(*) Burning Sky - Belo Horizonte/MG - Photo, Art: Ana.
Um blog sobre uai, sô, véio, contos, causos, sentimentos, pão-de-queijo, crônicas, broa-de-fubá, cinema, literatura, fotografia, arte, poesia...
* Agora em novo endereço: www.mineirasuai.com *

30 setembro 2007

(No Subject)

Vontade de me esconder do mundo
Fechar a porta e a janela
E não deixar ninguém entrar.

Apago a luz e ainda está claro.
Fecho os olhos e ainda posso te ver
Seu sorriso, seu sarcasmo
Seu poder
Seu ar de vitória e sua falsidade
Nossa... Que maldade!
Falar assim de alguém que nem tem paz?

Sim, sou má
Sim, sou triste
Sim, sou feliz
Sim, sou chata
Sim, sou orgulhosa
Sim, sou bipolar
E sim, tenho você.

E acabo por aqui
Já nem tento me esconder
Não tenho mais por quê
A janela escancarou
E a chuva molhou tudo que estava guardado
Meu coração mofou.
A porta se abriu
E você entrou.

Ana.
30/09/2007.
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E por falar em poesia...
Estão todos convidados!

A Fina Flor vem a BH, com direito a café, performance, lançamento do "Mulher de Minutos" e Savassi!

Dia: 10/10/2007 - 4ª feira
Local: Alexandrina Café - R. Pernambuco, 797 - Savassi
Horário: a partir das 19h
Poesia em Movimento: 20:30h
Apoio: Mineiras, Uai!
Alvarenga Sempre
Fábrica de Histórias
Cachaça Âmbar

Ana.

26 setembro 2007

Inspiração

O desespero tomou conta de mim: não sei o quê escrever, sobre o quê falar, nada, nada, nada. Não quero falar de política, quanto menos redigir um monólogo sobre o dinheiro.

Preciso trabalhar, mas a chatice de todos os assuntos não me permite criar uma interpretação interessante e estimulante. As coisas se tornam monótonas, lentas, paralizadas, sem cores, sem vida, sem nada.

O vazio tomou conta de mim, como o vento chegou e varreu um horizonte belo... No entorno, destruição, queimadas, desabrigo, desatenção, desestímulo. Lágrimas secas que deixam vestígios de sal na fronte modificada, refletindo o brilho solar de um astro em decadência quando o ser clama por ele.

Deixo a cabeça pender para trás e respiro fundo...
Expiro de uma só vez. Abro os olhos e nada mudou.

Preciso de... Inspiração.

"Um encantamento, cuja tensão monstruosa se dissolve numa torrente de lágrimas, no qual o passo ora toma de assalto, ora se torna vagaroso, involuntariamente; um estar-fora-de-si completo, com a consciência mais distintiva de um sem-número de tremores e transbordamentos finíssimos, que são sentidos até os dedos dos pés; uma profundidade venturosa, na qual o mais dolorido e o mais sombrio não têm efeito de antítese, mas sim de condição, de desafio, como se fosse uma cor necessária no interior de uma tal abundância de luz; um instinto de relações rítmicas, que cobre vastos espaços - a longitude, o desejo de um ritmo estendido ao longe é quase a medida para a força da inspiração, uma espécie de equilíbrio contra sua pressão e sua tensão...

Tudo acontece, no mais alto grau, de maneira involuntária, mas como se fosse um tempo de sentimentos de liberdade, de incondicionalidade, de potência, de divindade...

Tudo se oferece como se fosse a expressão mais próxima, a mais correta, a mais simples...

Todas as coisas vêm acariciantes em busca do teu discurso e te adulam... Tudo o que é ser quer se tornar palavra, tudo o que é vir-a-ser quer aprender a falar contigo.

Esta é a minha experiência da inspiração; não duvido que se deva remontar séculos para achar alguém que me possa dizer: é todavia a minha."

(Friedrich Nietzsche - Assim Falou Zaratustra)

Não tenho nada a ensinar, nada a dizer. Tenho muito a aprender...

Ana.

Ps.: Ilustração encontrada em Letras ao Vento, pelo Google Imagens.

24 setembro 2007

BH 40 Graus

Hoje eu achei que iria ficar louca de tanto calor... Achei não, enlouqueci, pirei. Pois onde já se viu escrever um texto desses de uma vez?
O dia já começou atrasado: de tanto calor, esquecemos todos do despertador. Apenas o sol acordou antes, já estava quente e com raios brilhantes, postado lá no céu, alto, sorridente, zombava da gente. Ultra-violeta ou não, vou logo tratar de me proteger. FPS 30, que é para não enrubecer.
- Será que hoje vai fazer frio?
Pensei em voz alta, forçando a barra para vestir uma blusinha meia-estação.
- Tá louca? Tem chance não!
Respondeu meu irmão, revoltado por ter de ir enternado, se internar no escritório, para desenterrar 10 petições iniciais, 5 agravos e 01 embargo declaratório.
Chego ao trabalho, e por questão de 40 segundos, não me atrasei.
- Ufa! - logo pensei.
Abro o armário, e dou de cara com uma sindicância, a ser instauranda em caráter de urgência. Tenho que tomar tenência, agir com obediência, e não ter tanta implicância com tantas coisas chatas para resolver e analisar.
E de tanta água que bebi, e de tanta chatice que engoli, me deu ânsia, até incontinente fiquei, o banheiro foi meu amigo, companheiro de desidratação. Pelo menos era o local mais fresco da repartição.
- Cuidado para não pegar uma insolação!
No almoço, correria só. Chegando à academia, olho o termômetro da rua: BH 40 graus. E eu fazendo ginástica, tentando não derreter... Aproveitei para me entreter:
- Será que malhar no calor emagrece mais?
Comi correndo, voltei correndo. O banho de nada adiantou.
- Só andou dali até aqui, e já suou!?
Disse o secretário, ao me ver toda molhada, estranhando a doutora, que só anda perfumada.
E assim segui o dia, suando em cima do processo.
Espero que isso não me cause um abscesso.
Texto e foto: Ana.

21 setembro 2007

É logo ali

O texto de hoje vocês vão ler e comentar lá no MARMOTA!

"É logo ali", texto escrito a 4 mãos...

(Obra minha e da Marília Alvarenga.)

Ana.

(Foto encontrada no site: Dr. Megavolt's Hideout.)

19 setembro 2007

De conflitos, de Lua, e de paz

Eu vivo sempre no mundo da lua
Porque sou um cientista homeopata
futurista e lunático
Eu vivo sempre no mundo da lua
Tenho alma de
artista sou um gênio
sonhador e romântico
Eu vivo sempre no mundo da lua
Porque sou um aventureiro
desde o meu primeiro passo
no infinito
Eu vivo sempre no mundo da lua
Porque sou inteligente
se você quer vir com a gente
venha que será um barato
Pega carona nesta cauda de cometa
ver via láctea
estrada tão bonita
Brincar de esconde-esconde
numa nebulosa
voltar pra casa
em um lindo balão azul.

(Lindo Balão Azul - Guilherme Arantes)

Se um dia eu te quero, no outro eu te venero, te ligo, te chamo, te faço minha mulher. Dia seguinte é outro dia: posso te querer e não saber, posso te amar, mas num segundo te odiar, posso não fazer e fingir que nem percebi.

Altero minha percepção, me embriago, fico assim, leve, fazendo de conta que sou feliz. Tem gente que acredita, e então o que me aflige some como que por mágica... Mas eu sei que tudo continua ali, da mesma forma, do mesmo jeito, a mesma merda. Quanto mais ignoro, mais me desespero, e o dia seguinte vem como uma pedra, em que eu me bato, me lavo, me torturo, sofro, e carrego comigo, minha cruz.

Porque eu vivo sempre no mundo da Lua, só faço o que quero, e não na hora sua. Se quiser vir comigo, vai ter que ser assim. Não te ignoro, apenas não sei ver, agir, sorrir. Será que meu medo é de viver? E tenho mais o que fazer, porque sou inteligente, tenho alma de artista, sou um gênio sonhador e romântico, cientista, homeopático, futurista e lunático. Sou rock n’ roll, sou do mundo, sou da terra, sou do mar, sou fogo, sei o que sou, e eu vou fundo, sigo em frente, e não volto atrás.

Assim, me vou, como quem não quer nada, como alguém que nem veio. Sou um fantasma, e tu és minha fada, mas aí eu sumo, e não assumo, dou meu jeito, te engano, me envergonho, sempre me envergonho. Despeço-me com um beijo, evaporo no teu cheiro, com que me tortura e me faz sentir você.

Então vem fazer o que eu quero, vem comigo ao mundo da Lua, ser artista, inteligente, futurista e romântico. Vem viver de carona, de ar, de brisa do mar, de dor, de amor (dor de amor?)... Um momento, paro e penso: e minha pedra? Ela também vai, não pode ficar pra trás, não te quero mais. Sou conflito, sou guerra, sou paz.

Ana.

Foto: Lua-Cheia, Jornal da Poesia.

15 setembro 2007

Ruindows

Como se não bastasse a obrigação de ter que pagar por ser meros cobaias da Microsoft, como ratinhos de laboratório que gastam uma nota preta para testar os mais novos truques e ganhar míseros pedaços de ração num spa da pior qualidade, ainda temos que presenciar erros grotescos em tais produtos que somos obrigados a consumir. Digo obrigados pois a grande maioria de nós não tem grana para comprar um MAC, ou ainda não tem a santa paciência pra utilizar um Linux.

No caso que relatarei aqui, foi até bem engraçado. Estávamos no trabalho, eu em meio aos editais de licitação e processos de recursos e convênios e contratos administrativos, e minha amiga Gil - que trabalha comigo - redigia uma Nota Jurídica meio complexazinha, acerca da tredestinação, cessão de uso, doação de imóvel, trespasse, e outras questões mais de direito reais na Administração Pública. Eis que a mesma comete um pequeno deslize ortográfico, por pura desatenção. Escreveu TRESPASSE sem o primeiro "S", ou seja, digitou TREPASSE. E continuou a escrever. Eis que a mesma percebe que tal palavra fica sublinhada de verde no Word. Não percebendo de plano seu engano, clica com o botão direito do mouse em cima da palavra, a fim de verificar a sugestão gramatical do programa para a correta escrita do termo.
Vejam com os próprios olhos o "Print Screen" que eu tive que dar da tela, após os aproximadamente 30 minutos de crise de riso que nos acometeu:

Trepasse

(Clique aqui para ver a tela em tamanho original.)

Reparem que, como se não bastasse a mente poluída do técnico em informática que "alimentou" o banco de dados do programa, ainda há um erro horroroso de ortografia: "tivesse RELAÇÕE sexuais". Ora, não seria RELAÇÕES SEXUAIS!? Ou RELAÇÃO SEXUAL!?

Pois é, acho que acabamos descobrindo, sem querer, mais um bug do "Ruindows". Ou então o meu PC de casa e os do serviço são do Paraguai...

Ainda não acreditam?

Pois façam o teste no Word de vocês e depois contem aqui o que ocorreu!

Ana.

Ps.: Mais sobre horrorosos erros de português no Imprensa Marrom, aqui e aqui. Genial!

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Update!!! - 16.09.2007

- Soié está de volta... com a corda toda!!!

12 setembro 2007

Sacras Magias



SACRAS MAGIAS

Avizinha-se o tempo farto
Que tomarei seu cerne casto
Encaixar-me-ei em seu quarto
Me alastrarei por seu corpo
E por outras canduras mais

Mergulharei em sua carne
Saborear-te-ei com alarde
Lambuzarei seus contratos
Seu tato, seu mato, seu fato
E tantas agonias mais

Adaptar-me-ei a sua alma
Resgatarei sua calma
Habitarei sua história
Seus momentos de glória
E inquietas aleluias mais

Morrerei para o mundo
Num aceno profundo,
Um despontar noturno
Na mata espessa da paz
Renascerei acanhado, tolo, um bobo
De sacras magias mais.

(André Oliveira)


Ps. 1: Ganhamos este poema de presente do nosso amigo blogueiro, baiano, mineiro, paulistano, poeta, brasileiro, André Oliveira, a.k.a Jerico, pelos 03 (três) anos do Mineiras, Uai, completados em Agosto!!!
Ps. 2: Esta foto é de autoria de Víctor Manoel Nunes Silva Branco (olhares.com), que encontrei através do Google Imagens (claro!), no site Partos de Pandora. Linda, não?
Ana.

10 setembro 2007

Plano Dentário

Impressionantes são as torturas a que nos submetemos...

Como se não bastasse ter nascido mulher, quase na virada do século XX para o XXI, com o rompimento de diversos paradigmas, e vivendo os conflitos que a sociedade nos impõe, essa coisa de ser bonita e feminina, namorada, esposa, mãe, e ainda por cima, ser inteligente, independente e ter sucesso profissional, ainda temos alguns desconfortos extras.

Nem falo aqui sobre TPM, aí seria desgraça demais. Salto-alto, soutien, depilação... Está bom ou querem mais? Ainda por cima me inventaram o tal do aparelho dentário. E os exames que têm q ser feitos para colocá-lo.

Thousand Miles. Toca meu celular. É a música do despertador. 7 horas. Queria dormir mais... Pra quê fui beber ontem? Ai. Minha cabeça dói. Tenho que dar um jeito no bafo de cabo de guarda-chuva, senão o técnico da clínica vai até desmaiar. Ops! Quase caí. Sei lá, estou meio sem equilíbrio hoje. Será por quê?

Preciso de café. E água. Litros dela. Nunca mais eu bebo. Se bem que sábado tenho o casamento da "Diabárbara" com o "Fuinha" e terei que abrir uma exceção no Prosecco... E o aniversário da Delita na 3ª feira que vem e vai ser naquele restaurante especializado em champagnes e espumantes... E o show do Chapéu Panamá na 5ª... Aff! Concentração. Água, café... Anda Ana, passe uma água no rosto. Puts, que olheira... Tenho que voltar com os cosméticos da dermatologista urgente! Banho. Isso, preciso de um banho para acabar com este cheiro de álcool que estou exalando.

Alma renovada, banho tomado. Perfume ok. Escovar os dentes. Uma, duas, logo três vezes. Nem Listerine hoje pode dar conta do recado. Pego a chave do carro. Será que tenho condições de dirigir? Ai meu pé! Tropecei na porta do elevador... Agora não dá mais tempo de voltar para pegar um Band'Aid. Já estou atrasada!!!

Oba! Vaga na porta! Bem que no papel com o pedido de exame falava que tinha estacionamento para clientes. Que rua mais apertada, não são nem 8h da manhã e já está lotada de carros! E ainda por cima é rua sem-saída...

Bom dia, moço, tudo bem? Vocês têm algum convênio aí? Não, o meu é não é nenhum desses aí. Vai ter que ser particular mesmo. Quanto dá? R$ 60,00??? Meu Deus do céu... Moço, você não vai acreditar... Ou melhor, moço, você vai ter que acreditar. Hoje é sexta-feira, são 8:15h da manhã, eu fui dormir ontem às 4h, e esqueci tudo em casa. Como tudo? Uai, estou sem dinheiro e sem talão de cheques aqui. Ah, aceita cartão de crédito? Beleza então. Toma aqui o meu... Ihhh, moço, deixei o cartão na outra bolsa. Pra quê serve esta carteira vermelha aqui? Ahhhh moço, não faz pergunta difícil não! Posso fazer o seguinte: deixo minha identidade aqui e de noite passo pra pagar e buscá-la, ok? Isso, fale com a gerente... Ela deixou? Ah, que bom. Ok, aguardo você me chamar então.

É aqui que eu sento? Ai moço, está machucando minha gengiva!!! Que troço de plástico duro é esse que você está enfiando na minha boca? Ah! É a chapa pro Raio-X... Ô moço, xô te falar um negócio, está osso ficar aqui com a cabeça torta e esse trem enorme dentro da minha boca, ferindo tudo... O que é isso que está apontado pra minha cabeça??? Credo, parece uma espingarda. Ah, é o próprio aparelho de Raio-X... Pronto? Ufa! Uai, como não doeu nada? É claro que doeu, moço, esse negócio é praticamente uma faca de plástico cortando minha boca por dentro...

É pra ficar quietinha aqui nesta cadeira? Tudo bem... Se eu dormir você me acorda. É que meu olho está pesado, sabe... Dor de cabeça. Zzzzzzzzzzz...

Ahn? Ahn? Onde? Como? Ah... É você, moço... É pra abrir a boca? Isso parece um bico de pato... Tem uma gosma branca aqui moço, é nojento. Ah tá, é pra fazer o molde... Aiiii, estou engasgando! Juro que essa coisa está escorrendo pela minha garganta! Ai moço, vai demorar muito? Só mais 2 minutinhos? Aff, queria ver se fosse você com essa cola encostando na sua glote...

Moço, já está na hora de tirar?
...
E agora? Posso tirar?
...
Ai moço, tira isso, por favor!
...

Aiiiii!!! Não arranca meus dentes junto com isso não!!! Grudou na minha língua, eca, eca. Posso ir embora, né! Ah não...? Ainda tem o da parte de baixo? Aaaaaaaahhhhhhhhh!
Ana.

04 setembro 2007

Ding-dong

Não tenho pretensão de escrever um monólogo, nem sobre o amor, nem sobre a solidão, sobre decepções ou devaneios, nem sobre dinheiro, pobreza de espírito ou alma rala. Não pretendo escrever qualquer coisa com um estilo literário qualquer. Não quero livros, poemas, hinos, contos. Quero pensamentos recorrentes, reflexões, sobre coisas que simplesmente... acontecem. Quem quiser que leia.

Sou jovem sim, porém já vivenciei o amor. Houve muita e arrebatadora paixão, muita confusão, muitos pés trocados pelas mãos, porém... Sim, houve amor. Sinto coisas, muitas coisas, lindas e boas... Seria o amor batendo em minha porta? Tenho medo de atender, mas não tenho medo de viver.

Quero-o em sua ofegante plenitude, porém não sem alguns eventuais obstáculos. Eles me estimulam e instigam. Chego a pensar... Seriam eles sinais de que está tudo errado e então, eu não deveria abrir a porta? Ou apenas tentam me mostrar que o erro está em esperar demasiado antes de girar a maçaneta e deixar entrar aquele que me chama tão insistentemente? Podem ainda estar dizendo: “É isso aí... Siga em frente! Ame! Viva!”!

A vida é cheia de encruzilhadas... Sempre foi assim para mim, para nós. E não há de ser diferente. Ou sim? Os caminhos se bifurcam quando menos se espera, nos deixam sem saber o que fazer, qual decisão tomar, por onde andar: descer a montanha, passar por dentro da cachoeira de águas brancas e se jogar no precipício de nuvens de algodão-doce e corações flutuantes; ou subir aquele morro ali, nadar num profundo lago de água pura e azul de calmaria, depois atravessar a pequenina ponte de madeira de um jardim japonês e chegar numa plantação de milho e eucaliptos com aroma de lavanda e erva-doce?

Está ventando e sinto frio. A água quente provoca vapor suficiente para embaçar minha imagem no espelho. O banheiro é todo branco e brumas, agora. Fecho-me e espero, observando a água a pingar.
A pingar.
A pingar.

E a campainha a tocar.
A tocar.
A tocar.

Que horas são?

Ana.