(*) Burning Sky - Belo Horizonte/MG - Photo, Art: Ana.
Um blog sobre uai, sô, véio, contos, causos, sentimentos, pão-de-queijo, crônicas, broa-de-fubá, cinema, literatura, fotografia, arte, poesia...
* Agora em novo endereço: www.mineirasuai.com *

22 dezembro 2008

Presente, Passado e Futuro

Presente, Passado e Futuro

(Texto e Foto: Ana.)


Obs. 1: Clique no cartão para visualizá-lo em tamanho maior.

11 dezembro 2008

Síndrome

Milagres

Caderno aberto, caneta na mão. E eu lá, quieta, esperando... Esperando...

Aguardo um milagre... Um acontecimento? Não, apenas algo (ou alguém) passando por mim que me faça transcorrer impulsos nervosos do cérebro à mão. Fotografias mentais, palavras rebordadas, desenhadas, escorrerão de minha pena preta, juro.

Temo não conseguir chegar a lugar nenhum, o que está por vir, inesperado, fatal. Tremo um bocado, mas teimo em continuar. Padeço da cegueira do mundo estranho, do ninho de espinhos.

E no momento em que todos somem, não há nada pra me deter. E o que se fala ao meu redor não importa mais. Não há fronteiras, sons. Apenas um vácuo na existência. Sou matéria exposta, sou intempérie, fratura que dói, sou lágrima que não escorreu, sou o amor que ainda está por vir. Sem exclamações. Zen.

(Sinto pena de mim, por não poder me ver agora, momento único entre a síndrome da folha em branco e a síncope de criação.)

Agradeço à reciclagem, à folha parda, à ponta de aço que roça sobre o papel, deixando rastros de tintura e emoções à superfície da margem.

Rezo em transe sobre o caderno que abriga parcos sentimentos em pautas azuis. Dois pontos:

-- Palavras cruas são vírgulas fora do lugar.

Reticências. Um dia, quem sabe... Virarei a página.

Eterno recomeço.
Caderno aberto, caneta na mão. E eu lá, quieta, esperando... Esperando...

Ana.

(Texto e foto por Ana Letícia.)
***

Já que o Natal está chegando (e o meu aniversário também - dia 21!!!), não custa nada dar uma passadinha na minha lista de desejos, e abrir a mão um tiquim, né? ;-)

01 dezembro 2008

O vírus

Bug

E se o amor fosse um vírus, já estaria contaminada. Infectada, sintomática, febril e delirante. Os sintomas se manifestariam e irradiariam pelos cabelos jogados ao vento, suspiros soltos pelo ar.

O desejo se manifestaria: de tocar e ser tocada todo o tempo, beijar, olhar, sentir cheiro de lembrança...

E então carregaria consigo o torpor da gripe, o ardor em seu corpo torto, manchas da doença cravadas em sua alma, como tatuagens de fogo, pele de carvão em brasa, rocha derretida, exalando perfume de capim limão.

Vontade de viver, pura e simples. Significados múltiplos em singelos afazeres e tilintar de dedos e impressões digitais...

Espirraria em alegria, assoaria o nariz transbordando coriza apaixonada em seu lenço de cetim. E o fluxo de amor correria em suas veias e a viciaria para sempre, e necessitaria dele para permanecer caminhando, em relação sine qua non, como o oxigênio e a fotossíntese.

E então, o vírus arrebatador, invadiria sua mente, romperia suas senhas e segredos, descobriria labirintos de memórias nunca dantes vasculhadas, derrubaria mitos, verdades, muros de arrimo e ouro em pó.

Até que estancaria por ali, do lado esquerdo do peito, de onde nunca mais pudesse sair, expulsando de lá os restos de pedaços de órgão destroçado e embolorado que um dia existiu, tomaria seu espaço, preenchendo as lacunas em formato de coração, derramaria paixão.

Cuidado. Pode ser contagioso.

Ana.
(Ana: Texto e foto - Bug.)

***

Já que o Natal está chegando (e o meu aniversário também), não custa nada dar uma passadinha na minha lista de desejos, e abrir a mão um tiquim, né?

30 novembro 2008

TRAPICHES 2 - JÁ ESTÁ NO AR!

O segundo número da Revista Trapiches, nossa e-magazine sobre cultura, já está no ar, totalmente remodelada!

Esta é a capa:

Trapiches 2


Esperem só pra ver o conteúdo!

Acessando o site, vocês poderão ler todas as matérias, inclusive meus textos para a Revista Trapiches, nas seções:
  • "A Granel" - Matéria e entrevista com o cartunista de BH, Darío Velasco;
  • "Grãos" - Um mini-conto (Vício) e uma poesia (Escrivinhadeira);
  • "Olho Mágico" - Crônica sobre o filme Estômago, no Festival de Cinema de Tiradentes.
***

HOJE, em São Paulo, vai rolar um SARAU na Casa das Rosas (Av. Paulista, n°. 37), para o lançamento do n° 2 da Revista Trapiches, cria do Projeto Macabéa, a partir das 19h.

Banner


Até mais ler!

Ana.

23 novembro 2008

Ghost Writer

Momento lembranças...

Vestido de fita
Cintura de pilão
Flanela, salopete
Saia de balão
Sinto muito se o seu cinto
Não é fino como o meu
Se eu não fosse pequenina
Mini-saia, pés-no-chão
Me amarrava em colo teu
E subia num balão
Vestida de chita
Ou pano de chão
Se eu me chamasse Rita
Seria mais uma rima
E não uma assombração.

Ana.

[Texto e foto (de foto): Momento Lembranças...]

16 novembro 2008

Eu tenho medo de quê?

Vazio

Notícia ruim
Ouvir o que não quero
Falar o que não devo
Acidentes de percurso
Pouca luz
Muita claridade
Barata
Cheiro de vela velha
Casa vazia
Ovo podre
Esgoto
Sorrisos falsos
Abraços magros
Beijos parcos
Cozinhas porcas
Risos poucos
Gritos tortos
O mundo adormecer
E o dia amanhecer
Sem paz.

Ana.

09 novembro 2008

Lado B

Oxigênio

Às vezes tudo o que consigo fazer é parecer pior que jamais pretendi.
Ficar a 1000 léguas de distância ao fim de tudo, do lado oposto ao que pretendia estar.
Esta é a minha arte.
Mandar quando não posso mandar
Não falar quando preciso falar
Chorar na hora errada
Rir nos piores momentos
Soar estranha como um sino que desafina
Ao fim da tarde de um domingo de mormaço em seus braços.
E me pergunto: por que sou assim?
Então me diz que não estou errada
E que vai dar tudo bem
E que o mundo é pequeno demais para todos os problemas insignificantes
E é aí que eu sei que desandei
Como creme de leite que talha
Ou o leite que entorna quando ferve em demasio.
O que fazer?
Apagar o fogo, assoprar o leite e rezar
Pra espuma baixar
Limpar a ferida
Enxugar as lágrimas
E que a maquiagem não borre
Jamais.

Ana.

(Texto e foto: Oxigênio.)

04 novembro 2008

Os nossos

Balanço

Então ouvi os sons
Criança correndo, brincadeira com balão
Risos ativos, passos corridos, pique-esconde, escorregador
Então pensei
Nosso quintal
Nossos a saltar
Nossos frutos
Nossos sonhos
Nossos dias, corpos nus
Cem palavras soltas
Sem ar
Então abri os olhos.

Ana.

(Ana: Texto e foto - Balanço. Modelo: Eduardo.)

***

Extra! Extra!

Amanhã sairá uma entrevista com meu avô, o Soié do blog Ontem & Hoje, no jornal "Folha de São Paulo"!
(Sim, meu avô, de 85 anos recém completados, também é blogueiro.)

Prestigiem!!!
www.ontem-hoje.blogspot.com

Inté mais ler...

Ana.

26 outubro 2008

Sopro

Grand Jettée

A dor que te esvazia o peito, invade minh’alma.
Sinto-a nos meus ossos, o coração murcha ao menor sopro de ventania.
Tua cabeça pesada sob um céu púrpura pende para o lado e jorra pensamentos de cristal.
A minha, firme como um peão em cima de boi bravo,
se fecha num mundo de tempestades e abismo.
Ainda bem que são nuvens passageiras. E o abismo tem chão.
Tem também uma cama elástica.
Uso-a pra pegar impulso e assim vôo alto, num sopro fúcsia juvenil.Alinhar ao centroSe meu corpo virasse sol, espalharia sementes de luz por teu caminho.
Olharias pra mim?
Depois daquela curva, colherias algumas flores?
Logo mais, outras brotariam.
Viriam louros e besouros. Sapos e ferroadas.
E...
Continuarias vivo.

Ana.
(Texto e foto.)

19 outubro 2008

Duas faces

Duas faces

Se até o espelho tem duas caras, o que dizer do Valete de Ouros? Num pé só, pula do cavalo e oferece bebida ao Rei.

O bispo, horrorizado, assiste a tudo de camarote em sua torre, uma taça de espumante na mão a delirar. Sonha mundos com tapetes voadores, donzelas inocentes e anjinhos a rezar. Os mesmos que hoje em dia trabalham como peões, em tabuleiros e plantações. Erguem tijolos sobre espadas, plantam flores entre os paus. Estacas que escalam copas e servem doce-de-leite ao jantar.

Uma canastra em forma de queijo da serra se posta, meia-cura, em cima d'uma emperiquitada Lua. Derrete-se em gotas puxa-puxa pelo Sol, o mesmo que nos aquece e queima os ralos belos cabelos castanhos da Rainha, envolta em manto azul aveludado com brocais. Nem percebe a fumaça a subir, de tão boba, esnobe a cacarejar empoleirada no seu canto, contando vantagem até a saliva viscosa babar. Mas não passa de dama matreira, donzela faceira que, de tanto pular, de galho em galho, há muito já se esqueceu o que é amar.

E o valete agora, onde está? Com o Coringão, a passear. Sozinhos nada podem fazer, mas se encontrarem uma rapariga num altar de Santo Antônio a rezar, nesta colarão até que alguém os mande soltar.

Parado como um dois de paus, pasta um cavalo com o porte de um ás. Já fora um garanhão, mas hoje nem pode sonhar. Abana o rabo prum mosquito, que pede pra pousar. Um pouco de companhia é de grande valia, minutos antes de cagar a escória do mundo atrás da moita, ou na água do mar.

Ana.
(Texto e foto.)

12 outubro 2008

Duo

Café da tarde

Dia vazio.
Nó no peito, também vazio.
Alma vazia de esperanças, rasas, ralas, profundas esperanças que (des) colorem o céu de branco e preto.
Mas quando tudo é assim, pouco, o outro lado está cheio. Recheio de palavras que não vão, pensamentos que não são, hesitações manifestantes.
A vida se enche de vento e se cerca de nós emaranhados, por entre assovios e cotoveladas. Nós, abraçados, aguardamos o dia que não vem.
A alma vazia de cores e plena de sons soturnos insufla o peito... Que se retrai.
Como? Não me perguntem. Não sou especialista.
Hoje o dia amanheceu assim.
Cheio de vento.
Vazio de vida.
Bicolor.

Ana.
(Texto e foto.)

05 outubro 2008

Fui, votei e voltei

Beca dependurada

[...] Por que determinado partido recebe mais votos? Por que certo candidato é eleito numa eleição e é preterido em outras? O que muda na cabeça dos eleitores? [...]

O voto é a indicação, pelo eleitor, do candidato ou candidatos de sua preferência. Todavia, este instrumento de participação na vida política se insere dentro dos direitos políticos do cidadão, e abrange não só o ato de votar, como também o ato de ser votado, tornando-se, então, um conjunto de condições que permitem ao cidadão intervir na vida política. [...]

No decorrer da curta história do Brasil, o povo foi se colocando à margem dos destinos da Nação e assim, fez crescer uma idéia negativa de que no Brasil não são encontradas as condições necessárias para a implantação de um processo democrático verdadeiro. Cabe esclarecer que em nosso País as eleições têm sido realizadas desde a Colonização, com características peculiares em cada momento histórico.

A forma de legitimação concedida pelo sufrágio popular em outras épocas, não se fazia através dos votos dos cidadãos como se conhece hoje. Inicialmente, tal acontecia de forma indireta e em vários turnos. Posteriormente, adotou-se o sufrágio de forma direta e em turno único, mediante o prévio alistamento e sua conseqüente formação do colégio eleitoral. Em determinados momentos, admitia-se o voto censitário, expressamente autorizado na Constituição de 1824.

A renovação na democracia decorre de um exercício constante do poder de seleção. [...]

A perspectiva otimista que se apresenta no Brasil de hoje está longe de se apoiar na inteligência dos eleitores, uma vez que a lei confere aos cidadãos a apenas a capacidade natural do voto, mas não cultura e discernimento a quem não os possui de fato. Como conseqüência imediata, temos que a política se transforma em monopólio dos políticos, isto é, dos que fazem da política profissão e meio de vida. A maioria de nossos representantes, infelizmente, utilizam-se da política e do voto como um instrumento referendatário para a sua permanência no poder e consecução da sua vontade individual.

Existe um ditado popular que apregoa: “vão-se as leis aonde estão os Reis”, o que sugere que o Direito, a norma ou, no mínimo, a resposta que o aparelho judicial irá fornecer na sua missão de dirimir lides, são guiados por motivos políticos e sociais – a solução sempre poderá ser tendenciosa, poderá inclinar-se para o lado dos mais poderosos. Se verdadeiro, este fato atenta contra a consciência popular, para dizer o mínimo. Afronta os princípios constitucionais sobre os quais o ordenamento jurídico brasileiro é erigido. Na verdade, é uma afronta ao próprio direito, em um Estado de Direito. [...]

Trecho extraído da "Introdução" à minha Monografia de Graduação, apresentada em 2003 na UFMG... É rapaz, voto é coisa séria...

Vale a reflexão, né?

Ana.

21 setembro 2008

A pergunta que não quer calar

escultura de balão

-- Se o amor ajuda o artista a criar?
Não.
O amor é uma merda pra criação do artista.
O amor é uma droga que nos deixa pairando pelo ar, indo à Lua e voltando num suspirar de coração apaixonado, vagando sem tocar os pés no chão, bem lá no alto, onde não há teclados voadores, e não se alcança papel nem caneta.
Não há poema de amor correspondido.
Não há texto de coração que não foi partido, arrancado, moído, cuspido, largado.
Não há conto tragicômico quando há amor a transbordar.
Mas...
Há vida sem amor?
Há vida sem amar-te?
Há vida em Marte?
Há vida sem a mor-te?

Ana.
(Texto: Ana. Foto: Didts.)

15 setembro 2008

Ensaio sobre a ignorância

Um bom dia para pescar

Em sua ignorância, fecha a porta. Bate-a com força, e o estampido reverbera com ecos de vazio no coração, como um soar de tambores ante o precipício. Sai pisando forte, sobre folhas secas, crepitando o torrado da vida sob os próprios pés, como se matasse baratas, cobras e escorpiões que estalam vísceras vivas num piscar de olhos, num soar da sola de um All Star branco, como a cegueira de luz.

Vai embora sem nem olhar pra trás. Leva consigo um cobertor apenas (orgulho?), um par de penas de escrita em tinteiro, seu caderno de notas, mais aquele CD do Chico. Com isso, crê que a vida está completa. Mas para onde vai, se não tem janelas? Para onde leva seus pensamentos em nanquim?

Ao observá-lo, faço tempestade de rosas, pinto uma silhueta negra no céu azul. Ao longe, seguindo o caminho de tijolos amarelos trilhado por pequenos homens de paletó escuro, um pote o espera, no final do arco-íris. Não há ouro dentro dele, apenas um líquido quente e vermelho. Sangue? Não sente dor, nem cheiro de carne, não ouve gritos de horror! Nada disso. É apenas o próprio reflexo do amor que jorra de seus pulsos, a cada pulsar de pares, átrios e ventrículos.

E quando, finalmente, olha pra trás, vê que tudo permanece como deixou, em seus mesmos lugares: mamilos pelo chão, confetes pairando no ar, vapor de perfume de rosas, água quente em cachoeira. E então as lágrimas azuis se secam de imediato com as mechas de mel em camadas, que o abraçam ternamente como sempre o fizeram. O mesmo cheiro está lá, inebriante, e até o radinho de pilha AM toca uma melodia simples, a sua favorita desde então.

Decide ir embora mais uma vez, mas agora não estaria sozinho. Carregaria consigo sua casa, carregaria o seu cheiro, suas lembranças, seus livros e discos, em sua mente e seu ser, e, cheio de confiança e suspiros, caminharia por sua própria trilha de tijolos cravados de sua carne, seu suor, seu ser.

Ana.
(Texto e foto.)

09 setembro 2008

das taras que um dia eu tive

quisera eu poder contar minhas taras
meus brincos, minhas luvas
meus sapatos, cavalos marinhos
homens e cervejas e dias de folga e chocolates
quisera eu poder ter sempre uma tara a tiracolo
para usar quando necessário
noites de sexta feira e manhãs de sábado
filmes com pipoca em dias de lua cheia
beijos roubados, no pescoço
beijos proibidos, esperados
mar azul, janelas com vasos de flores
perfume de carro novo, presente bem embrulhado
bolinhas de sabão, cartas pelo correio
s
e
x
o
de manhã bem cedinho
quisera eu usar de taras bem colocadas
meias listradas em noites de inverno, choconhaque e festa junina
usar cobertor, roupa de cama limpinha e macia
dançar em volta da fogueira, contar estrelas
sentir cheiro de amaciante nas roupas, ver gotas de orvalho em pétalas de flor
toalhas fofinhas, azeitonas sem caroço
quisera eu viver numa tara só
de pôr do sol, de poemas, e de bilhetes desenhados
repassados, escondidos
viver de surpresas e de segredos ao pé do ouvido
viver pra deitar no colo
ganhar cafuné
ficar de mãos dadas e gargalhar
ouvir risada de criança e ver sorrisos sem dentes
cantos de passarinhos, cheiro de chuva, barulho de cachoeira
quisera eu poder me alimentar de taras e de sonhos
comer torresmo com limão, beber tequila e champagne
e matar a sede com coca light num copo cheio de gelo
quisera eu curar minha tara por olhares que se encontram
por paqueras
por msn
e um dia acordar e dizer
que já tenho tudo.

Das taras que um dia eu tive


Ana.
(texto, fotos e montagem.)

Originalmente publicado no M.A.C.A.B.E.L.A.G.E.M em 17 de abril de 2008.

05 setembro 2008

Xis

Fecha os olhos

Chiado miado contido
Chia no meu rosto
Roxo
Chega chorando
Chama por mim
Chia
Quer chantagem
Chiado manhoso
Manchado
Clama por manchetes
Chama por coquetes
Xinga a chuva
Sai na rua
Café com chocolate
Chope e chimpanzé
Chispa chiando
Chega a hora
De ir embora
Tanto chiou
Caiu
Chorou
Coração ficou
Chamando por ti.

Ana.

(Texto e foto.)

26 agosto 2008

5,000 minutes

(Para ler a versão em Português, clique aqui.)

Fibras

Taste of honey and raindrops
Smell of country flowers and wet grass
My home land calls my name
Written in small petals
By golden dew drops
Like metal medals floating on your blue and white sea

To the long talks I’ll toast
To the long kiss I’ll say
5,000 minutes isn't enough
5,000 kisses is what I want
Each night
Each sunlight
Until the wind sweeps the soul
And the moon whispers cold and silver words
And the night pops out of your dreams

Until then
Bright and calm I'll lay in your arms
A little bee bug crying for one drop
Just a small taste
Of honey…

Taste of honey...
Tasting much sweeter than wine.

Ana.
(poem and photo)

17 agosto 2008

Monotemático

(UPDATED!)

Mono-folha

Monotonia, monocelha, monocromático, mononucleose.
Monografia.
Isso sim eu poderia escrever.

Sobre como a vida dá voltas, sobre como o mundo é pequeno
E as coisas podem ser ironicamente deliciosas.
Sobre como é bom dormir e acordar
E como são novas as sensações
Tudo é antigo e ao mesmo tempo muito novo
Sobre como o tempo passa rápido e não quer parar
Um segundo.

(E eu não quero que pare. Pois agora que comecei, vou até o fim.)

Escreveria
Sobre o chiado, os cachos e o cheiro misturado.
E sobre corpos colados, carinhos
Sobre conversas
Choros e risadas
Gargalhadas entre beijos mudos e abraços surdos
E a cegueira pro resto do mundo.

Mas este texto monotemático chega ao fim.
Porque você já sabe disso tudo.

E prefiro guardar o resto todo só pra mim.

Ana.
(Texto e foto.)

:. UPDATE 26/08/2008 .:

Obrigada Grazi e Three Love's pelos "Selo de Garantia" e "Prêmio Blog com Dardos", respectivamente!


12 agosto 2008

Time = Tempo



Desliga o despertador
Isola
Joga fora
Apaga o celular
Manda pela janela
Faz o tempo parar!

Ana.

"And you run and you run to catch up with the sun, but it's sinking
And racing around to come up behind you again
The sun is the same in a relative way, but you're older
Shorter of breath and one day closer to death"
(
Time - Pink Floyd)

28 julho 2008

Parou, olhou, chutou...

Ignorância venenosa é pior que picada de cobra.

Prefiro as respostas imediatas às pensadas, medidas, dosadas. Mesmo que sejam apenas 45 segundos, estes seriam os mais demorados da minha vida. Não sei o significado que um procrastinador daria pra eles, mas com certeza não seria o de ignorar. Contudo, eu ainda constataria, com enorme certeza, que este sim seria o raciocínio mais rápido do mundo para se escolher meticulosamente palavras em doses pilulais, como remédio de criança, como paracetamóis de ação prolongada. Quando o que eu precisamente desejaria seria um tapa logo na testa, uma rajada de vento gelado e cortante, uma bolada no travessão, nos acréscimos da prorrogação.

Não pense que homeopatia não dói. É sim, muito doloroso engolir verdades comprimidas, cápsulas de português bem falado misturado com lágrimas veladas em glóbulos. Assim como dói agarrar boladas chutadas ao léu, tomar balas perdidas ou escarros de escárnio, gotículas de própolis pura em ferida aberta.

Mas a madrugada fria que me congela o pensamento traria consigo a ignorância e a certeza de que o assistiria parar na marca do pênalti e pensar. E desta vez, não seriam 45 segundos apenas.

E então, aos 46 minutos do segundo tempo, o árbitro apitaria, erguendo o braço, e depois o apontando ao centro do campo.

Fim de jogo. Um a um.

(Uma maca aparece campo adentro e encontra um coração despedaçado, juntando delicadamente cada retalho, a costurar com a delicadeza de rendas de bilros. Após três meses de fisioterapia, jogará novamente.)

BH_ 124

Ana.
(Texto e foto.)

15 julho 2008

E a vida?

Cirque du Soleil

E a vida o que é?
É palhaçada ou não é?
É brincadeira ou não é?
Tem cambalhota?
Tem sim senhor.
Tem marmelada?
Tem sim senhor.
Tem piruetas, palco iluminado, trapezista?
Dançarinas, mágico, alquimista?
Tem bicicleta morro abaixo...
Tem cachoeira jorrando
Mágoas...
Tem gente se aquecendo
Luar...
Tem curvas, montanhas
Russas
Círculos concêntricos
Viciosos...
Tem amor.
Tem sabor.
Tem ódio.
Tem fantasia.
Tem alegria.
Diga lá meu irmão:
E o palhaço o que é?
É ladrão
De coração
De mulher.

Ana.

(Texto e foto: Ana.)

09 julho 2008

Coxos

Para mudar a sua história...

Decrépitos, feios, sujos, leprosos, carregadores, catadores, maltrapilhos, mendigos, moradores de rua, periféricos, mancos, discriminados, renegados. A caminho da rodoviária, vejo-os todos, em seus trapos, carros de tração nas duas pernas.

Cobertor paraíba e travesseiro de pedra, em seu papelão de abrigo... Do frio, da noite, do mundo. O mesmo que os rejeita, engole, regurgita e cospe, num gozo capital, da capital da mina geral, do ouro das entranhas minerais, de esgotos e galerias pluviais, habitam as ruas junto aos ratos e gatos noturnos. Seres soturnos, calados, impávidos e obsoletos, criaturas de carros limpos e vidros fechados, passam também.

Seguem seus caminhos, ignorando-se mutuamente, todos: decrépitos, feios, sujos, leprosos de mentes, pensamentos e idéias, que atravessam a vida de coquetéis e ternos Armani, (ul-)trajes a rigor e convites formais.
Sem olhar pra trás.

Ana.
(texto e foto)

30 junho 2008

Será que lágrimas secam?

Bem-me-quer...
[Press "play".]

Será que lágrimas secam?
Será que é muito sentir?
Quando o som da boca tua provoca um arrepio nos ouvidos meus, percorre os nervos até o cérebro e retornam num pique-repique no coração
Então é a boca minha que se seca, e o olhar meu que se molha.
E dá vontade de gritar a todo mundo:
- Pode me escutar?
E nesta mesma fração de segundo fui à Lua e voltei, saltitando por luzes e faróis, correndo de carneirinhos com medo do bicho-papão.
E ao cair na imensidão do chão teu, encontro nuvens em pó e caminho iluminado, me agarro nos cachos teus e me deixo navegar.
- Me deixa morar neste azul?
- Me deixa encontrar minha paz?
- Você, que é bonito demais: Se ao menos pudesse saber que eu sempre fui só de você, e você sempre foi só de mim...
...
..
.

Sabe por que sentir saudades é bom?
Eu sei...
...
..
.

Ana.
[Texto e foto: Ana.]
[Song: Chan Chan - Buena Vista Social Club, by Radio.Blog.Club.]

24 junho 2008

Lá: onde se quer chegar.

BH_ 009

O que fazer quando perfeito é pouco demais?
O que falar quando palavras se fazem desnecessárias, quando o silêncio faz parte, quando o peito aperta, e resta só a sua respiração?
O que fazer quando o tempo é longo demais, ou rápido demais?
O que fazer quando o alimento da alma nos sacia, e a fome aumenta ainda mais?
E o beijo que vem inesperado, sela o pacto, cala a boca que fala e a que nada diz, e prova mais uma vez que o silenciar é tão importante quanto o dizer, pois o pensar evita tanta dor...
E o perfeito é o suficiente, em seu mar de imperfeições, idéias e expectativas que ficam para trás. Novas que chegam e devem ficar. Futuro a conquistar.
E o coração dispara e aperta quando chega e quando dá tchau. E os olhos se fecham quando devem fechar, e os cachos se tocam quando devem enrolar, e a água escorre e aquece quando deve transbordar, e transborda quando deve esfriar. E o ritmo acelera quando deve cessar, e a cabeça voa para bem longe estar.
Para onde se quer chegar. Lá.

Ana.
(texto e foto)

18 junho 2008

Depois...

Bibi fonfon

Depois que tudo passa, muito tempo depois, restam as lembranças. Sendo elas boas ou más, apenas elas ficam. Não que queira mais que isso. Apenas elas já bastam. A água que passou debaixo da ponte não volta mais -- e todo mundo sabe que água reaproveitada não é própria para o consumo humano.

Você se torna mais um número na agenda telefônica. Daqueles que você ainda não apagou pois um dia na vida, outro na morte, poderá precisar de alguma coisa, que nem você mesmo consegue imaginar o que poderia vir a ser. Devolver aquele livro do Dostoiévski, talvez, ou o DVD dos Rolling Stones. Ligar pra conversar, botar o papo em dia... nem pensar! Que papo? Não existe mais papo ou notícia pra contar, acabou o diálogo, acabou a vontade de dialogar. Ficou tudo artificial demais, chato demais, na mesmice demais.

Colecionar fatos, pessoas, lembranças, mentiras, sapos engolidos, momentos. É disso que é feita nossa vida. E é isso o que acontece, depois que tudo passa. Mais um item na coleção de coisas passadas.

Você se torna mais um álbum de fotografias guardado no alto do armário, junto com todos os outros. No caso dos mais moderninhos, aos quais fotos impressas estão obsoletas, você vira uma imagem .jpeg gravada em CD’s e DVD’s de fotos esquecidos na estante, arquivos digitais que lotam as memórias dos chips das máquinas que já não são mais usadas, em pastas de computador que não são mais clicadas, abertas, expostas, lembradas. Você vira Um mero endereço de e-mail, ao qual mensagens de humor ou reflexão são enviadas -- isso quando não se trata de arquivos horrendos e piadas encaminhadas de péssimo gosto, apresentações bregas de powerpoint, dessas que você nem manda executar, manda pra lixeira direto.

Mas te esqueceram de contar que depois que tudo passa, muito tempo depois, resta você. Resta a sua vida inteira pela frente. E isso já é coisa demais. E ponto final.

Ana.
(texto e foto)

16 junho 2008

Não me canso

Não me canso

não me canso de te ver
teus olhos
tão longe
tanto amor
tanto tempo
tanta coisa
tanto faz
tanto fez
não me canso nunca
de querer
não me canso de pensar
de saber
de olhar
de sentir
não me canso
nunca
nunca
nunca
...
..
.

Ana.

(texto e foto)

13 junho 2008

Um dia qualquer

Um dia qualquer

Um dia qualquer
Te encontro
Te puxo, te acho
Debaixo da cama,
Na máquina digital

Um dia qualquer
Te colo, te seco,
No sal da tua camisa
Vermelha
Impressa
Mãos em prece
Bola de cristal

Na esquina te procuro
No mar te mergulho
No suor me acho
No teu cheiro me perco
Na tua saliva me embebedo
De água, de cachos, de rubros abraços

E quando finalmente te encontrar
Serei eu a perdida
Jogada
Caída
Exausta
Moída
De tanto procurar.

Ana.

(texto e foto)

02 junho 2008

Ouve só

Cubos

Não sei dizer
Quando é tão bom ouvir sua voz
Se apenas sinto
Ou se falo
Se te beijo
Ou me calo
Se sonho ou se peço
Que fale mais
Fale sempre, aqui e agora
O timbre
O chiado
Sussurrado, ouvido, gozado
E a experiência de te ouvir se transforma
E viver se torna
Bom.
Mais uma vez
Eu sei.
Cala a boca e ouve.
Só.

Ana.

(Texto e foto.)

28 maio 2008

Quer?

Muro

Queria ser sabida, sapiente, paciente, ouvinte, amante, displicente, penitente, santa...
Magnífica, sentimental, natural, semeada, serelepe, sensual
Sarada, sapeca, sedosa, remediante, referência, reverenda
Correr para sair do meu quadrado-ado
Queria gritar sem ser ouvida
Saber de tudo
Saber disso
Queria ser sábia
Queria ser
Queria
Quero
Quer
Eu
?

Ana.
(texto e foto)

26 maio 2008

Tudo

O NADA

Para quem quer O NADA... tudo!

Leia no MACABELAGEM, o blog literário do Projeto Macabéa.

Confira ainda o número 1 da Trapiches, a revista cultural eletrônica do Projeto.
(E aguarde novidades, pois o número 2 já está em construção...)

Ana.
(Foto by Jerico.)

21 maio 2008

Vale à pena ler de novo

O post de hoje é um pequeno conto, publicado neste blog em 27 de julho de 2007... Nunca é tarde para ler de novo.

TATO E LINE

em...

:. As melhores surpresas .:

17:30h, no ponto de ônibus. Line sai do trabalho aliviada por não ter ficado nem um minuto a mais, e posta-se a esperar o Circular 01 – Contorno, para voltar para casa. Posta-se de costas pro passeio, de pé, olhando em direção ao outro lado da rua, onde pessoas pedalam bicicletas sem sair do lugar, dentro de uma sala fechada com luzes de boate: spinning in door, na Academia Corpo em Forma. Pensa rapidamente que está cansada demais de tudo pra aguentar uma ginástica destas após o trabalho.

Tato chega com sua mochila. Encabulado e exausto, toca no ombro de Line e sorri com os olhos:
- Oi... – Ele diz, meio sem jeito... Sem saber o que dizer, o “Oi” com voz embargada foi a única coisa que ele conseguiu proferir.

Line se vira assustada, e se espanta mais ainda ao ver Tato bem ali na sua frente. O abraça imediatamente, dando-lhe um beijo estalado no pescoço, próximo à orelha. Sente seu cheiro, escondido atrás dela, próximo do cacho de seus cabelos castanhos: shampoo de camomila, sabonete neutro, cravo, canela, homem. Os mesmos cheiros que ela sentira em seus livros, seu quarto, suas cartas. Ela se lembrava...
- Ahhnn? Como assim? Não acredito que está aqui! – Exclama, deixando transparecer uma alegria incontida em seu tom de voz.

As bochechas rosadas dele não a deixam enganar, corado de timidez e felicidade, tudo ao mesmo tempo. Traz ainda um envelope murcho em sua mão molhada de suor, ansiedade que ele tenta disfarçar.
- Vim te ver... E te entregar... isto. – Estende a mão com o envelope em direção a ela, ainda encabulado, fita o chão.

Line procura seus olhos e toma o envelope. Ele levanta a cabeça e a encara, respirando fundo. Com a outra mão, ela segura a mão livre dele, gelada. O abraça novamente, emocionada. Carinhosamente, ele toca seus lábios num beijo doce e leve. Ela sempre adorou o jeito meio sem jeito que ele a beijava quando não sabia o que fazer.

Agora ela olha para o envelope.
- Está meio vazio isso aqui, heim? – Ela percebe que o envelope amarelo, apesar de aberto, estava endereçado a ela. Dentro, vê um pequeno bilhete e um selo.
- É a resposta de sua carta, Line... – Tato diz, com convicção. Ele sabia que ela reagiria desta forma, já estava acostumado com seu jeito direto de dizer as coisas, sem papas na língua. Ele gostava daquilo, pois sabia que ela era incapaz de mentir.
- Sério? Poxa, eu escrevo 11 páginas procê, e cê me responde com apenas um bilhete e um selo? – Diz ela sorrindo, com um tom de comédia na voz, só pra provocá-lo...

Ele solta sua gargalhada característica, não cai nas provocações dela, apesar de adorar aquele jeitinho meio bravinho e brincalhão que só ela possuía. Ele a entendia e adorava!
– Não, Line: o bilhete, o selo, e EU, né? – Responde ele, apertando-a novamente contra seu peito. Os dois sorriem.

Ela finalmente retira o bilhete de dentro do envelope, dobrado ao meio. Abre e vê a foto dos dois, do último encontro, impressa em branco e preto. Embaixo, a letra dele, cuidadosamente grafada com caneta de tinta preta:

AS MELHORES SURPRESAS SÃO AS QUE VÊM DO CORAÇÃO.

***

Ana.
Photo by: -gadgetgirl-

19 maio 2008

Inspiração #2

Brasília_ 119

Preciso escrever algo.
Um texto
Uma peça literária
Um poema
Uma letra de música. Um tema. Um aceno.
Quero uma frase, uma palavra interessante
Um poema pronto, desses que brotam da mente
Quando se escuta um som
Vê uma imagem
Ou observa gente comum da janela.
Não leve por outro lado, não quero vinho
Escutar nada
Não quero sentar no chão, Sentir o aroma da lareira.
Quero pena
Papel
Até caneta.
Quero fluência, escrita, falada, ouvida
Cantada.
Quero
Quietude na boca
Revolução no pensamento.
Quero a faca
A maca
O anzol
E algo que rime com demência.
Incontinência?
Penitência?
Quero filme mudo na sala de estar.
Almofada para sentar.
Pronto.
Quero acordar.

Ana.
(Texto e foto.)

09 maio 2008

Manha

Me pega de manhã e faz manha. Não quer se levantar. Solta um muxoxo e resmunga de lado. Beijo meu queixo, pingue-pongue na mesa de jantar. Tudo do seu jeito, tudo a seu tempo, pede por favor.

Roga desculpas, fala muito obrigado, voz manhosa de quem sabe o que quer. Extremos de acesso: paixão e frieza, fogo e água. Bote de jaguar, beijo colado, depois é arisco, bichinho selvagem. Distancia quando quer estar perto. Esquece da hora, da mina, não sabe lugares, caminhos, se deixa levar.

E aí magoa, depois perdoa, insiste, livre de amarras. Tensiona, pressiona, livre de pudores. Carinho, bagunça, simplicidade, teimosia, livre de magia. Pesa em seu corpo e sua consciência, ainda intacta, diz preu não guardar rancor, livre de pavor.

Amanhã vai embora, diz que me adora.
Semana que vem retorna e faz manha.
Tudo do seu jeito, tudo a seu tempo, pede por favor.

Ana.
(Foto retirada daqui.)

08 maio 2008

TRAPICHES # 1 !

TRAPICHES

Está no ar!!!

O n° 1 da TRAPICHES, a revista eletrônica sobre arte e cultura do nosso Projeto Macabéa, acaba de ser lançada! Agora vocês podem navegar à vontade pelas 22 matérias, dividas pelas seções: Grãos, A Granel, Boneca de Pano, Olho Mágico, Secos e Molhados, Presentes Finos e Perfumaria. Há de tudo um muito: entrevistas, crônicas, contos, poemas, críticas, etc... E ainda tem o Extrapiches, que traz o nosso Cais, sempre com uma seleção de 10 blogs indicados pela Revista. Se quiser, aproveite e inscreva-se no 1° Concurso Literário e mostre seu talento.

Enfim... É muita coisa!

Acessem aqui: www.trapiches.com.br, e boa leitura!

Trapiches, O Poema
Por Paulo D'Auria

Trapiches trapézios entre a terra e o mar, Linha de pescar trapizongas no cosmo, Cosmopolita zurrar, Zorra no cosmódromo, Pó de estrelas, Pó de arroz, Cais do caos.

Tra-pixote chupando picolé,
Cabloco coçando o pé,
Folk-lore,
Urbs-lore,
Urblore.
Piracema tra-pirética,
Pororoca tra-pirática à beira do ar,
À beira do espaço sider-all.

Atracadouro,
Atraca ouro,
Atraca all,
All q mia,
Que late,
Que ruge,
Q-bom,
Q-boa,
Q-suco,
Garapa no quilombo,
Batucada na congada,
Jegue na jangada,
Mula desempacada.
Balaio de mico-leão listrado, de gato, de cão vira-lata na raça.

Abracadabra,
Farol que surge tra-pichando mil mega píxels no muro das idéias, Ar-chote, xote, xaxado, Achado.

Armazém, arma-cem,
Dispensa indispensável,
Trampolim fígado e rins,
Swimming pool cérebro e vísceras,
Maníaco do parque com Jack the Ripper,
Brainstorming com Bram Stoker
Destrinchando,
Reliquidificando,
Canibalizando,
Regurgitando
Engenho e arte.
Caldeirada do diabo,
Botocuda na caruda,
Mungunzá com quiabo.
A canção que Maria oferece a João.

Colcha de retalhos,
Filha de Macabéa com Jerico,
Diga ao povo que fico.

Você já leu a Trapiches, nego?
Não?
Então lê!

Ana.

02 maio 2008

A cidade que parece não ter gente

Brasília_ 202

E a cidade que parece não ter gente é a cidade dos automóveis... Porque lá ninguém anda pelas ruas...
É a cidade dos cartões postais, dos monumentos e dos lagos e eixos monumentais.

É a cidade do céu azul e do horizonte infinito, do verde mais verde e do sol causticante.
É a cidade dos narizes sofredores, da sede e da poeira.
É a cidade das fontes, dos espelhos d'água e do avião voando baixo. Ou alto. No planalto.

Nessa cidade onde o traço reto é mais curvo, e a curva é mais suave, as distâncias são medidas por eixos, e se encurtam pelo afeto.
Os abraços são mais longos e as despedidas mais indesejadas.
Os amigos são família, os cachorros são família, e a piscina é indispensável.

Umidificador de ar?

Só lá mesmo. Onde a roupa é mais seca em menos tempo, e o ponto mais alto da cidade é uma torre de tv, no meio do plano piloto.
É lá onde a igreja parece mãos em prece, os espaços são mais vazios e maiores, e as ruas não têm nomes.
É lá que o homem manda e desmanda, e ainda assim, é lá que a beleza não tem explicação.

Terra de calango. Terra de deserto, de cerrado, de terra vermelha e de grama verde.
Terra de amigos, de beleza, exuberância, diversidade, cultura.
Terra brasilis.

Brasília.
Brasil.

Ana.
(foto e texto)


- Para Bela, Lê, Paulo e curriola, Autinha, Waldir, meninos e netinha, D. Hilda, netos e bisnetos.

30 abril 2008

SOUL

Joaninha

Sou fada, sou bicho, sou alado passarinho, sou minha mente, minha alma, minha gêmea, minha sina. Joaninha, boneca de louça, coração-corpo-mente-pulsação. Quente soul... E.T?


Sou preguiça de malandro, sou Jorge na Lua nua, sou cálida noite em lago espelhada.

Sou um raio de sol a iluminar os passos do menino num domingo no pasto, no vasto mundo...

Sou Raimundo? Joaquina, Roberto e João? Sou Mariazinha e sou Pedro, que amava Tereza, que se jogou do precipício por não saber enxergar que abaixo de seus pés está o caminho, e que basta caminhar.

Ana.
(texto e foto)

28 abril 2008

8

- Saltar de pára-quedas
Afinal de contas, quem nunca sonhou em voar, em ser passarinho? Acho que deve ser deliciosamente apavorante...

- Viajar pelo mundo
Afinal de contas, viajar é bom demais. Eu amo. E faço isso sempre que posso (ou seja, sempre que o $ me permite - coisa que não tem sido muito freqüente, infelizmente...). E conhecer lugares, pessoas e culturas diferentes é sempre muito enriquecedor...

- Voltar a dançar
Afinal de contas, isso é uma coisa que todo início de ano eu falo: este ano eu volto pro Ballet. Mas nunca cumpro. Dou desculpa na falta e dinheiro, de tempo, de forma (ou excesso de formas arredondadas)... Sim, um dia eu volto pro Ballet. E pra dança de salão. E pra dança contemporânea. Promessa pública!

- Publicar um livro
Afinal de contas, nem sei na realidade se quero fazer isso mesmo. Mas acho que seria legal.

- Casar e ter filhos
Afinal de contas, quem não quer ter uma família? Com certeza é algo que nos completa, principalmente quando os exemplos por perto são tão bons....

- Fazer aula de canto
Afinal de contas, eu amo cantar mas não tenho a menor noção. E já sonhei ser uma grande cantora quando era criança! Claro que não quero ser profissional, mas acho q seria prazeroso saber cantar de verdade. (Pra mim e para aqueles que têm que conviver comigo... rs).

- Estudar arquitetura
Ou Decoração. Ou design de móveis. Ou os 3. Afinal de contas, eu sempre gostei, e admiro muito, e acho deliciosamente artístico e moderno, e me ligo nas tendências e leio e converso sobre. E sou fã do Niemeyer e de muitos outros.

- Aprender várias línguas
Afinal de contas, ninguém mais sobrevive neste mundo só com o inglês. Espanhol, italiano e francês são minhas metas mais próximas. Depois, quem sabe, uma alemão e russo? Sei não. O céu é o limite, Babel tb.

Este foi o meme a mim repassado pela Grazielle do Conjunto de Palavras. Eu deveria escrever sobre 8 coisas que tenho de fazer antes de abotoar o paletó. Parece fácil mas não foi. Sei que talvez nem tenha dito 1/10 das coisas que gostaria de fazer antes de bater as botas. Algumas são meio que impróprias para o horário/local. Outras eu tenho vergonha de dizer, de tão ridículas... Mas enfim. Acho que ninguém vai ler isso daqui mesmo! :P

A Nayra, do Transparecendo, me enviou um meme sobre os 5 livros que eu já li que eu mais gostei. Aproveito para deixar o link deste texto, de julho de 2007, no qual escrevi justamente sobre isso. Já o livro que mais odiei foi o "Mentiras no Divã", do Irvin D. Yalom, mesmo autor de "Quando Nietzche Chorou". Trust me, é péssimo. E podem me bater, pois detestei "Vidas Secas" também, do Gracilianos Ramos. Sorry, não gostei e pronto. Foi mal.

Inté.

Ana.

Ps.: Queiroz, passo a bola - ou melhor, o "meme" - pra vc. ;-)

(Photo by La Mariposa)

25 abril 2008

e...?

e a curiosidade?
e a vontade de saber o q vai acontecer?
e a ansiedade?
e a vontade de pegar o telefone e ligar?
e marcar um horário e ir?
e a vontade de ouvir?
e a vontade de ouvir o que eu quero ouvir?
e a vontade de sumir e parar de suspirar?
e o medo de surtar?
e o ódio de não conseguir parar de pensar?
e a loucura que é pensar?
e acreditar?
e não saber o que fazer?
e escolher?
e sentir?
e saber quando?
e saber como?
e saber onde?
e viver?

ah... cansei.

Ana.
(texto e foto: "vertigem")

22 abril 2008

Nada mudou...

Sem cabeça

Está tudo igual. Nenhuma nuvem fora do lugar. Nenhum suspiro de brisa a envolver, nenhuma gota salgada para afogar. Os livros continuam os mesmos, empilhados no criado mudo. Este continua imóvel e sem palavras, subserviente e submisso aos desígnios de sua concepção. A cama há muito não é arrumada, e a porta do armário, entreaberta, denota a bagunça mental em que se encontra a dona de tantos objetos cármicos e inspirados.

Estava assim quando ela se foi. Está assim quando voltou. Estará assim quando partir novamente para mais uma aventura desaventurada dos desejos, desarranjos e desenhos de caracóis e caramelos. E assim deixará seu corpo estender no tapete, e ele então flutuará por entre as nuvens, as mesmas nuvens iguais, em seus devidos lugares. E é como se o vento não ventasse... Pois se tudo igual está, o tempo não passa a lua não vem o dinheiro não basta e a noite se faz dia como que num piscar de olhos.

E é neste mesmo micro-instante que sua vida esvai. É nesta migalha de momento, neste abrir e fechar quase que imperceptível de pálpebras, que reside o valor de sua ínfima vida humana no pulsar gigantesco dos pulsos da humanidade, nos bilhões de anos de Planeta Terra.

“Mudaram as estações, nada mudou. [...]
Mas nada vai conseguir mudar o que ficou.”

(Por Enquanto – Renato Russo)

Ana.
(foto: auto-retrato "sem cabeça")

17 abril 2008

Macabelando

Das taras que um dia eu tive

T de tamanco

T de tan-tan
T de tramela
T de testa
T de "T grande"
T de T.A.R.A!

Leia você também... no Macabelagem, o blog literário do Projeto Macabéa.

... E vem aí... TRAPICHES, sua revista eletrônica sobre cultura e arte! Aguardem ...

Ana.

14 abril 2008

Meu mundo...

A natureza é exótica

O que dizer aos fracos?
É o mesmo que diria aos fortes?
É o mesmo que se faz quando cai a noite e você, calada e sozinha no escuro do seu ser, se joga na cama dos devaneios envolta num cobertor de pena, dúvida, e lamentações?
Aos fracos, uma pitada de pimenta.
Aos fortes, licor de maracujá.
À noite, um bom livro, taça de champagne e fogo para o incêndio atear.
Se sou forte ou fraca, se sou escura ou vazia, se sou um muro de auto-estima que se move em carrossel, não importa. Nada disso importa.
O meu mundo é só meu. E ai de quem quiser pisar nele.

Ana.
(texto e foto)

11 abril 2008

menino

* Novo endereço do Mineiras, uai! www.mineirasuai.com *

Menino

menino do rio
tomei esta foto como um beijo
menino do rio
teu coração é um flerte
de coisas boas e intensas
menino do rio
tome estas linhas como uma carícia
uma carinha de felicidade
um sorriso e um beijo
um queijo
um doce de leite
um afago com cafuné
menino do rio
não fiques triste
há tanto para viver
oh! menino do rio
não chores mais
menino não chores assim
menino do rio
te dou cheiro de chuva, de pão assado
perfume de baunilha e jasmim
boca, voz rouca, alecrim e aipim
frito ou amassado
você escolhe
menino do rio
eu te quero tanto
e tão bem
menino do rio
o vento gelado já vem
o que te provoca arrepios
é o mesmo que te sopra a alma
te infla de vida
e te faz viver.

Ana.

(poema + foto)

* Novo endereço do Mineiras, uai! www.mineirasuai.com *

09 abril 2008

Aonde vamos chegar?



Como se não bastasse:

1) usar salto alto e ou sapatos desconfortáveis;
2) colocar silicone, fazer lipo-aspiração, cirurgia plástica e afins;
3) usar make-up;
4) passar ácido no rosto, fazer limpeza de pele de quando em quando e ainda por cima, peeling;
5) usar roupas apertadas e ou desconfortáveis;
5) por causa do n° 4, fazer dieta pra caber nas roupas;
6) malhar - idem n° 5;
7) passar formol no cabelo pra acalmar as madeixas;
8) gastar horrores por mês pra ficar na moda, bonita, em forma, arrumada, etc;
9) ficar menstruada todo mês, com direito a cólicas;
10) ter TPM todo mês;
11) usar sutiã;
12) fazer manicure e pedicure (acreditem em mim, é um saco, dá a maior gastura);
13) depilar "as partes";
14) engravidar, carregar um bebê na barriga por 9 meses, deixando-a potencialmente flácida e com estrias, e ainda sentir as dores do parto, amamentar (vendo os peitos murcharem e caírem vertiginosamente)...
15) ser gostosa, inteligente, trabalhadora, cuidar da casa, dos filhos, do marido, pagar as próprias contas, chupar cana e assoviar ao mesmo tempo..................................;
etc etc etc etc...

Ainda me inventaram um tal batom para inchar e tornar os lábios mais quentes.... (sim, no sentido da temperatura...)
Meda disso, gentem!

E ainda ouço uma dessas hoje à tarde: "O batom é pra usar na boca, tá?"...

G-zúis! Onde vamos parar? Parem o mundo que eu quero descer...
(rs)

Becitos miles (pois este post me lembrou minha amiga Roma Dewey... por onde andará?), sem o tal batom, diga-se de passagem. ;-)

Ana.

07 abril 2008

E lá vou eu

niemeyer 184

Sou jovem, sim, pessoas passaram por mim. Sim, sou madura até demais, muitas vezes. Noutras, sou infantil como uma menina de 7 anos. Sim, sofri. Sim, vivo minha vida com plenitude. Sim, falo palavrão, e sim, me arrependo depois de proferi-los. Não, não tenho medo de errar, de jogar, de cair. Eu me levanto, eu quebro a cara, e dou a outra face.

Sim, já experimentei muita coisa, já fiz coisa certa, já fiz coisa errada. Já sofri conseqüências, já odiei, já fui odiada. Já fiz sofrerem por mim, já sofri pelos outros, sofri com os outros, já me preocupei. Não me deixo de preocupar. Preocupo-me com quem eu gosto, gosto de graça, nem sempre gosto de quem me gosta, gosto de cuidar, de ser cuidada.

Penso muito, faço muito. Sou dualidade, paixão e razão. Eterno conflito. No geral, sigo meu coração, e lido bem com isso. Ouço minha intuição, e então meu coração fala mais alto, bate mais forte, ensurdecedor. Nem sempre sigo minha intuição. Mas sei que deveria. E intuição nada tem a ver com razão. A razão é o contrário disso tudo. É lógica, fria e matemática. Definitivamente, são raras as vezes que dou ouvidos à razão. Deveria mais?

Sou jovem, sim, mas já vivi muito, nesta contradição louca entre juventude e vivência. E vivo ainda, até a última gota. Tenho esperanças infinitas. Viajo em meus pensamentos, em minhas palavras, provocadas pelas suas, pelos sons, por um telefonema, pelo sorvete, pelo remédio, por um amor Grand'Hotel.

Aponto para o céu e vôo alto.
E lá vou eu. De ponta cabeça.
Mais uma vez.

Ana.

04 abril 2008

Quero


Quero beber
Quero dormir
Quero esconder
Quero sentir
Quero amar
Quero sumir
Quero sonhar
Quero curtir
Quero espairecer
Quero sair
Quero ir embora
Quero apagar
Quero ser
Quero crescer
Quero aparecer
Quero parar
Quero descer
Quero acreditar
Quero ter
Quero querer...

Ana.

(foto e texto)

02 abril 2008

Aí tu se vira!

É... Mas está ruim pra todo mundo. Esses dias mesmo, o Pacheco virou para mim e falou:
- Mermão, me arruma 2 mangos aí preu pegar o busú, pois a situação aqui está periclitante. Emprestei um dinheiro aí pro Maneco, que ficou de me pagar hoje... Rá! Adivinha?
- Puts... Aê, toma aqui então teus 2 mangos. Mas olha, vou ter que te cobrar amanhã, senão vai fazer falta pra mim também, sacolé?
- Pó deixáááá maluco. Eu não sou o Maneco não... Aquele caloteiro...
- Hum... Aê Pacheco, e a minha irmã que pegou dengue?
- Nuoooossa... nem me fale Tão... Meu sobrinho tá de Dengue também, internado lá no corredor do Posto de Saúde do bairro porque nos hospitais não têm mais vaga.
- Pôôô... Estimo melhoras, cara.
...
E por falar em dengue... E minha mulé rapá, tá é com dengo! Outro dia deu pra querer me negar fogo, a danadinha. Tem mais de semana já que estou na seca. Ela tá é fazendo charme, porque eu não consegui tirar férias do serviço, que nem tinha prometido a ela. Dá pra acreditar?
- Aff. O pior é que dá, viu Tão. Mas lá em casa eu não deixo barato isso não. Não agüento essas manhas de mulher. Não passo falta não, sabe como? Ou eu pego à força, ou então... bem, já sabe né? Quem não dá assistência...
- É... pois é... Abre espaço pra concorrência né... hehehe E por falar nela... Tô pensando até em aceitar a proposta daquela secretária lá da firma, viu. A mulher tá dando de cima meeeesmo, maluco! Tu precisa ver. Um dia aí me deu um bombom. Até então tudo bem. No outro me levou um CD. E fica dando umas piscadinhas, sácomé?
- Sóóó... hehehehehe
- Pois é. Ontem mesmo ela foi trabalhar de saia, Pachecão, de saia. Passou rebolativa pela minha mesa uma, duas, três vezes, indo e voltando. Da quarta vez, parou na minha frente, sentou-se no tampo da mesa e ficou puxando assunto. Disse, que comprou a saia na loja tal, se eu tinha gostado, e blábláblá, que queria ir ver o filme tal.... Cineminha... Pff. Até parece que se eu sair com aquela mulher eu levo ela pro cinema! Vou levar é pra outro lugar, isso sim!
- uahahahaha! Tá esperando o quê, cumpadi? Se fosse eu já tinha mandado ver legal... Tá dando bobeira...
- Tô é esperando a grana entrar, pô! Num tá sobrando nem pro cafezinho... O carro tá na oficina e lá vai ficar. O conserto ficou caro e não tenho como pagar o mecânico. A patroa não sai da minha cola, mas também não libera nem a tarraqueta, e eu tô cheio de conta pra pagar... Tá fácil não... Vou sair com a mulher como, de ônibus? Lanchar no cachorro quente da esquina? Tenho dinheiro para pagar motel não, rapá...
- É... tá fácil não...
- Mas... fazer o quê, né?
- Fazer o quê... Viver, né, cumpadi?
- É... Sobreviver...
- Demorô...
- Já é...

Ana.

31 março 2008

Conversinhas hipotéticas (ou não)


- O que faz acordada até essa hora?
- Penso em ti, oras.
- E por quê?
- Não consigo parar de pensar naquele assunto... Não pode ser verdade...

[...]

- Agora que você já sabe de meus segredos, não pode mais rir de mim!
- [risos]
- Eu falei que não poderia rir!
- [risos]

[...]

- Oie!
- Oi.
- Tudo bem?
- Beleza pura. E aí?
- Tudo ok.
- Humm. Então tá.

[...]

- Bom dia! Tudo bem?
- Querendo ficar... Aliás, já estou quase bom. Aquela parada do triângulo amoroso do signo está dando certo, aparentemente...
- Ahn?
- É, do e-mail que você me mandou.
- Ah é? Triângulo? Então cê arrumou outra?
- Outra, como? Se nem tenho uma?
- Eu heim...

[...]

- Você me viu on-line hoje de manhã?
- Não.
- Ok... estranho...
- Nem teria como, eu não entrei no MSN de manhã.
[risos]
- Ah tá. É que acho que clonaram o meu então.
- Eita.
- Pois é.

[...]

- Estou de cara até agora com a tal história.
- Pois é.
- Eu não consigo parar de pensar nisso.
- E eu então???
- Como é possível?
- Não sei. Para mim é impossível.

[...]
Siempre que te pregunto / que cuando, como y donde / tu siempre me respondes Quizas, Quizas, Quizas
Y asi pasan los dias / y yo desesperado / y Tu, Tu contestando
Quizas, Quizas, Quizas
(Helmut Lotti - Quizas, Quizas, Quizas)
Ana.
(devaneios e foto.)

26 março 2008

Grânulos

O hoje parece eterno mas não é
O ontem parece hoje, que parece amanhã
E se o SE fosse real
Eu não seria eu, e sim Josefa
Um minuto seria eterno
E a eternidade duraria o tanto que quiséssemos.
E se o SE fosse legal
A vida seria uma latinha de sorvete
E nós... Ah! O granulado do brigadeiro...
Pergunte ao pó
Ao pé pelo caminho
Pergunte ao hoje que nem mais hoje é
Pergunte ao amanhã que nem bem chegou!
Olhe pro passado que te abraçou
Como se o SE fosse moral
E o hoje, vital.

Ana.
(texto e foto)