(*) Burning Sky - Belo Horizonte/MG - Photo, Art: Ana.
Um blog sobre uai, sô, véio, contos, causos, sentimentos, pão-de-queijo, crônicas, broa-de-fubá, cinema, literatura, fotografia, arte, poesia...
* Agora em novo endereço: www.mineirasuai.com *

31 março 2008

Conversinhas hipotéticas (ou não)


- O que faz acordada até essa hora?
- Penso em ti, oras.
- E por quê?
- Não consigo parar de pensar naquele assunto... Não pode ser verdade...

[...]

- Agora que você já sabe de meus segredos, não pode mais rir de mim!
- [risos]
- Eu falei que não poderia rir!
- [risos]

[...]

- Oie!
- Oi.
- Tudo bem?
- Beleza pura. E aí?
- Tudo ok.
- Humm. Então tá.

[...]

- Bom dia! Tudo bem?
- Querendo ficar... Aliás, já estou quase bom. Aquela parada do triângulo amoroso do signo está dando certo, aparentemente...
- Ahn?
- É, do e-mail que você me mandou.
- Ah é? Triângulo? Então cê arrumou outra?
- Outra, como? Se nem tenho uma?
- Eu heim...

[...]

- Você me viu on-line hoje de manhã?
- Não.
- Ok... estranho...
- Nem teria como, eu não entrei no MSN de manhã.
[risos]
- Ah tá. É que acho que clonaram o meu então.
- Eita.
- Pois é.

[...]

- Estou de cara até agora com a tal história.
- Pois é.
- Eu não consigo parar de pensar nisso.
- E eu então???
- Como é possível?
- Não sei. Para mim é impossível.

[...]
Siempre que te pregunto / que cuando, como y donde / tu siempre me respondes Quizas, Quizas, Quizas
Y asi pasan los dias / y yo desesperado / y Tu, Tu contestando
Quizas, Quizas, Quizas
(Helmut Lotti - Quizas, Quizas, Quizas)
Ana.
(devaneios e foto.)

26 março 2008

Grânulos

O hoje parece eterno mas não é
O ontem parece hoje, que parece amanhã
E se o SE fosse real
Eu não seria eu, e sim Josefa
Um minuto seria eterno
E a eternidade duraria o tanto que quiséssemos.
E se o SE fosse legal
A vida seria uma latinha de sorvete
E nós... Ah! O granulado do brigadeiro...
Pergunte ao pó
Ao pé pelo caminho
Pergunte ao hoje que nem mais hoje é
Pergunte ao amanhã que nem bem chegou!
Olhe pro passado que te abraçou
Como se o SE fosse moral
E o hoje, vital.

Ana.
(texto e foto)

25 março 2008

100


Hoje, 25 de março de 2008, o Clube Atlético Mineiro completa 100 aninhos. Não poderia deixar passar a data em branco, afinal de contas, todo atleticano que se preze é fanático. O time pode ganhar ou perder, estaremos lá, cantando 105 minutos empurrando o time pra frente.

Caímos pra 2ª divisão, infelizmente, mas nem por isso deixamos de torcer, de comparecer aos estádios e de bater recordes de lotação nas partidas.

Quem esteve ontem na concentração em frente da sede do Galo, na virada do dia 24 pro dia 25, pôde vivenciar um pouco como bate o coração de um atleticano. E ele bate forte, bate no ritmo da torcida, dos fogos de artifício, na cadência do hino do clube que nos envolve, do grito que sai de nossos pulmões e enche o céu de BH num eco único e sonoro:

- GAAAAAAALOOOOOOOOOO!

Nos links abaixo, leiam mais sobre o Glorioso:

- "Cem Anos em Preto e Branco", primeira crônica do ano neste blog do poeta João Lenjob, em sua coluna "Prosa do Poeta";
- "Ensaio sobre o Galo", do ilustre amigo Idelber Avelar e seu texto de hoje, sobre o centenário;
- Site oficial do Clube;
- Movimento 105 minutos;
- "Ser Atleticano", do saudoso Roberto Drummond.

Ana.
(texto e foto)

24 março 2008

Eu macabelei...

Mais de 20 poetas e escritores com publicações diárias

Já macabelastes hoje?
Granulados pelo caminho a macabelar estão...
Confiram vocês mesmos.

- Macabelagem, o blog literário do Projeto Macabéa -

Ana.

21 março 2008

Vôo passarinho

Gosto de ver o mundo de cabeça pra baixo, de me sentir livre, passarinhar.

Gosto de sentir a grama nos pés, o pé no chão, o cheiro da terra molhada e o perfume de sol e de lua.
Gosto da pele morena, do ouro, do loiro, do azul, do verde, da montanha e de curvas generosas.
Gosto de sentir pétalas no ar, espuma no mar, conchinhas na areia caprichosamente colocadas, uma a uma, por uma mão invisível.
Gosto da mão invisível.
Gosto do ser e do ter. Gosto de sentir e de fazer.
Gosto do tão e do são.
Do cão, do pão, da canção na cabeça, na mesa, no bar.
Gosto de estar agora, aqui.
E de ponta cabeça vejo o céu.
E de ponta cabeça vejo eu mesma, de cabelos em pé.
E de cabelos em pé, vejo nuvens que viajam de avião, acenam e dão as mãos.
Vôo passarinho...
Vou passarinhar...

Ana.


(Foto* : La Mariposa)

* Curiosidade: Sim, sou eu a modelo da foto, fazendo um salto de ballet... O cenário é o farol de Porto Seguro, Bahia, no Centro Histórico. :-)

18 março 2008

:-)

Volto já!

Ana.

14 março 2008

De estrelas e de sonhos

Me dá uma estrela, quero sorrir. Uma estrelinha só, com pó de ouro e diamantes, sorriso de pérolas e cabeça de flor pra enfeitar. Quero a minha própria, sozinha a brilhar. Um asteróide, quem sabe, com campo de futebol e rede pra brincar.
Me dá uma rosa, quero invadir. Uma rosinha só, com perfume de encanto e gotas de orvalho. Pequenas jóias de riso e marfim, espinhos carinhosos no caminho tortuoso de seres tão minúsculos quanto eu. Uma azaléia, quem sabe, com pétalas dobradas e sardinhas cor-de-rosa a lhes enfeitar.
Me dá um carneiro, com ele quero partir. Um carneirinho só, com seus pêlos de algodão, guardado numa caixinha junto a grãos de alegria pra nos alimentar. Quero sorrisos no céu, quero noites com luar, não quero pedaços, quero gente pra contar nos dedos das mãos e dos pés. Quero brincar de sonhar, sono de criança, anéis pra enfeitar.
E quando o frio partir, e quando a chuva chegar, e quando o céu se abrir, e quando o mar namorar, quero estar aqui no ventre das folhas, no cheiro de terra suada, no sorriso estelar.

Ana.

10 março 2008

Trapalhadas e Piruetas

Vai começar!!!

Segura a onda mas se atrapalha
enrola, enrola
chega, vai, volta
aparece um e outro
mais fogo
vem bombeiro pra apagar
vem vidente pra encomendar
a alma do sujeito
o ferro
o lero
o corpo
o vento e o pó
que sopro das ventas
do faz-de-conta e do amor
que ficou pra trás.

Ana.
(poema e foto)

07 março 2008

Do alto daquele morro

(Som na caixa - para ouvir a trilha sonora, aperte o play...)




A boba, do alto de um morro, parada, eterna
Não querem saber quem ela é
O que ela sente?
Para onde vai?
O que ela quer?
E eu... dou de ombros, pego o ônibus, e assim como ela, vejo o mundo girar.
Parada e só, vejo o pôr do sol (meu momento preferido)
Penso em nuvens e ouço mil vozes diferentes,
Respondo, mas sem nunca ninguém ouvir,
E ninguém repara nela.
Olho pra mim mesma e vejo minha cabeça girar.
E a boba no alto do morro, onde passa boi, passa boiada
Passa rente ao mundo, que gira
gira
gira...

Ana.
(Texto e foto.)

05 março 2008

Paixonite

Todos os dias, tenho o hábito de descer até a portaria do meu prédio pra observar o movimento. No interior era assim, mas íamos pra janela ou pro alpendre de casa namorar, conversar, ou só olhar a rua mesmo. Aqui na cidade grande, da janela do meu apartamento - meu não, do Maurício, meu filho - é muito alto, e a copa das árvores atrapalham minha visão, que já não é das melhores.

Então um dia eu o vi. Um pouco mais jovem que eu, alto, forte. Cabelo grisalho, sempre muito bem penteados para trás. Um pão!!! Fiquei observando ele passar por mim e, para minha surpresa, chamou-me pelo nome!!!
- Maria!
- Oi... Sorri, meio sem graça, com as faces rubras.

Ele passou. Atravessou a rua e entrou no prédio da frente. Então ele morava ali! Passei a esperá-lo todos os dias. E sempre era assim. E assim fui me encantando a cada dia mais, me apaixonei por aquele homem misterioso que sabia meu nome sei lá como... Todo dia nos cumprimentávamos daquela forma. E todo dia eu me empetecava mais: passava batom e talco, colocava meu melhor vestido.

Outro dia, voltando do sacolão, nos encontramos. Frente a frente!
- Maria!
- Oi, tudo bem?
- Como vai você? E o Maurício, está bem?

E engatamos uma conversa muito agradável. Foi aí que descobri que ele se chamava Adalberto, e que era também viúvo, assim como eu. Muito inteligente e delicado. Me tratou tão bem! Mal poderia ele imaginar que eu, logo eu, estaria morrendo de amores por ele... Sonhando com aquele momento há tanto tempo... Sonhando tantas coisas mais. Até que...
- Maria... Posso passar lá na sua casa mais tarde? Pra conversarmos mais... E também eu quero falar com o Maurício, se ele concorda que conversemos mais...
- Claro! Pode ir. (Respondi, eufórica...)
- Sim, então passo lá mais tarde, tá bem?

Voltei pra casa correndo, nem guardei as compras. Maurício me disse que precisaria sair pra pagar umas contas no banco. Resolvi tomar meu banho logo, para esperar o Adalberto chegar. Parecia uma adolescente. O coração até palpitando! Preparei uma roupa bem bonita, estendi em cima da cama para vesti-la assim que me banhasse. Já estava debaixo do chuveiro, toda molhada, quando escuto o barulho do interfone. Era o Adalberto, claro. Tive certeza de pronto. E ele insistiu. Insistiu. Tocou váááárias vezes. E eu lá, rezando para que Maurício chegasse logo para abrir a porta, pois eu não podia sair do banho sem roupa! Não queria atender ao interfone assim. Como sofri naqueles minutos!!!

Até que... o interfone cessou.

Saí do banho, me arrumei. Pensei que ele fosse voltar. Esperei, esperei, esperei o interfone tocar novamente. Maurício voltou do banco. Nada de Adalberto. O sol se pôs no horizonte, nada de Adalberto. Não quis nem comer, esperando por Adalberto. Fui dormir, nada de Adalberto aparecer, ou ligar, ou dar sinal de vida.

No dia seguinte, esperei por ele na portaria do prédio, como de costume. Ele não apareceu, e nem no dia seguinte, e nem no outro, nem na semana seguinte. Já tem 1 mês que não vejo o Adalberto. Estou em frangalhos. Estou deprimida de paixão. Amar dói demais, gente! Vocês nem imaginam como meu coração está apertado. Só penso no Adalberto...

Por favor, alguém aí conhece o Adalberto?

***

Se é verdade ou não, já nem sei. Mas a história foi contada, mui detalhadamente, pela própria Dona Maria, uma senhora na casa de seus 80 anos, lúcida e lépida, freqüentadora e vizinha do salão de beleza aqui no bairro... Fiquei emocionada com tanta vida, tanta vontade de amar, de viver, de ser feliz, tanta falta de medo, e tanta abundância de emoções naquela mulher extraordinária.

:-)

Ah! E se alguém conhecer o Adalberto, me avise antes que Dona Maria morra de amores...

Ana.
(Foto: La Mariposa.)

03 março 2008

Cinema e Milk Shakes

Assuntinho batido (e atrasado, né): OSCAR.


Escolhas estranhas deste ano, não? Mas tenho de confessar, não assisti a todos que concorreram não... Na verdade, só dois deles:

- O programa de hoje foi "Jogos do Poder" (Charlie Wilson's War"). Digamos que foi um entretenimento. Mas sinceramente, não consigo entender o porquê de se fazer um filme como esses, já que a maioria do "povão" não consegue ligar o cu com as calças. Traduzindo: acha lindo o filme, e vê os isteites como salvadores da pátria afegã, e não faz a ligação disso com a chamada "guerra contra o terrorismo" bushiana. E aí o cara que é o maior bon-vivant e cheirador de pó, sem contar seus outros atributos (mulherengo, alcoólatra e promíscuo) vira um herói nacional. Aff. Sabe o que valeu à pena? A atuação do Philip Seymour Hoffman (ator protagonista de "Capote"). Muito muito boa. E o Coffee Shake que tomei antes do filme no Café do Ponto.

- Domingo passado foi a vez de "Juno". Filminho de seção da tarde, se não fosse pelo tema de gravidez na adolescência, o aparente fácil acesso ao aborto (como se isso fosse a coisa mais normal do mundo), os estapafúrdios anúncios de "pais adotivos" nos Classificados do jornal, a reação inverossímil dos pais da garota, etc. Mas quer saber? Apesar de todo o criticismo, eu gostei do filme. Achei delicado sem ser apelativo, a trilha sonora é ótima e a Ellen Page (que é a protagonista do filme) é excelente. E podem me crucificar, mas achei a Jennifer Garner super forçada (será que é só neste filme ou ela é sempre assim e só agora reparei?).

- Já adianto que não verei o ganhador do Oscar deste ano: "Onde os fracos não têm vez" ("No Country for Old Men"). Como um filme com uma sinopse dessas pode ser o Oscar de Melhor Filme?
"Texas, década de 80. Um traficante de drogas é encontrado no deserto por um caçador pouco esperto, Llewelyn Moss (Josh Brolin), que pega uma valise cheia de dinheiro mesmo sabendo que em breve alguém irá procurá-lo devido a isso. Logo Anton Chigurh (Javier Bardem), um assassino psicótico sem senso de humor e piedade, é enviado em seu encalço. Porém para alcançar Moss ele precisará passar pelo xerife local, Ed Tom Bell (Tommy Lee Jones)."
Na boa, né...

O negócio é que ando muito de saco cheio com o cinema americano, e por incrível que possa parecer, tenho amado os filmes brasileiros que vi nos últimos tempos. Depois que tive o prazer de ver "O Estômago" no Festival de Cinema Brasileiro Contemporâneo em Tiradentes, no início deste ano, fui correndo alugar "Cinema, Aspirinas e Urubus". Tudo bem que este é um filme meio lentinho, mas a beleza do Peter Ketnath e a graça do João Miguel valem à pena. Isso sem contar na estapafúrdia história de um vendedor de Aspirina em pleno sertão nordestino, quando ninguém nunca tinha ouvido falar nas tais "pílulas milagrosas", a "cura para todos os males", tão corriqueiras pra nós atualmente.

Nem mencionarei por aqui "Meu nome não é Johnny", que é simplesmente fantástico. Adorei. Todo mundo já sabe que é bom, assim como "Tropa de Elite", que até já encheu o saco de tanto que caiu no gosto do público, de tanto que ficou igual bunda - todo mundo tem a sua (no caso, a cópia pirata).

Mas leiam o post no Pras Cabeças e sintam um gostinho do que é "O Estômago", simplesmente um dos melhores filmes que vi ultimamente, sem exageros. "Uma fábula nada infantil sobre sexo, poder e gastronomia", era o que dizia o pôster espalhado por Tiradentes. Só falo mais uma coisinha: marquem dia 11 de abril em suas agendas e ASSISTAM a este filme! É imperdível.

E antes que eu me esqueça de contar: assisti ao filme na cadeira ao lado da Cláudia Natividade, produtora e do Babu Santana - outro ator do filme. Ao final tirei foto com ele e com o João Miguel (que é uma gracinha, por sinal)... Tiete pouco, né?

Ana.