(*) Burning Sky - Belo Horizonte/MG - Photo, Art: Ana.
Um blog sobre uai, sô, véio, contos, causos, sentimentos, pão-de-queijo, crônicas, broa-de-fubá, cinema, literatura, fotografia, arte, poesia...
* Agora em novo endereço: www.mineirasuai.com *

31 dezembro 2007

Whatever it's gonna be, it's gotta be

portal para o mar

Há coisas que acontecem e a gente simplesmente não pode, não consegue evitar. Até tentamos, lutamos contra a maré, nadamos, nadamos, mas nem assim saímos do lugar. Queremos fugir, mas não conseguimos enxergar. Tateamos no escuro, procurando em quê se apoiar. Não há nada, só o abismo em que nos encontramos, o mesmo escuro de sempre, e caímos, caímos, por mais que tentemos pular. Uns chamam de destino, outros de fraquezas, há ainda quem fale em predestinação, safadeza, traição.

Mas como ir contra um sentimento tão forte? Uma atração maior que a força da gravidade? Uma sensação de impotência total, e sucumbência absoluta frente a tudo isso? E então deito de costas, e me ponho a boiar, deliciosamente fecho os olhos, e me permito sonhar. Conto carneirinhos, vejo desenhos em nuvens. Não olho para baixo, apenas sinto meu corpo cair, o vento soprando envolvendo meu corpo entregue ao simples ato de... cair.

E quando acordo deste sonho bom, sinto-me culpada por dormir tanto, sinto remorsos por boiar neste lago de águas doces e calmas durante horas, sinto dores, pois o chão é duro e a queda foi longa.

E todo dia é a mesma coisa. Tudo igual, tudo igual. A mesma tentativa de resistência, a briga interna, aí recebo um gostinho, ganho uma prova apenas, e é o bastante para a sucumbência. Para novamente pisar em falso e tropeçar em minha própria pedra no meio do caminho, se é que não era para ela estar ali, se é que o propósito do próprio caminhar não é justamente encontrar com tal pedra. Se é que esta pedra nada mais é que o retrato da minha imutabilidade, da minha incapacidade, da minha vida. Como um caroço no angu, ou uma pinta na pele alva, uma bolha no chocolate caseiro, ou ainda um retrato esquecido na parede.

Só sei que é impossível lutar contra. Continuarei sonhando, e caindo, e tropeçando. E lutarei a favor então. E viciada permanecerei neste círculo envolvente e impossível de administrar.
E seja lá o que Deus quiser. Ou o Diabo. Ou Buda. Ou Zeus. Ou whatever.

E bye-bye 2007. This is the end. O fim. “Zéfiní”.

E feliz 2008 pra nós!!!

Texto e foto: Ana.

29 dezembro 2007

BOCA

Rosa Colombiana


BOCA
LOUCA
BEIJA EU
SEM PARAR.
PÁRA
NÃO PÁRA
BEIJA EU
SEM PENSAR.
ASSIM:
ASSADO
QUENTE
MOLHADO!
TERRA NEGRA
NUVEM BRANCA
ÁGUA
ESPUMA
SAL.
ABRAÇA O CORPO
NO CORPO

COLADO
GEMIDO
SUADO
RUÍDO
MORDIDO
PEDIDO
PERDIDO.


Ana. (Texto e foto.)

28 dezembro 2007

João Lenjob: A Volta Por Cima

Melancólico? Saudosista? Realista? Idealista? É o que não falta em nosso poeta camarada de todas as 6ªs feiras... E hoje ele se despede do velho, e saúda o novo... E nos comove em reflexões e constatações...


PPJL


A Volta Por Cima


Temporadas finais de ano e chegando o princípio de um novo. Revela-se em cada pessoa uma forma diferente de ter esperança, de acreditar, elaborar métodos e objetivos. Para muitos, é uma época triste, com poucas vitórias neste período que se finaliza e, talvez, com pouca expectativa para o período que se aproxima. Mas mesmo assim, não há quem não torça, pelo menos um pouco, pelo dia de amanhã.

Enfim, que todos não só esperem, mas que lutem bravamente pela realização de todas as metas. A minha é que todos saibam votar em 2008, para as eleições de prefeitos e vereadores, com o pensamento coletivo e não no retorno individual e pessoal, tendo sensatez e consciência de um cidadão educado e participativo. Também quero que todos saibam lutar pelos direitos que não são empregados, mas que não deixem de cumprir os inúmeros deveres profissionais e éticos da sociedade e também para ela.

Que em 2008, cada um valorize com mais veemência a arte de todos que trabalham por ela, não só lendo ou ouvindo todos os tipos de músicas, mas abrindo os olhos com relevância e creditando àquele artista que vive perto de você, na rua ou em proximidades, trabalhando pelo seu sorriso.

Quero muito que todos saibam valorizar também todos os atletas que farão com todo brio, gana e suor, o melhor por uma medalha olímpica, em Pequim. Que não esteja na mídia e na procura de todos somente futebol e volei, esportes de ponta, mas que a gente jogue, lute, reme, nade, salte, veleje, competindo junto a eles, torcendo de igual pra igual.

Importante ressaltar que todos devem estudar mais, ler mais, ter mais conhecimento de tudo o que se passa, de todos os assuntos gerais, se inteirando de tudo o que acontece ao nosso redor. É importante que todos estejam cientes do que se passa pelo mundo com o meio-ambiente e seus problemas que estão cada vez mais delicados e acentuados, com o aumento de infecções causadas pelos mosquitos da dengue, com os impostos que deixam de existir, mas que voltam com outro nome, exames “anti-dopping” que estão rolando por aí, humilhando a nossa capacidade de ser inteligente, inclusive se precavendo sempre do vírus do HIV.

Por isso, não tem como não falar de amor e para explicar bem este nobre quesito, gostaria muito que todos amassem com sabedoria. Fazer amor com cautela e com cuidado é bom, muito bom. Mas é bom saber amar a família, apoiando nas dificuldades, ensinando e sabendo aprender com os tantos erros, tendo paciência nos momentos tristes e dividindo todas as conseqüências, boas ou não. Amar os amigos, ligando quando eles não ligarem, orientando e se deixando orientar, torcendo pelo sucesso alheio, ajudando a levantar nos tombos da vida ou não deixar que caiam. Amar o desconhecido atendendo aos pedidos ou acatando, sendo indiferentes, com serenidade e respeito, sendo educado, sendo gentil, mostrando ali seu berço. Claro! Amar o companheiro, com amizade, carinho, plena atenção, sinceridade, verdade, lealdade.

Fica muito fácil começar um ano difícil e como pôde se observar, não é tão difícil ter um ano mais fácil. Trabalhar os atos com sabedoria e respeito é muito simples. É saber amar e ser amado, sempre dando a volta por cima.

Quem procura acha. É bom então saber o que procurar. Um 2008 muito alegre pra todo mundo!

João Lenjob *
http://www.lenjob.blogspot.com/
joaolenjob@yahoo.com.br


* João é escritor, é alegre e vibrante, pinta e borda por aqui toda 6ª feira, e... Ano que vem tem mais!

24 dezembro 2007

Mineiras, Uai: Um Presente de Natal

O texto abaixo vou escrito a 6 mãos. Como? Oras, eu, Bela e Lu unimos nossas forças e cada uma escreveu um pedacinho deste pequeno conto natalino, saído diretamente de nossas cacholas para o dia 24/12/2006... E nada mais justo que homenagear vocês, caríssimos leitores, e minhas ex-colegas de blog com um texto tão lindo e tão surpreendente!

Gari, Bebela e Lúlis, amo vocês! Um Natal de luz, harmonia e amor para todas! E que 2008 seja surpreendente, mágico e repleto de sonhos se tornando realidade...


Ana.
Um Presente de Natal

Desde que se entendia por gente, Antonino morava na casa de pau a pique construída por seu avô em uma terrinha no meio do sertão. Minúscula gleba de terra que foi passando de pai para filho e da qual saía o sustento de toda a família. Foi com muito orgulho que o pai de Antonino lhe legou a casinha e o pequeno terreno que a cercava no dia de seu casamento com Jacinta, dizendo que com seu trabalho ele seria capaz de cuidar de sua mulher e filhos.

Assim, passaram-se alguns anos de trabalho duro, malgrado a seca que teimava em roubar os preciosos litros de água que nutriam os míseros legumes da horta de Jacinta e cavava profundas entalhas onde Rosinha, a vaca ancuda e magricela deveria ter o seu pasto.

Mesmo trabalhando duro sob o sol inclemente do sertão, Antonino não reclamava da dificuldade da vida e do suor que impregnava o seu corpo no final do dia, pois à noite ele recebia um beijo de Jacinta e um abraço apertado do filho Francisco.

Mas esse ano tinha sido diferente: a seca deu uma trégua a Antonino, o que lhe permitiu conseguir trabalho em uma propriedade nas redondezas e amainar a miséria que reinava na casa de pau a pique. E por isso, com algumas notas no bolso, Antonino resolveu que este ano a família comemoraria o Natal, não apenas com orações à meia noite como sua mãe havia lhe ensinado, mas também com presentes. Suspeitava de que Francisco sequer saberia o que significava o Natal, mas ele iria proporcionar ao filho uma surpresa especial.

Chegou em casa pensando no tecido florido que viu na vendinha da cidade mais próxima, e com o qual Jacinta poderia fazer um belo vestido. Sorriu ao imaginar a felicidade da mulher. Pôs-se, então, a pensar no filho. O que poderia agradar Francisco?

Francisco estava sentado na porta da casa, a camiseta suja de terra e os joelhos ralados, como qualquer garoto de sua idade. Correu para o pai quando o viu se aproximar e o abraçou, pulando em seus braços.

Isso encorajou Antonino a perguntar:
-Filho, o que você quer ganhar de presente de Natal?

Francisco o olhou com um inconfundível brilho de alegria nos olhinhos e disse entusiasmadamente:
- Pai, eu sei o que eu quero. Eu quero NEVE!!!

Assustou-se Antonino com tal resposta, e em seguida questionou ao filho de onde viera ousado pedido. A resposta foi rápida:
- Ouvi a professora Matilde dizer que na Europa as crianças brincam na neve no Natal. Então eu quero brincar com neve também!

Matilde era uma das poucas professoras da “Escola Felicidade” que se preocupava com o futuro das crianças, sem perder a esperança de que dias melhores estavam por vir. Assim, numa de suas aulas de contos, a professora Matilde leu aos alunos histórias sobre o Natal na Europa, e Francisco ficou curioso e encantando com a tal “neve”.

No entanto, este seria um presente quase impossível de Antonino dar a seu filho querido. O dinheiro que havia ganhado mal dava para comprar presentes e fazer uma cesta de comidas. Pensou que a solução seria viajar com o filho, mas para onde? Como?

Com sua pouca escolaridade, Antonino mal sabia qual era a cidade mais próxima que nevava. Havia viajado poucas vezes de barco e nunca de avião, como realizaria o sonho do filho?

Antonino informou-se com as pessoas mais ricas do sertão e descobriu que pouco abaixo da divisa do Brasil, a caminho do Uruguai, estava a primeira cidade que nevava. Mas sair do sertão e chegar até lá, como seria, quanto tempo demandaria... Teria que deixar de construir um Natal feliz para toda a família e apenas realizar o sonho de Francisco.

O coração de Antonino apertou. Jacinta, com seu amor incondicional, acalmou Antonino e disse para rezarem à Divina Providência, que com certeza uma solução apareceria.

Até que na véspera do dia de Natal um anjo tocou em Antonino, e o levou para bem longe da vida. A família inteira ficou alvoroçada, desnorteada, até esqueceu que era o dia do nascimento do menino Jesus. Esqueceu também de Papai Noel, esqueceu seus sonhos e planos. Francisco, da noite para o dia deixou de ser criança, e sentiu o peso do mundo em suas costas infantis, o peso que antes o pai carregava.

Dez anos se passaram e as coisas mudaram muito. Pouco tempo depois da morte de Antonino, Jacinta se juntou a ele, e Francisco se viu sozinho. Agora já era adulto, e cuidava de si com determinação. Casou-se com uma moça da cidade grande, Maria Lúcia, uma menina linda e sonhadora. Logo juntaram dinheiro para poder viajar, e foram tentar ganhar a vida nos Estados Unidos. A América era um sonho, uma chance de ganhar um dinheiro mais valorizado.

Chegaram a Nova York em Março, não estava nem quente nem frio. Chiquinho agora era “Frrranciscow”, como os americanos o chamavam. Fazia de tudo: pintava paredes, lavava pratos, latrinas e andava com os cachorros dos gringos. Impressionante como aqueles animais eram cheios de luxos que ele mesmo nunca tivera, nem sonhara existir.

Maria Lúcia cuidava da casinha que conseguiram alugar, bem longe do centro, e também trabalhava em casa de famílias abastadas, cuidando de crianças e fazendo de tudo um pouco. A vida não era nada fácil, aprender uma língua diferente e aparentemente difícil. As pessoas eram frias, distantes, mas achavam graça do jeito diferente dos brasileiros, do modo como falavam, e das coisas que comiam. Sentiam-se estranhos àquele local, meio excluídos, discriminados, mas levavam a vida assim mesmo.

O Natal ia se aproximando, Chiquinho e Marilú (como ele a chamava carinhosamente) não faziam idéia do frio que viria pela frente. Pela primeira vez viram que realmente uma pessoa poderia morrer de frio, pois até então, só tinham medo da fome e da sede que matava tantas crianças no sertão de onde vieram. Muita chuva e um vento cortante e gelado, e o dia parecia nunca chegar, pois a noite caiu sobre a agitada cidade daquele país estranho, e parecia que nunca mais iria terminar. A vida ficou cinza e sem graça.

Desde que seu pai morreu Francisco não se lembrava do que era o Natal. A Escola Felicidade ficara para trás há muito tempo, assim como a professora Matilde, e as lembranças daqueles poucos anos que vivera na roça em companhia de seus pais, Antonino e Jacinta. Há muito tempo não pensava neles, embora sentisse que sempre tinha uma mão por perto o amparando, nos momentos mais difíceis. Na verdade, Francisco não tinha tempo para pensar nessas coisas. Sua rotina era trabalhar, trabalhar, trabalhar. Muitas vezes dormia menos de 4 horas por noite, pois sua jornada de trabalho era longa penosa.

Não nevou nenhum dia desde que estava na América, de fato, o inverno estava atípico, bem mais ameno, diziam os "new yorkers". Francisco nem se importou, afinal seus sonhos de criança já tinham se perdido, e nem mesmo do pedido de neve de presente que fizera ao pai anos atrás, ele se recordava. Até que na véspera de Natal, o que todos os americanos entendem como bom presságio para a noite do nascimento de Cristo, e para o ano que se aproxima, aconteceu... da forma mais inesperada e estranha que todos os habitantes do planeta já tiveram notícias...

Naquela mesma noite, Francisco e Marilú estavam de folga no alpendre de casa, e juntos bebiam “Cidra Cereser” que compraram numa venda de brasileiros num bairro próximo. De olhos fechados e de mãos dadas, Francisco sentiu um toque leve e gelado em seu nariz. Assustou-se com aquela nova sensação, e abriu os olhos. Os mais belos flocos de neve desciam do céu, e ele ficou cego de lembranças, de emoções, e de tudo aquilo que ficou tão bem guardado em seu coração há tantos anos. Lembrou-se de quando era uma criança, e de tudo o que já vivera: do pedido de Natal, de seu terno pai e da carinhosa mãe.
Por um momento, poderia jurar tê-los visto no céu lá do hemisfério norte, sorrindo e lançando confeitos de gelo. Imediatamente percebeu, como que por mágica, que em nenhuma outra casa da Big Apple caía um só floco de neve! Era como se Antonino finalmente realizasse o sonho do curioso menino, o presente de Natal de conhecer de perto da brancura e a leveza do gelo que caía do céu, e ao mesmo tempo acordasse o adulto Francisco da rotina e da dura vida que levava, para ser feliz com as pequenas coisas e sensações.

Naquela hora, Maria Lúcia anunciou que esperava um filho de Francisco, e a alegria tomou conta daqueles seres embevecidos pela beleza e pelo frescor do presente enviado dos céus.

Cantaram, gargalharam, dançaram, como nunca haviam feito antes.

A partir de então, Francisco entendeu o verdadeiro sentido do Natal: o que a neve trouxe foi a certeza de que seriam felizes, pois a felicidade estava nas menores coisas, e onde quer que ele fosse, nunca mais se esqueceria do amor por seus pais, por Maria Lúcia e o filho que iriam ter, e acima de tudo, do amor que o fazia seguir em frente, apaixonado pela vida, pelos sonhos, e pela magia do Natal.

22 dezembro 2007

Balões de Gás


Flutuo sobre meus saltos, altos, finos e leves. Caminho sobre nuvens, em passos largos e saltitantes, com cuidado para não furar os flocos de algodão-doce sob meus pés de bailarina. Calejados pés, que sentem e sofrem, hoje e sempre, mas que me mantêm firme no chão, sonhando acordada e voando, como um balão.

Lá embaixo vejo cores: vermelho, amarelo, rosa, verde... Vejo fumaça e som, silêncio e música, carinho e sensações. Amigos, pais, flores e cerejas, chocolate e velinhas faiscantes. O vento me inebria, e a noite me envolve, molhada de chuva, suor, lágrima, cerveja, riso, fantasia e pirulitos. Passam luzes, passam carros, gritos e flashes. Pensamentos passam, e lembranças também. E o aperto de saudades do meu tamborim enche meu peito de batuque, cavaquinho e atabaque.

E a tradição vai se manter: eu sambo pra viver, e vivo pra sambar. E a chuva a cair, e o vento a soprar. O mundo gira, não pára nunca, e eu vou andando, caminhando lépida e sempre, correndo em direção ao arco-íris. Fujo do infinito, do céu e do outono, sonho com a Lua, e um perfume de gardênia vem me inspirar a noite, e um céu azul desanuviado amanhece na primavera de cheiro de terra molhada e plumas flutuantes. Estas sim, de vida curta, são como eu, dependem do vento pra assoprar. Já não disse o poeta, o grande maestro, que felicidade tem fim, como o carnaval?

Logo em frente, tem um palco. Subo as escadas e vejo tudo do alto. Luzes me cegam, e o barulho se agita em cortinas de metal e jasmim. E olhos a me procurar. Olhos a me fitar. Olhares que fogem, se encontram, e depois furtam mais alguns minutos de minha existência. Uma mecha escorre pela testa, por causa do vapor do ventilador. Estranheza, coração, surpresa, emoção.

Uma mensagem, duas, três. Guardo logo tudo de uma vez. Canto o parabéns, dou um rodopio, giro num pé só, pulo amarelinha, caracol e giramundo. Pensamento imundo de um insano trapalhão. Mundo tosco de uma noite de verão.

E viva eu, viva tudo, viva o mico narigudo! Viva nós, viva a chuva, viva o cheiro e o olhar, viva o presente e o que virá, viva o céu, viva a roda, o sorvete, o creme de leite e a lanchonete, o submarino, o submerso, o submundo, e o subversivo, o tropicalismo, o tropicaliente, o leite quente, e o invisível, viva o não-dito, viva o pensamento, viva a vida, VIVA!

Ana.
(Texto e foto.)

21 dezembro 2007

João Lenjob: O Melhor dos Piores

A crônica de hoje nos traz um poeta lúcido, e pronto para comprar uma boa briga... Este assunto é de interesse comum, nos abre os olhos, nos faz refletir... Pelo menos a mim foi assim, quando o li. Espero que gostem. Ana.

PPJL

O Melhor dos Piores

É muito interessante o exercício de uma profissão, muito ideal quando ela vem de uma vocação genética ou até mesmo construída. Muito melhor quando o ser trabalhador pode se aventurar em várias funções em que ele pode dar certo e descobrir a sua, claro.

Para viver estas diversas funções não há a necessidade de trabalhar nela. A decepção no entanto, pode vir no reconhecimento. Nem sempre o tamanho talento pessoal, individual é valorizado e não pelo rendimento e sim pelas características da profissão. A precisão de jogadores de futebol pode ser inferior a de um médico e os valores incluídos em tal referência são exorbitantes. Sobretudo, a dificuldade na formação de um clínico é infinitamente superior e as noites sem dormir são muito mais freqüentes. Pergunte ao Tostão ou Sócrates.

Enfim, qualquer profissão requer um profundo treinamento, disciplina mesmo. Atletas dormem cedo para trabalhar (treinar) durante o dia, e músicos, escritores já preferem trabalhar durante a noite, silenciosa e requintada por álcool e tabaco, para sustentar o prazer, facilitar a inspiração.

Todos necessitam de prazer. Esta é a palavra ideal. Em obras de construção civil, pode se observar o excessivo número de artesãos que deixaria Aleijadinho satisfeito e impressionado e pessoas assim são chamadas de serventes e carpinteiros e pedreiros. Dentistas pincelam bocas com a delicadeza de um pintor. Um garçom tem a habilidade malabarista de conservar sobre mãos bandejas completamente lotadas de vidros e utensílios, melhor até que um jogador de basquete. Quanta habilidade! Por isso é óbvio que prazer é fundamental.

Poucos têm conhecimento do valor de um músico de orquestra, que numa apresentação, um único erro pode levar ao desastre o ouvido dos presentes e bagunçar todo o evento. Músicos de uma banda de rock, indiferente a posição na mídia, erram e nunca ninguém repara. Músicos de uma orquestra vip são eventualmente assalariados e uma banda vip de rock acumula um valor financeiro, um faturamento que não tem teto e nem conhecimento. Vale a pena? Sim, todos fazem por prazer. Um professor de matemática tem que ter a frieza de lecionar e resolver problemas e equações violentas, sem nunca ter tido conhecimento deles. E o número considerável de pessoas empresárias que tem visões, sobre o futuro, precisas, para que o negócio seja bem sucedido. São profetas? Não, trabalham por e com prazer. Advogados decidem vidas, respondem por elas. São deuses? Não. São talentosos quando gostam do que fazem.

Existem maus profissionais? Sim, mas são profissionais que não se orientaram sobre o que escolher. Não pagaram um mapa a caminho de casa ou da casa onde ir. É relevante ter coerência e certeza do que fazer e fazer sempre o que gosta, para nunca roubar o lugar de um profissional que sabe e gosta do que faz e importante: jamais se preocupar com a renda. Pensar com o coração e não monetariamente.

A grande verdade de uma profissão é a definição que o certo é ser o pior dos melhores e não o melhor dos piores. Este é o resultado final. Assim, tendo a quem tentar se superar. No esporte isso é claro. Massa é melhor que Barrichello. Esta é a classe dele ou poderíamos chamá-lo, de melhor dos piores, querendo galgar a classe de cima. Assim é na música, na literatura, na medicina, no direito, jornalismo, construção civil, comércio e tudo mais.

O local dos melhores só entra quem faz com prazer. Se não, melhor ser nas maiores hipóteses, o melhor dos piores.

João Lenjob *
www.lenjob.blogspot.com
joaolenjob@yahoo.com.br

* João é meu primo e poeta, cronista nas horas vagas, todas as sextas feiras neste blog, fazendo o que mais gosta, e com prazer: escrever!

20 dezembro 2007

Perguntinhas Básicas

Recebi este questionário em forma de "meme", que me foi passado pelo Queiroz, que, por sua vez, recebeu da Luma...

Querem saber o que eu respondi? Leiam abaixo, please:

1. Volume total de músicas no meu computador
R: Quase 6 Gb, o que representa mais de 3.000 músicas...

2. Último cd que comprou:
R: Na verdade foram 2 ao mesmo tempo: "Johnny Cash & Willie Nelson - VH1 Storytellers", e "LOBÃO - Acústico MTV".

3. Música que está tocando nesse momento:
R: A que está grudada na minha cabeça: "Nem sempre se vê! Lágrimas... No escuro!" (Lobão).

4. Cinco músicas que você mais ouve ou significam muito para você:
- One - U2 - A música de amor mais linda do mundo... (ouço muito e sempre significa alguma coisa);
- Faroeste Caboclo - Legião Urbana - Simplesmente a música dos meus tempos de colégio (ouvia muito, sei cantar de cor, e me lembra dos velhos tempos);
- Wish you were here - Pink Floyd - Porque diz tudo (e lembra muuuuuuita coisa!);
- Baby - Mutantes - Porque eu amo mutantes, e amo esta música (ouço todos os dias);
- I am the walrus - The Beatles - Porque eu amo rock n' roll (ouço todos os dias)!

E eu não passo pra frente! Quem quiser responder, use a caixa de comentários, ou publique em seus blogs!

Ana.

19 dezembro 2007

Então...

Tudo bem que o Natal é a festa cristã em comemoração ao nascimento de Jesus. E tudo bem que todo mundo se esquece disso, e vira esta loucura consumista que todos falam, e blábláblá.

Mas eu ainda sou daquelas pessoas que gostam de Natal. Não só pelo o que eu já falei aí em cima, mas também por ser perto do meu aniversário e do fim do ano, por eu amar dar presentes - e ganhar também, é óbvio - pelas comidas deliciosas, frutas secas, por reencontrar minhas primas e primos, ver meus avós felizes juntando a grande família por mais um ano, a carinha dos meus priminhos mais novos quando encontram presentes embaixo da árvore de Natal na manhã do dia 25, etc, etc, etc.

Mas tem coisas no Natal que irritam até a mim, sabiam? Por exemplo: festinhas de amigo oculto, ter que desejar Feliz Natal pra todo mundo, decorações breguetésimas em tudo quanto é lugar, engarrafamento de gente nos shoppings, lojas e centro da cidade, automóveis aos montes enlouquecidos andando pelas ruas, e o pior: músicas natalinas!!!

Aaaarrrrgh! Não tem coisa mais chata, mais insuportável, que música natalina tocando sem parar no seu ouvido. Sério, se eu trabalhasse em shopping ou supermercado nesta época do ano, juro que eu surtava. Jingle Bells, Silent Night, White Christmas, We Wish You a Merry Christmas e por aí vai, simplesmente me dão nos nervos, com suas variações cada vez mais barangas em bandolins, violinos chorosos, pianos trinados, ou vozes desconhecidas.

Quem foi o "espertinho" que simplesmente decidiu que, só porque estamos próximos do Natal, todas as pessoas do universo querem ouvir músicas natalinas? E estas não ficam adstritas somente aos shoppings e supermercados... Se você for ao centro da cidade, ou até mesmo em alguma botique fina de bairro nobre, será obrigado a ouvir tais "hits" em suas versões mais irritantes, ou (pior ainda) com arranjos modernosos estilo lounge, como se isso fosse capaz de torná-las mais agradáveis...

Outra coisa que não me entra na cabeça: a decoração das casas nesta época. É um desperdício absurdo de eletricidade, e um exercício fenomenal de mau gosto! Imaginem a entrada de uma casa com quatrocentos-mil bonecos de "Papai Noel" de borracha, em forma de bóia ou balão? Pois tem uma assim aqui no bairro, acreditem se quiser. Passo em frente e me dá vontade de estourar Papai Noel por Papai Noel com uma agulha, só pra não me doer tanto mais as vistas.

E tem aquela, cujo dono é tão podre de rico que instalou uma "máquina de fazer neve" em frente ao portão, justo na estação mais quente do ano no BRASIL (que só se forçar muuuuuuito, tem uma nevezinha mixuruca, e, ainda assim, apenas na região sul, um dia ou dois por ano), com o verão prometendo ser o mais insuportavelmente calorento de todos os tempos, e, como se isso não bastasse, ainda suja de espuma (ops, "neve") todo o jardim e calçada defronte!

E aquela outra, com lâmpadas coloridas de todas as cores cobrindo TODA a fachada da casa, piscando freneticamente, tocando adivinha o quê??? Musiquinhas de Natal... Ou seja, se você mora em frente a esta casa, imaginará estar passando suas merecidas noites de sono e descanso em frente a uma boate de péssimo gosto. Eu dava um tiro.

Bem, deixando o meu mau humor de lado, termino este texto, e vocês já devem estar dando graças a Deus por isto! A verdade é que preciso ir ao supermercado fazer compras, que fica dentro de um shopping insuportavelmente cheio, com decoração baranga e tocando Jingle Bells sem parar.

É, já sei o que vou pedir de presente de Natal, para acrescentar à listinha anteriormente feita: PACIÊNCIA DE JÓ!

Ana.

Charge retirada deste site.

17 dezembro 2007

É de madrugada, é de manhã



Sinto cheiro de mar, e quero logo me afogar em tua imensidão, teus mistérios, deixá-lo me invadir, me preencher por inteira, me possuir, me dominar. Espuma clara, ondas negras, braços abertos e o vento a soprar. Vem cá...

Acho que sou flor, água marinha e amor, criancice, juventude, ansiedade. Deita aqui, vem descansar. Passeio em tuas costas, largas, vejo o teu rosto, calmo. Ataque de beijos, de mãos, pernas, cheiro de roupa lavada, camisa molhada e cabelo pintado, aço escovado, espelho no teto e ponho-me a cantar.

Pergunta-me quem sou. Quem é você?, devolvo em retórica. História que começou, livro que se acabou, desejo que se iniciou, beijo que se apegou, coisa que não quero parar, pessoa que não quero lembrar, sol, sorriso e brincadeira, me dá minha mamadeira, deixa eu brincar de ser seu bebê.

Teto iluminado, som desligado. Barulho de gente, duas pessoas já é demais. Mergulho em teu sorriso, e esqueço que é melhor nem lembrar do perigo que é amar. Não quero saber, agora eu quero você. Não dou, não empresto, não vendo, não divido. Nem adianta argumentar. Se não é assim, então prefiro parar.

Era o meu medo que não me deixava escutar a sua voz no meu ouvido, a chamar. Não, prefiro negar. É mais fácil, mais ético, mais seguro.

Dane-se tudo, já entrei no mar. Se a onda bater, vou me afogar. Virarei um peixe, uma serpente do mar. Sereia a flutuar, com algas marinhas, golfinhos e estrelas do mar. Conchas para enfeitar o jardim de um polvo instalado em corais, com pérolas e marfim, peixes ornamentais, caranguejos e um castelo de vitrais.

É de manhã, e você não está aqui. Sinto meu corpo cansado, minhas coxas doloridas, e certamente não foi de te beijar. Melhor bocejar, soltar um espirro matutino, acordar. Se foi sonho, mania de grandeza, adeus, preciso trabalhar.

Ana.

Photo by: La Mariposa.

*** Update ***
Então... A Mônika Mayer, leitora de blogs, indicou o "Mineiras Uai!" para este prêmio "Blog de Elite, assim, ó:

" porque todo mundo já percebeu que eu tenho verdadeira paixão pelo povo mineiro. Lá descobri o mundo das crônicas de João Lenjob e vira-e-mexe ando por lá tirando suas lições..."




Fiquei muito feliz com a indicação, e o João também, pela menção às suas crônicas. Mais ainda, por conhecermos mais esta leitora de blogs, no caso, do meu.

Inté!

Ana.

14 dezembro 2007

João Lenjob: Como Esquecer um Amor

Hoje nosso poeta está romântico... Nos presenteou com esta belíssima crônica, publicada originariamente em 2005 no seu blog. Deliciem-se!

PPJL

Como Esquecer um Amor
Como esquecer um amor? Fácil, se ele não for carinhoso ou chegar, permanecer ou sair sem beijo, não der atenção ou não enviar carta perfumada. Vou esquecer um amor, se ele não tiver toques, demonstrando ter a pele como uma pétala macia e gostosa. Se não aparentar ter lembranças e nem me telefonar na hora mais estranha do mundo.

Como esquecer um grande amor? Talvez não imaginando em se deitar com ele no limiar noturno em busca de um lugarzinho para ver a lua sorrindo. Ou achar que dá até para tocá-la, assim, anestesiados pela paixão repentina, pela noite também estrelada ou pelos abraços sinceros que completam o romântico ambiente.
Não esquecer um amor é fazer indiferentes as grandes diferenças. É distrair do universo e se reparar pensando em estar dançando no parque, onde a única música é o assobio de um singelo e atencioso passarinho, que só está ali para testemunhar o que para muitos seria um casal de bobos dando saltos, comemorando o nada, ou como se tivessem acabado de ganhar na loteria.

Está certo, vou esquecer um grande amor já tentando deixar de escrever esta, ou tentar dormir sem travesseiro, porque o amor seria um grande conforto que lembraria do pescoço, o amigo. Também não mais irei sorrir para não recordar do sorriso, e vou fechar os olhos para não lembrar do olhar. Impossível! Se fecho os olhos a primeira coisa que poderia me aparecer seria aquele par de olhos me fitando, olhando, chamando, clamando, suplicando, torcendo para que eu fique de olhos abertos; melhor permanecer de olhos abertos.

Não esquecer um amor é contar os minutos para receber uma notícia ou até a presença desta pessoa amada e lembrada sempre. É achar os seus defeitos uma bobagem e suas qualidades as mais relevantes até então vistas ou conhecidas. É consertar um equívoco ou controvérsia com uma simples troca de palavras.

Não esquecer um amor é ver nele todo personagem cinematográfico ou achar que toda música foi feita para ele. É olhar para todos os lados e achar tudo maravilhoso. É reparar na beleza da vida e eventualmente até se esquecer dos problemas. É ficar um tempo extasiado, não reparar a conversa alheia, gostar de vento frio ou querer tomar banho na chuva, duvidar que seja verdade, excitar-se só de pensar no grande amor. Sorrir quando se deve chorar ou estar em prantos quando era para estar alegre.

Não esquecer um grande amor é bater palma para todo mundo ou se preocupar se a pessoa amada está bem ou se pelo menos ela sabe que tem alguém se preocupando com ela. É querer ser médico, dar colo, ser o ombro, ser o ouvido, tudo o que ela precisa em qualquer momento do dia e da noite. É querer ser acima de tudo companheiro. É trabalhar para chegar ao cargo máximo de companheiro, a maior promoção da vida do grande amor.

Não esquecer um amor é fazer da felicidade dele a grande responsável pela sua. Não esquecer um grande amor é difícil desde que seja fácil esquecer que ele pode ter vindo velho, novo, pobre, rico, doente, sadio, preto, branco amarelo e até verde, maduro ou não.

Eu desisto, não tem como esquecer um grande amor. Mesmo que fique a eternidade sem vê-lo ou, francamente, não ter de que esquecê-lo. Para esquecer um grande amor, o melhor mesmo seria nem pensar em arrumar um.

João Lenjob *
www.lenjob.blogspot.com
joaolenjob@yahoo.com.br

* João é poeta, mineiro, nunca esqueceu um grande amor, já arrumou outros grandes amores, outros menores também...

12 dezembro 2007

Sweet December

Dezembro pra mim é um mês feliz. Tem cheiro de chuva, de sol, de verão, de ficar com a pele douradinha de sol, cheiro de flor (pelo resquício da primavera), cheiro de festa, de bolo de chocolate, de comida gostosa, cheiro de casa de vó, de perfume novo, de mudança de vida, de fim de ano, de planos mil (a começar onde será passada a noite do dia 24 pro dia 25, onde se festejará a passagem de ano, tirarei férias ou não, quais as metas para o ano que vem...), cheiro de pipoca e de cinema, cheiro de shopping, de roupa nova, de dama-da-noite e laranja lima...

Claro que tem a chatice do excesso de trabalho do final do ano... Parece que o mundo inteiro se esquece dos outros meses e deixa tudo para o último furo, o último instante, a última hora, o último suspiro. Quem manda pode, obedece quem se fode. E vamo que vamo!

Este ainda é o mês da engorda, pois com tanta festa por aí, haja malhação no dia seguinte... É ainda o mês da falência, pois sempre tem que dar uma lembrancinha pra fulano, outra pra ciclano... E aí, de grão em grão, o seu bolso fica vazio. E haja consumismo nesta época do ano... Espírito natalino uma ova!

É o mês dos "amigos ocultos" (ou "amigos secretos", como preferirem). Me diz uma coisa: há algo mais constrangedor e chato que amigo oculto? Pelo menos em festa de final de ano, não há não. Claro que não sou anti-social ao ponto de não participar, quando o povo todo do trabalho está dentro, mas que é chato, isso é. Melhor estar dentro que ficar só assistindo. (Leiam mais chatices sobre o amigo oculto no blog do Nando.)

É ainda o mês das datas mais importantes do ano (juntamente com o final de Novembro, é claro), quando aniversariam as pessoas mais legais da face da Terra: OS SAGITARIANOS!!! Vejam aí se uma criatura assim não é mesmo a mais jóia de todas?
"[...] Sendo tão versáteis e possuindo tantos talentos, os sagitarianos seguem uma grande variedade de ocupações em sua busca da verdade e autoconhecimento. Mesmo quando a astrologia tenta diminuir suas tendências profissionais mais prevalecentes e preferidas, a lista é longa. [...]
Não obstante, Sagitário é um daqueles signos paradoxais de dualidade, de modo que sempre existe algo de contraditório em sua natureza. [...] Alguns Arqueiros são joviais e brincalhões, outros são sérios e estudiosos. Uns são quietos e reflexivos, quase tão graves quanto os capricornianos. Em sua maioria, contudo, os sagitarianos são criaturas despreocupadas, que adoram brincadeiras fortes, não demonstrando receios ou preocupações, e para quem a vida é um grande jogo ou uma droga. [...]
Consiste em pesquisar uma verdade em primeiro lugar, depois reconhecê-la e, por fim, ser compelido a expressá-la sem temor, o que é válido tanto para os Arqueiros saltitantes como para os introvertidos e quietos, extremamente raros. É como querer alcançar a argola de latão e cair do cavalo no processo, formular um desejo a uma estrela cadente e cruzar os dedos das mãos e dos pés para dar sorte. Todo sagitariano é idealista e jogador ao mesmo tempo, em doses iguais. Eles gostam de cantar, desenhar e dançar, de jogar e arriscar-se. Também gostam de ler, estudar, observar, aprender, ensinar e viajar. Quando dois deles estão envolvidos em todas estas coisas (ou menos parte delas), a vida nunca é enfadonha. Pode ser exaustiva, mas de modo algum enfadonha. [...]
O perdão é uma virtude que os sagitarianos partilham [...]. Contudo, perdoar é uma coisa, pedir desculpas é outra. Dois arqueiros não terão facilidade para desculpar-se um com o outro, inclusive com outras pessoas. No entanto, eles sentem o arrependimento um do outro e, em vez de forçarem o assunto, simplesmente ficam dizendo coisas amáveis a torto e a direito, para indicar que não houve ressentimentos. Os Arqueiros jamais guardam ressentimentos. Eles admitem francamente que estiveram errados (quando acreditam nisso de verdade), porém o fazem com mais freqüência através de atos e não em muitas palavras, ou tornando a sorrir jovialmente, desta forma convidando a outra pessoa a esquecer o desentendimento, para que voltem a ser amigos. Sagitário encontra maneiras de expressar um "sinto muito", sem que palavras reais sejam ditas. Isto evita que se humilhem, mantém seu orgulho intacto e permite que as pazes, após uma briga, sejam mais ou menos indolores."
Tá bom, beleza. Muitos vão dizer que astrologia é uma merda. Mas na boa, quem me conhece, ou é sagitariano, arrepia quando lê essas coisas, pois parece que a autora me conheceu pessoalmente para escrever este livro...
Hoje é aniversário de BH, 110 aninhos. Da Marília Alvarenga também, e ainda da Fê, uma amiga de infância da época de colégio (não falarei as idades pois não quero criar controvérsias aqui, honestidade é uma coisa, sacanagem é outra!). Agora invertam a ordem dos números e encontrarão o dia do meu aniversário, que, obviamente, tinha que ser o dia do solstício do verão, o início da estação mais quente do ano... :-)

Ana.
Ps.: O nome do livro é "Os Astros Comandam o Amor", da Linda Goodman, Ed. Best Seller. Tem só 1064 páginas, que eu já li de trás pra frente e de frente pra trás...

10 dezembro 2007

Carta ao Papai Noel

Prezado Senhor Noel,

Em primeiro lugar, nunca sei como chamar o senhor: Santa Claus, Nicolau, Papai Noel, só Noel, Bom Velhinho, Pai Natal, etc. Poderia me esclarecer esta questão, para começarmos melhor nossa conversa?

Em segundo lugar, gostaria de dizer que fui uma boa menina (mulher, garota, jovem, adulta?!) durante este ano. Trabalhei demais, estudei (de menos), namorei (um pouco), briguei menos, chorei (demais), vivi (demais), sofri (um bocado), viajei (bastante, porém menos que queria), malhei (não o suficiente), gastei (mais que deveria), poupei (menos que gostaria), fiz amigos (muitos), reencontrei pessoas queridas, reatei amizades, escrevi bastante, conheci pessoas novas de todo canto do Brasil e do mundo, brinquei, dancei, gritei, esperneei, beijei, amei, decepcionei, presenteei... enfim, vivi com plenitude!

Sendo assim, aí vai minha lista (merecida, diga-se de passagem) de presentes. Sinta-se livre para me dar o que quiser (ou puder):

- Um notebook;
- Um carro;
- Um namorido;
- Um apartamento.

Ok, ok, brincadeirinhas à parte. Na realidade, o que eu gostaria de ganhar, mesmo, é o seguinte:

- O sentimento da minha mãe;
- A inteligência do meu pai;
- O carinho do Léo;
- A garra do Ângelo;
- A sabedoria do meu chefe;
- A determinação da Gil;
- A minuciosidade da Renata;
- A folga do Fábio;
- A cara-de-pau da Elaine;
- A determinação da Adélia;
- A graça da Donária;
- A cultura da Bela;
- A simplicidade da Lú;
- O profissionalismo do Daniel;
- A paixão da Marília;
- A sagacidade do Nando;
- A capacidade do André;
- A vivência do Renato;
- A graça da Gabi;
- A transparência do João;
- A barriga sarada da menina da academia que corre 2 horas todos os dias na esteira;
- O talento de um grande escritor;
- Uma pele de pêssego;
- A ingenuidade de uma criança;
- A alegria de uma escola de samba;
- A música de um piano;
- A voz de uma soprano;
- A agilidade de uma borboleta;
- A liberdade de um passarinho;
- A beleza de uma flor;
- Arte, muita arte!

Ah é, quase me esqueci: o fim da fome no mundo!

Será que estou pedindo demais? ;-)

Ana.


(Imagem retirada da internet.)

07 dezembro 2007

João Lenjob: Conversa Fiada

Excepcionalmente hoje, as atividades extra-curriculares da administradora deste espaço durante o restante da semana não permitiram que a crônica "Lenjobesca" fosse postada pela manhã, como é de praxe... Mas 'anfan', chega de papo pra boi dormir. Aí vai ela!

PPJL

Conversa Fiada

Ao pé da letra, conversa fiada seria um papo para um pós-pagamento. Entretanto, no vocabulário popular, conversa fiada é a formosa conversa jogada fora. De gente que não tem o que fazer? Nem sempre. Geralmente é de gente que tem o que conversar. Vai muito além do limite individual convencional. Muitas vezes o assunto é ligeiro, médio ou totalmente pilhérico e outras vezes o assunto é até muito sério, mas que pos suas eventualidades do momento ou do local, chegam a destino sem a contribuição do verídico e acaba se tornando um absurdo.

Este nosso famoso papo furado pode viajar por diversos lugares e datas... Pode ser tema carnavalesco ou notícias do cotidiano como esporte, religião, economia e cultura, mas tem papel relevante e deixa de ser furado ou fiado quando a sua fonte é política. Seria um disparate, um papo furado ou conversa fiada sobre a política brasileira? Não! É a realidade mesmo. É a única divergência desta nossa crônica.

Sobretudo, a conversa fiada torna-se muitas vezes dúvida ao receptor de uma mensagem, indiferente a coerência dela. Se o indivíduo perdeu no xadrez tendo de frente a rainha e duas torres. Ou se perde no jogo de cartas "Buraco", com mais de mil de frente e quase no final. Ou o sobrevivente daquele acidente de carro cujo resultado, é um carro plenamente destruído. Pode-se acreditar em disco voador? Milagres e seres folclóricos e super-heróis de mentira. E o de verdade?

Observa-se também a tonalidade variante conforme o emissor. Tem indivíduo que pode se exaltar, tentar, querer, aumentar ou até extrapolar. De nada adianta. Não existe um ser capaz de acreditar que aquele foi o emitente do despautério, por se tratar de uma pessoa íntegra, séria. Por outro lado, um contador de causos, experiente no quesito “lábia”, pode de todos os possíveis meios, tentar contar algo verdadeiro, real, sincero e até necessitar de crédito caso o assunto em pauta seja urgente, mas este, coitado, não será respeitado por seus ouvintes.

Lugar onde se tem com grande freqüência a conversa fiada é o típico e famoso velório. Ao chegar a um, a primeira tolice é observada logo na porta, onde um sujeito indaga com o outro o motivo do falecimento do defunto. Comenta-se anorexia e o rebate é contaminação pelo vírus do HIV, mas na realidade foi uma pneumonia crônica.

No primeiro corredor do ambiente fúnebre também há uma senhora, dizendo a outra que a vítima estava falida e a outra senhora dizendo que não, que o pai havia combinado de quitar todas as dívidas, só que a moça acabou indo desta para melhor, mas sempre teve suas contas em dia, deixou de herança para os entes queridos duas casas, dois carros e uma série de bens.

Por fim, apareceu um camarada fazendo o maior discurso da cidade, dizendo que cicrana era uma mulher de caráter, integridade, nobreza, fineza, que era exemplar, boa filha, excelente mãe, irmã prestativa, amiga zelosa, moça prendada, trabalhadeira e tantas outras qualidades que fica até difícil de acreditar que cabe tanto numa pessoa só, mas o impertinente rapaz não conhecia a moça que falecera... Não se sabe se o camarada estava lá contratado ou se dava início ali a um grande futuro político!

Tem também o dia bom para cometer tal gafe. É só recordar do tal primeiro de abril. Neste dia, quem se esquece que ele representa o dia da mentira, acaba caindo inúmeras vezes e sempre que diz que vai pegar alguém, acaba esquecendo.

Muitos podem acreditar que esta crônica foi com verdadeiro teor, cunho relevante e sério. Mas não, foi uma tamanha conversa fiada.
João Lenjob *
* João é poeta e mineiro, e escreve neste blog toda 6ª feira. Nos outros dias da semana, adora uma conversa fiada puxada numa mesa de bar, porque este sim, João, lugar melhor não há!

05 dezembro 2007

Realismo Impossível

Sabem quando você não tem nada a dizer? E acaba falando demais por não ter nada a dizer? Ou então não fala nada, e aí a situação piora? Pois é.
Sabem quando você precisa falar algo, e a pessoa precisa ouvir, mas você não tem nem sequer vontade de falar ou ligar ou escrever contando? Sabem quando fica entalado? Sabem quando a respiração engasga e a garganta aperta, e a sua vontade é de gritar ou bater ou xingar ou chorar? Pois é.
E quando você se sente vazia e gelada, após engolir um balde d'água gelada, queimando tudo por dentro, sabem? E quando a gente descobre que acreditou demais, deu muita corda e ninguém deu a mínima, sabem também? Pois é.
Então aposto que sabem quando, alguns minutos depois de um rompante de ódio e raiva você se sente mais leve, mais livre... Ou quando a gente solta um pássaro de uma gaiola e o vê voando livremente, a priori levando uns golpes do vento, meio cambaleante, mas depois flutuando no ar, planando, voando alto, para cima, sentindo a liberdade... Ou quando dá um primeiro beijo, ou quando tem um encontro interessante, ou quando se sente solteiro, mas não sozinho, já que tem a si próprio... Pois é.
Eu, passional, no sentir, no viver, no gostar, no gozar, no me jogar completamente, sofro demais. Amo demais. Mas ao menos, vivo demais. Talvez eu precise mudar. Ou não.
Pelo menos eu não bebo (muito), e estou vivendo (bem, obrigada). Tem gente que não bebe (pouco) e não está morrendo: já morreu.

(Stricto et lato sensu.)

Seja realista... Exija o impossível.

(Seja realista... Exija o impossível.)

Texto e foto: Ana.

02 dezembro 2007

Meu tio é o cara!

Então...

Só meu Tio Jaques mesmo. Diretamente de Palmeirópolis, no Tocantins, saudoso do restante da família que vive espalhada pelo Brasil, vive a fazer graça, mandando os videozinhos mais hilários pro Youtube... E não é que ele descobriu um novo "talento"?

Com vocês... MAICOW NITE! O mais recente hit 'youtubesco'!

Ana.

Ps.: Este vídeo já foi copiado no youtube por mais 02 pessoas, confiram:

* Update: Acreditem se quiser, o vídeo do "Maicow Nite" (versão legendada) está no portal UAI!