo plenamente com ela. Muitas pessoas já não se importam tanto em poupar dinheiro e adquirir bens exorbitantes e exóticos, mas preferem gastar o dinheiro que ganham com a sua autogratificação. A tradicional ética protestante, que previa poupar primeiro para gastar depois, já não tem mais vez. Tudo bem que devemos sempre pensar no futuro, não podemos esquecer que amanhã seremos velhos, aposentados e que a previdência social no Brasil e no mundo vai de mal a pior. Mas aproveitar a vida AGORA é o ideal!
Estamos no fim da mentalidade patrimonialista: melhor ter viajado para cem países que ter um apartamento maior. E diga a verdade, como é bom desfrutar das delícias de um bom restaurante, tomando um vinho delicioso, num país novo, ouvindo uma música clássica ao fundo ou mesmo nossa Bossa Nova, com Vinícios e Tom... ai que vontade, ainda mais neste dia de chuva fina que está em BH...
Não é raro ver as pessoas buscando prazeres e momentos especiais e aproveitando ao máximo novas experiências. Isso porque, apesar de uma vida tumultuada de coisas para fazer, as pessoas estão carentes de autogratificação. Trabalham demais, estão sujeitas à violência, seus relacionamentos vão mal e elas ainda pegam trânsito. Isso tudo "ninguém merece". Mercemos carinho... Às vezes o apoio que não se recebe do chefe, do marido/esposa ou dos filhos, busca-se na comida, na bebida, nos perfumes gostosos, no prazer de escutar uma música...
O que importa é o bem-estar, e sou adepta a ele. Desfrutar o melhor da vida, tudo como se fosse o último dia... só com PRAZER!

Beijos Lú