(*) Burning Sky - Belo Horizonte/MG - Photo, Art: Ana.
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11 dezembro 2008

Síndrome

Milagres

Caderno aberto, caneta na mão. E eu lá, quieta, esperando... Esperando...

Aguardo um milagre... Um acontecimento? Não, apenas algo (ou alguém) passando por mim que me faça transcorrer impulsos nervosos do cérebro à mão. Fotografias mentais, palavras rebordadas, desenhadas, escorrerão de minha pena preta, juro.

Temo não conseguir chegar a lugar nenhum, o que está por vir, inesperado, fatal. Tremo um bocado, mas teimo em continuar. Padeço da cegueira do mundo estranho, do ninho de espinhos.

E no momento em que todos somem, não há nada pra me deter. E o que se fala ao meu redor não importa mais. Não há fronteiras, sons. Apenas um vácuo na existência. Sou matéria exposta, sou intempérie, fratura que dói, sou lágrima que não escorreu, sou o amor que ainda está por vir. Sem exclamações. Zen.

(Sinto pena de mim, por não poder me ver agora, momento único entre a síndrome da folha em branco e a síncope de criação.)

Agradeço à reciclagem, à folha parda, à ponta de aço que roça sobre o papel, deixando rastros de tintura e emoções à superfície da margem.

Rezo em transe sobre o caderno que abriga parcos sentimentos em pautas azuis. Dois pontos:

-- Palavras cruas são vírgulas fora do lugar.

Reticências. Um dia, quem sabe... Virarei a página.

Eterno recomeço.
Caderno aberto, caneta na mão. E eu lá, quieta, esperando... Esperando...

Ana.

(Texto e foto por Ana Letícia.)
***

Já que o Natal está chegando (e o meu aniversário também - dia 21!!!), não custa nada dar uma passadinha na minha lista de desejos, e abrir a mão um tiquim, né? ;-)