E eu que nunca fui santa, um dia aprendi
A subir no salto e não cair em falso
Pés que se cruzam numa rua torta chamada amor.
E eu que nunca fui besta, um dia freira tornei
Na sexta-feira me atrasei, beata virei, num reza e lava sem parar
Mãos que se cruzam em prece e tocam o coração de quem passar.
E nós que somos tudo e não somos nada
Que somos juntos e estamos surdos
Calados no meio do barulho do mundo
Gritamos na rua torta pra ninguém escutar
Cruzamos os dedos e caímos juntos
E tocamos os pés com o luar
As mãos sob lençóis pescam paisagens e anzóis
Amor de dois
Dor depois.
Ana.
(Foto e texto: Ana Letícia.)
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