(*) Burning Sky - Belo Horizonte/MG - Photo, Art: Ana.
Um blog sobre uai, sô, véio, contos, causos, sentimentos, pão-de-queijo, crônicas, broa-de-fubá, cinema, literatura, fotografia, arte, poesia...
* Agora em novo endereço: www.mineirasuai.com *

28 novembro 2006

Meus queridos e velhos diários

Ontem aconteceu uma coisa muito peculiar comigo. Arrumando o meu armário (o que por si só já é uma coisa peculiar, mas esse texto não é sobre isso) eu reencontrei uma pilha enorme de agendas e de cadernos antigos de anotações, nos quais eu escrevia algumas observações sobre o dia a dia, relatava acontecimentos marcantes, idéias interessantes que surgiam do nada, fazia listas de afazeres e, claro, também registrava algumas confidências. E isso desde 1995, quando eu ainda conseguia contar a minha idade usando as duas mãos e um único pé!

Mantive esse hábito por longos anos (OK, confesso, faço isso até hoje, mesmo achando arcaico anotar coisas em pedaços de papel) e reler esses “diários” antigos sempre me marca pelas emoções que isso me desperta. Às vezes nem me lembro mais do acontecimento que motivou determinada anotação, ou sequer tenho uma vaga lembrança dos personagens de algum evento, mas na maioria das vezes os meus cadernos são hilários! Como estou boazinha hoje, resolvi compartilhar com vocês algumas das observações que me divertiram ontem.

14 de novembro de 1994
Hoje o M. me pegou brincando de barbie no quarto da minha irmã. Será que ele reparou que eu estava brincado mesmo? Disfarcei fingindo que estava só colocando uma roupinha na Cremilda para a minha irmã, mas eu tive que emprestar a MINHA barbie pra ela, o que eu ODEIO. Chato, chato, chato.

Ainda brincava de boneca mas já tinha interesse no sexo oposto. Acho que era normal, as meninas de hoje é que são precoces demais. No entanto, parece que eu estava mais preocupada com a boneca do que com o menino. Mas para o ato cruel de batizar a boneca de “Cremilda” eu não tenho desculpas

25 de fevereiro de 1995
Encontrei com o M. hoje. Ele me deu um ursinho de pelúcia (na verdade dois, porque é uma mãe panda abraçando um filhote). Pena que eu odeio esses bonecos feiosos, não servem pra nada. Vimos "Cemitério Maldito" e até que foi legal. Acho que pode até dar certo porque ele não gosta de futebol e nem arrotou depois de beber Coca-Cola.

Será que essa era a idéia que eu fazia do homem ideal? Mas eu deveria estar enganada, porque definitivamente NÃO deu certo. E eu não gostava de ursinho de pelúcia porque não ia combinar nem um pouco com meu morcego tamanho real pregado na parede do quarto (e que fazia barulho de morcego de verdade!).

05 de Abril de 1997
A partir de hoje quero começar a fazer tudo diferente. Quero ser uma nova pessoa, aquela que eu deveria ser há muito tempo. Já deveria te percebido o quanto me desviei do meu caminho!

Credo, o que eu será que eu tinha feito? Fiquei até com medo e preocupada, mas não consegui lembrar de nada específico...

12 Setembro de 1998
Saiba ter calma para decidir. Hesitar é normal. Só encontramos as respostas quando não estamos mais aqui. Agora o que vale é cumprir o seu plano, e na hora certa procurar ajuda.

Parece mensagem psicografada, mas também não lembro de ter mexido com isso em algum momento da minha vida.

16 de Abril de 1999
O fim de semana na Suissa (sic) foi legal, mas ultimamente não ando com ânimo pra essas coisas. Só fico pensando na hora de voltar pro Brasil. Será que vai ser estranho? Recebi carta da Ana hoje. Parece que ela está se divertindo na faculdade. Na verdade, todo mundo está se divertindo, só eu é que fico em casa esperando alguém escrever pra mim, o que, meu amigo, não acontece todo dia. Peguei o carteiro entregando as cartas e ele parece o Ed Harris.

Depois disso aprendi que Suíça em português é com ç. E se eu soubesse como hoje eu sinto saudade de lá, acho que teria aproveitado mais. E essa Ana que estou falando aí é a mesma do blog, viu Anita? Tenho todas as cartas que você me enviou nesse ano guardadinhas! Agora, me dirigir ao caderno como “meu amigo” é inédito! Quanto ao carteiro, ele era mesmo a cara do ator americano Ed Harris, disso eu lembro!

27 de outubro de 2000
Minhas promessas pro ano que vem são:
1) emagrecer 3 quilos
2) arrumar meu quarto (sem enfiar a bagunça toda no armário)
3) passar hidratante todo dia
4) marcar dentista
5) anotar os cheques emitidos (fazer talão!!!)
6) aprender a tocar violão
7) beber no mínimo dois litros de água por dia

Acho que vou repetir essas promessas esse ano. Até hoje a única coisa que eu fiz foi ir ao dentista!
Bela

24 novembro 2006

Todo dia

Todo dia ela faz tudo sempre igual. Acorda às 06h00min, banha-se na sua KDT, ducha bem forte e quente, o banheiro fica envolto em nuvens de vapor – é assim que gosta. Lava suas partes com seu sabonete Dove e ao final, banha-se de óleo trifásico aroma de maracujá.

Veste suas roupas de trabalho: uma calça corsário, camiseta de liganete, sandálias. Nada muito sofisticado, pois não deseja chamar muita atenção. Na bolsa preta, de couro, sempre um kit “básico” composto de batom, espelhinho, guarda-chuva, dinheiro pro táxi e emergências, uma fruta, uma barrinha de cereais coberta com chocolate, lencinho de papel e, claro, creme para as mãos e o celular.

Já está cansada daquela rotina diária, mas tem que ganhar a vida, não é? Caso contrário, como poderia viajar para Cabo Frio todo feriado prolongado e a cada 15 dias, onde passa quase metade da semana? Tinha a sorte de seu emprego permitir estes luxos, casa própria, apartamento na praia... Também, já está na praça há muitos anos, e todos já sabem de suas necessidades e horários, nem precisa dar explicações.

É dona de seu nariz; mesmo viajando, consegue controlar seus mais de 05 funcionários. Graças a eles, aumentou em muito seu lucro, e assim conquistou uma posição confortável e criou os filhos (todos tinham carros próprios e se formaram numa universidade, e ela se orgulhava disso). Hoje cada um já constituíra família e muito raramente dava algum sinal de vida. Era compreensível: durante toda a vida deles ela trabalhara para sustentá-los, o dia todo, já que o marido morrera pouco depois do nascimento da prole.

Ingere o café-da-manhã de sempre: pão integral com queijo, iogurte natural com frutas, café preto bem forte. Come bastante para agüentar a rotina matinal. Às 07h30min sai de casa e toma o táxi com o motorista habitual.

Próximo ao trabalho, pede ao choffeur para encostar o carro junto ao meio fio 3 quarteirões antes do seu destino final. Mesmo que ele fosse de confiança, ela tinha medo que descobrissem seu empreendimento. Violência, sabe como é, né? Essa onda de seqüestro relâmpago não é brinquedo não!

Anda o primeiro quarteirão já fora do carro. Agora está sozinha e segura. Agacha-se no chão à procura de algo... Após breves instantes, encontra o que procurava: um pouco de graxa de automóvel. Espalha uma mínima quantidade em seu rosto e braços. O suficiente para ninguém reparar seu bronzeado da última temporada em Cabo Frio. Hoje é quinta-feira, e é o primeiro dia que vai ao trabalho, desde a semana anterior. Está pronta.

Mais 02 quarteirões e chega ao destino. A rua está movimentada, muitos carros luxuosos passando. O sinal fica vermelho. Pronto! Pode fazer sua cara de sofrida que a ajudara nesses anos todos. Ninguém resistia a uma idosa suja e mal vestida tão cedo pela manhã. Ganhava de tudo: de moedas de R$ 0,05 a notas de R$ 100,00, marmitex, pizza, frutas. Num só dia ganhava em média R$ 500,00, isso fora a porcentagem de 30% dos seus funcionários, cada qual em seu ponto estratégico da capital.

Almoça no restaurante popular – almoço a R$ 1,00 – afinal de contas, durante o trabalho precisa manter as aparências. Muitas vezes deixam que ela coma de graça por lá. A comida nem é tão ruim, cada dia tem um cardápio diferente e saboroso, dizem até que é preparado por nutricionistas.

A tarde passa mais devagar. 17h30min: hora de largar o batente. O dia foi bom, amanhã tem mais. Sábado e domingo não! São os dias de cuidar da casa e tomar sol na sua piscina.

Entra no banheiro público, é horrível ter que dividir aquele espaço com tantos vagabundos miseráveis... Mas, fazer o quê? São ossos do ofício. Aproveita para limpar-se da graxa.

Liga de seu celular para o motorista de costume.

Entra no táxi de volta para casa.

O dia acabou.

***

Ps.: Esta é uma obra de ficção, baseada em fatos e pessoas reais. Não se assustem, qualquer semelhança com a realidade não será mera coincidência.

Ana.

16 novembro 2006

Madeleines perfeitas!


Finalmente descobri a receita perfeita de Madeleine (aquele tão famoso bolinho imortalizado pelo escritor francês Marcel Proust, ao qual eu já fiz referência várias vezes aqui).

Interessante é que a receita segue uma lógica e uma sistemática análogas à obra do escritor.

Também há um segredo na confecção das Madeleines, um segredo de perfeccionista que faz toda a diferença, assim como as longas e bem construídas frases do escritor francês (calma que eu vou revelar o segredo logo aí embaixo).

Reparem que as quantidades dos ingredientes são proporcionais, e o resultado final, pura delícia: um gostinho de infância, uma mistura singela de suavidade e sofisticação.

Deguste com chá e com a leitura do capítulo 2 do volume 1 de Em Busca do Tempo Perdido (não é a parte que fala da Madeleine, mas na minha opinião, esse capítulo constitui uma obra à parte,e sintetiza todos os leitmotivos da Busca).

125 g de açúcar
125 g de farinha
125 g de manteiga
2 ovos
2 limões (só a casca, raladinha)
2 colheres (de café) de fermento

Bata os ovos com o açúcar, até formar uma mistura clara e fofa. Acrescente a farinha e o fermento peneirados, e bata até incorporar. Acrescente a manteiga derretida e as casquinhas de limão. Deixe descansar por 20 minutos (esse é o imprescindível segredo da perfeição) e despeje em forminhas untadas, preenchendo-as até 2/3. Asse por 15 minutos no forno pré-aquecido a 220 °C , e desenforme quando ainda estiverem mornas. Rende aproximadamente 16 madeleines, mas é claro que isso depende do tamanho da forma. As minhas são pequenas, menores que as de muffin, pra vocês terem uma idéia.


Bela.

* Foto by eatzycath's.

09 novembro 2006

Mistérios da Gastronomia

Assim como todos os ramos do conhecimento humano, a gastronomia pode nos reservas muitas surpresas, pois o paladar é um dos sentidos mais aptos a nos proporcionar prazer e sensações indescritíveis.
No entanto, as surpresas proporcionadas pela gastronomia não se restringem ao sabor da combinação dos alimentos e da preparação dos mesmos. Ao contrário, a culinária pode ser muito mais surpreendente do que o singelo prazer de degustar uma apetitosa iguaria, a começar pela investigação dos ingredientes que compõe a sua guloseima preferida.
Mas, preste atenção, a surpresa da qual eu estou falando não é necessariamente boa ou ruim. Às vezes a gente simplesmente não sabe. Não entendeu? Acompanhe comigo e veja se você sabe do que são feitos ou de onde vêm os seguintes quitutes:

Pipoca Guri

Pipoca Guri é aquela pipoca doce que vem num saquinho cor de rosa choque e que todo mundo já deve ter provado, nem que seja na infância. E se não fez isso, não teve infância. Alguns acham que a pipoca é feita de arroz. Arroz? Não sei. Minha mãe diz que são feitas com milho de canjica. Eu só sei que as “pipocas” parecem molares super crescidos e tortos, mas também não sei explicar por qual razão algumas são crocantes e doces enquanto outras são duras, escuras e amargas. Porquê, heim?

Queijo Polenguinho

Na embalagem vem escrito que é queijo fundido. Fui pesquisar e descobri que o queijo fundido é “resultante da fusão de variados tipos de queijos, o que permite a obtenção, pelo calor e adição de sais especiais, de uma pasta homogênea, de grande brilho e sabor uniforme”. Pasta de queijos? Me pergunto: que queijos são esses? De onde vêm esses queijos? Para onde vão esses queijos? Sei que minhas perguntas permanecerão sem resposta, mas espero que o responsável pela indústria dos polenguinhos não tenha uma irmã como a minha cujo tênis tem o exato aroma de um queijo gorgonzola.

Cereja Maraschino

Alguns devem estar se perguntando o que é a cereja maraschino, mas calma, eu explico: trata-se daquela cereja redondinha, vermelho vivo, que geralmente é colocada em cima de sundaes e bolos de aniversário. Mas eu sei que aquilo não é cereja coisa nenhuma. Primeiro, porque a cereja maraschino é transparente, o que decididamente a cereja de verdade não é. Depois, eu amo cereja, e simplesmente odeeeeeeio cereja maraschino. Vai dizer que é a mesma coisa? Inclusive, aquilo pra mim não passa de uma bolinha de chuchu tingida e melecada de calda.

Torresmo

Acho que sei o que é, mas eu me recuso a acreditar que alguém em sã consciência possa se deliciar com pedaços de gordura e pele de porco fritos. É muito ruim para ser verdade. Alguns torresmos têm até pêlo! E o gosto indelével de borracha queimada que fica na boca? Estranho, muito estranho...

Tender

Que diabos vem a ser isso, um “tender”? Ou vocês acreditam na existência de um leitão super desenvolvido na forma de bolinha com casquinha crocante e vermelha que só dá o ar da sua graça no Natal? Pois eu prefiro acreditar em Papai Noel! Acho que o tender só pode se originar do mesmo porquinho de Chernobyl geneticamente modificado e cromossomicamente alterado usado na elaboração dos hambúrgueres daquela famosa lanchonete americana que todo mundo sabe o nome. Ou seriam os hambúrgueres de Minhocuçu? Mas espere aí, isso já é outra história...

Geléia de Mocotó

Alguém já foi numa delicatessen ou padaria e voltou com potinhos de geléia de morango, damasco, framboesa e... mocotó? Pois é, nem eu. O pior é que tal é o nome da infame substância semi-gelatinosa supostamente extraída de cascos de bovinos! Vai ver geléia de mocotó não é geléia mesmo, e só usam esse nome para enganar as criancinhas! Só sei que na minha única e remota experiência com a dita cuja descobri que tem cheiro e aspecto de pneu velho e aposto que a intragável mistura foi desenvolvida em alguma perigosa usina nuclear, talvez as mesmas dos porquinhos do Tender.

Champignon de Paris
Compramos em vidrinhos os simpáticos cogumelos que usamos em molhos, tortas, strogonoff, etc. Mas serão mesmos os champignons simples cogumelos? E mais, cogumelos de Paris? Acho que isso não passa de conversa fiada, pois os insípidos e borrachudos ingredientes são todos iguaizinhos entre si, e se parecem mesmo é com mini-clones de alguma espécie alienígena, com direito até a chapeuzinho! Alías, alguém já ouviu falar em plantação de champignons em Paris? Me engana que eu gosto!

Chips

Pra mim, isso não passa de um maligno experimento da Elma Chips. Só gostaria de saber quem teve a temerária idéia de combinar textura isopor com sabor artificial de algum queijo duvidoso, e, ainda, adicionar essência chulé antes de vender a gororoba resultante como salgadinho para crianças inocentes. Isso deveria ser crime hediondo, gente.


Isso tudo sem falar no ovo cozido que misteriosamente apresenta um tom arroxeado no limite entre clara (que deveria ser branca) e a gema. Essa anomalia geralmente é encontrada em pizzas sabor portuguesa encomendadas naquelas pizzarias de fundo de quintal, sabe-se lá porquê. E a Coca Cola? Dizem até que alguns usam para limpar motor de caminhão e desentupir pias. Bom, é melhor parar por aqui mesmo, pois já está chegando a hora do almoço.
Bom apetite para todos!

Bela

07 novembro 2006

Vamos subir Galôôôô!

Vamos subir Galôôôôô!

Coração Atleticano, ô ô...
Coração Atleticano.
Tem a força, tem a raça.
Tem a alma, desta MASSA!

Torcida


Mais fotos, aqui.
Mais torcida, aqui.
Mais textos, aqui.


Com um pé e meio na primeira divisão...

Ana.

(Lulis, foi mal, mas tive que fazer isso hj...)

06 novembro 2006

O Cavalo Livre de Tróia

Taí uma excelente oportunidade para os bloggeiros / mineiros de plantão se encontrarem:
o "filho" do meu amigo, primo (e, após muita insistência, bloggeiro) JOÃO LENJOB finalmente, e após tanta promessa, vai nascer!

O parto de "O Cavalo Livre de Tróia", livro de poemas do "Joãozinho de Nova Era", já tem data e local marcados:

08 de Dezembro de 2006, às 20h, no Teatro Casanova

Av. Afonso Pena, nº 1.500, 18º andar.

Todos estão convidados, eu estarei lá!

O Cavalo Livre de Tróia

Vejo vocês lá!

Ana.
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Belo Horizonte
João Lenjob

Em cada esquina
Uma bela menina
Me beija
Em cada beijo
Uma bela cerveja
Me ensina
Posso subir a Bahia
Brincar na Pampulha
Conhecer o Mineirão
Fazer a arte e querer ser bom
Ir ao Mangabeiras, o parque
Talvez Municipal
E correr Floresta, Lourdes, Santa Teresa
Belo Horizonte real, minha nossa, sua.