Reza a lenda que nos confins das Minas Gerais, há um reino, um lugarejo mágico, com direito a castelo e princesas, chamado Cipotânea. Lá os bichos falam, as flores sorriem e o céu é mais azul. O sol das 17h doura o capim dos morros que lá se escondem, tímidos morros, envergonhados de sua condição de simples amontoados de terra, pedras e capim verde quando comparados aos morros de concreto que reinam impávidos na capital. Mal sambem eles como são belos, verdes e belos, os tímidos morros...
Uma carruagem me levou até lá, cortando a serra por veios de terra vermelha e poeira branca... No meio da noite eu cheguei, e o Rei mandara enfeitar o céu com diamantes tão brilhantes e numerosos, que meus olhos acostumados aos faróis dos carros e ao neon da cidade custaram a acreditar no que viam, teimando em piscar, fazendo brotar água salgada nos verdes lagos que me habitam. Após um grande baile, num castelo branco com luzes coloridas, o dia queria amanhecer.
Uma carruagem me levou até lá, cortando a serra por veios de terra vermelha e poeira branca... No meio da noite eu cheguei, e o Rei mandara enfeitar o céu com diamantes tão brilhantes e numerosos, que meus olhos acostumados aos faróis dos carros e ao neon da cidade custaram a acreditar no que viam, teimando em piscar, fazendo brotar água salgada nos verdes lagos que me habitam. Após um grande baile, num castelo branco com luzes coloridas, o dia queria amanhecer.
Muitos dormiram antes de ir pra casa, aproveitando que as ruas do lugarejo mágico são macias como algodão, nem se importanto com os flocos de gelo que teimavam em cair como confetes num dia de carnaval. Gotas de orvalho tocavam meus cabelos, anunciando, num canto suave e anjelical, que era hora de voltar ao nosso castelo.
Como um abraço carinhoso, o sol entrou pela janela, tocando primeiramente meus pés, subindo pelas pernas e coxas, fazendo um carinho gostoso na barriga, nos braços, até chegar ao rosto, quando, então, despertei. A nobre baronesa correu para o quarto de braços abertos, me surpreendendo e embaraçando, pois eu ainda trajava meu pijama cor-de-rosa! No entanto, ela nem ligou, me abraçando, e frisando que o café-da-manhã nos aguardava.
Após o desjejum, pus-me a caminhar, acompanhada por Donária, a filha da baronesa, que conhecia tudo e todos do lugar. Afinal, não poderia ser diferente, uma vez que nascera no lugarejo e lá passara boa parte de sua jovem vida, até partir para a capital, e de lá, para o mundo. Resolvemos parar para apreciar a paisagem: o rio, os verdes morros, pequenos palacetes, o grande castelo ao fundo, a ponte de ferro...
No meio do caminho que percorríamos havia muito mato, pedras, e também, um oráculo. Era uma vaca muito sábia e antiga na região, que ruminava conhecimentos, mas nem sempre respondia quando perguntada. Queríamos passar direto, mas ela nos parou, anunciando, em voz grave, que um perigo logo a frente nos aguardava, que era melhor voltarmos. Donária deu de ombros, e eu, como boa hóspede, resolvi crer na experiência de minha anfitriã, e a segui.
Logo em frente, após ultrapassar alguns mata-burros, armadilhas para os selvagens jegues que habitam as matas do entorno, adentramos por um bosque, de pinheiros tão verdes quanto as esmeraldas mais verdes que esta Terra já viu. As sombras as árvores amenizavam o calor que subia da terra, e dava vontade de ali deitar e dormir.
Logo em frente, após ultrapassar alguns mata-burros, armadilhas para os selvagens jegues que habitam as matas do entorno, adentramos por um bosque, de pinheiros tão verdes quanto as esmeraldas mais verdes que esta Terra já viu. As sombras as árvores amenizavam o calor que subia da terra, e dava vontade de ali deitar e dormir.
No entanto... a profecia da vaca-oráculo se concretizou: vários cães armados com seus dentes surgiram no caminho um pouco a frente, ameaçando-nos caso avançássemos mais alguns passos. E agora? Meia volta, volver! E nada de correr, pois os cães eram velozes, possuiam asas ao invés de patas, e dentes afiados como canivetes. Assim que saímos do bosque, desprotegidas pelas sombras ficamos, mas o sol cegou nossos algozes que ganiram, voltando para a terra de onde saíram. Ufa, estávamos salvas!
E mais um dia se passou, outro castelo conhecemos, onde tudo era feito de milho: móveis, baús, caixas, bolsas, tapetes...
Pequenos duendes também apareceram, e foram levados ao palco como atração da festa. Afinal, eram eles que cuidavam dos jardins floridos e dos animais do lugarejo. Trouxeram oferendas e ganharam presentes. Era uma troca, estabelecida há milhares de anos pelo primeiro Rei que conquistou a região.
E a festa continuou, todos se fartaram de milho e pipoca, numa felicidade que só teve fim na aurora da 2ª feira.
Texto e fotos: Ana.
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