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21 dezembro 2007

João Lenjob: O Melhor dos Piores

A crônica de hoje nos traz um poeta lúcido, e pronto para comprar uma boa briga... Este assunto é de interesse comum, nos abre os olhos, nos faz refletir... Pelo menos a mim foi assim, quando o li. Espero que gostem. Ana.

PPJL

O Melhor dos Piores

É muito interessante o exercício de uma profissão, muito ideal quando ela vem de uma vocação genética ou até mesmo construída. Muito melhor quando o ser trabalhador pode se aventurar em várias funções em que ele pode dar certo e descobrir a sua, claro.

Para viver estas diversas funções não há a necessidade de trabalhar nela. A decepção no entanto, pode vir no reconhecimento. Nem sempre o tamanho talento pessoal, individual é valorizado e não pelo rendimento e sim pelas características da profissão. A precisão de jogadores de futebol pode ser inferior a de um médico e os valores incluídos em tal referência são exorbitantes. Sobretudo, a dificuldade na formação de um clínico é infinitamente superior e as noites sem dormir são muito mais freqüentes. Pergunte ao Tostão ou Sócrates.

Enfim, qualquer profissão requer um profundo treinamento, disciplina mesmo. Atletas dormem cedo para trabalhar (treinar) durante o dia, e músicos, escritores já preferem trabalhar durante a noite, silenciosa e requintada por álcool e tabaco, para sustentar o prazer, facilitar a inspiração.

Todos necessitam de prazer. Esta é a palavra ideal. Em obras de construção civil, pode se observar o excessivo número de artesãos que deixaria Aleijadinho satisfeito e impressionado e pessoas assim são chamadas de serventes e carpinteiros e pedreiros. Dentistas pincelam bocas com a delicadeza de um pintor. Um garçom tem a habilidade malabarista de conservar sobre mãos bandejas completamente lotadas de vidros e utensílios, melhor até que um jogador de basquete. Quanta habilidade! Por isso é óbvio que prazer é fundamental.

Poucos têm conhecimento do valor de um músico de orquestra, que numa apresentação, um único erro pode levar ao desastre o ouvido dos presentes e bagunçar todo o evento. Músicos de uma banda de rock, indiferente a posição na mídia, erram e nunca ninguém repara. Músicos de uma orquestra vip são eventualmente assalariados e uma banda vip de rock acumula um valor financeiro, um faturamento que não tem teto e nem conhecimento. Vale a pena? Sim, todos fazem por prazer. Um professor de matemática tem que ter a frieza de lecionar e resolver problemas e equações violentas, sem nunca ter tido conhecimento deles. E o número considerável de pessoas empresárias que tem visões, sobre o futuro, precisas, para que o negócio seja bem sucedido. São profetas? Não, trabalham por e com prazer. Advogados decidem vidas, respondem por elas. São deuses? Não. São talentosos quando gostam do que fazem.

Existem maus profissionais? Sim, mas são profissionais que não se orientaram sobre o que escolher. Não pagaram um mapa a caminho de casa ou da casa onde ir. É relevante ter coerência e certeza do que fazer e fazer sempre o que gosta, para nunca roubar o lugar de um profissional que sabe e gosta do que faz e importante: jamais se preocupar com a renda. Pensar com o coração e não monetariamente.

A grande verdade de uma profissão é a definição que o certo é ser o pior dos melhores e não o melhor dos piores. Este é o resultado final. Assim, tendo a quem tentar se superar. No esporte isso é claro. Massa é melhor que Barrichello. Esta é a classe dele ou poderíamos chamá-lo, de melhor dos piores, querendo galgar a classe de cima. Assim é na música, na literatura, na medicina, no direito, jornalismo, construção civil, comércio e tudo mais.

O local dos melhores só entra quem faz com prazer. Se não, melhor ser nas maiores hipóteses, o melhor dos piores.

João Lenjob *
www.lenjob.blogspot.com
joaolenjob@yahoo.com.br

* João é meu primo e poeta, cronista nas horas vagas, todas as sextas feiras neste blog, fazendo o que mais gosta, e com prazer: escrever!