Nenhuma revolução se faz como a simples passagem de uma sala para outra; as mesmas revoluções chamadas de palácio trazem alguma agitação que fica por certo prazo, até que a água volte ao nível.
Machado de Assis - Esaú e Jacó, 1901
Os anos de 1986 a 1997 fizeram história - ao menos para mim e mais uma penca de uns 200 colegas e amigos - já que dentre as coisas que aprendi na escola e que mais me fascinam até os dias de hoje é a danada da História. Geral, do Brasil, não importa. História é algo que acontece a cada minuto, cada coisa que fazemos, isto é história - a nossa história. Nunca me apeguei em datas, mas os fatos históricos, as lutas, as conquistas de cada personagem no decorrer dos anos da humanidade e de nosso país sempre me encheram os olhos.
Acho que foi por isso que a minha monografia de final de curso de Direito abordou questões mais históricas que jurídicas ou processuais, por assim dizer. Afinal, qual seria a melhor época para estudar com maior profundidade e disponibibilidade de bibliografia sobre coisas que aconteceram há mais de 500 anos atrás? É que sempre fui curiosa sobre tudo, como as coisas funcionavam, como eram de perto, desde a época do "descobrimento" do Brasil, a evolução do primata até sermos quem somos, a revolução Russa, o mundo nos anos 1960 e 70. Então a biblioteca da FD-UFMG foi pra mim um prato cheio para o meu tema de pesquisa, pois tem um acervo de livros e documentos históricos que não é dos piores. Cheguei a realmente folhear e ler textos muito mais antigos que meu avô. Foi um trabalho de pesquisa realmente árduo: ardia tudo, meus olhos, meu nariz não parava de escorrer, meus dedos feriam de alergia, pois fiquei bem um mês enfurnada dentro da biblioteca em meio à velharia que lá encontrava.
É que a minha monografia foi sobre o voto no Brasil, desde a colonização pelos portugueses. Eu sempre lia, ainda na época de colégio, que de 1902 a 1906, por exemplo, o Presidente da recém criada República era o Francisco de Paulo Rodrigues Alves, e que Fulano de Tal era, nesta mesma época, o governador de Minas Gerais. Mas sempre me perguntava como é que essas pessoas teriam chegado a tão elevados cargos. Porque eles? Como funcionava o sistema eleitoral naquela época? Quem podia votar? Será que dava certo? Se é que eles eram realmente eleitos...
Como vocês puderam observar, a proximidade dos festejos de 15/11 combinada com a atual "crise" que todo o sistema político-partidário do país tem passado, com essa "CPI-do-fim-do-mundo" e com toda a desigualdade social e econômica flagrante de norte a sul,,causaram em mim uma certa nostalgia... E não sei porque sempre quando ouço, leio ou falo esta palavra - NOSTALGIA - me lembro de gosto de coisa amarga...
A proclamação da República, em 1889, não apenas destituiu os Orleans e Bragança do poder, derrocando a monarquia, como também definiu os novos moldes para a política do país. Moldes estes que vigoram até os dias de hoje, infelizmente:
E ainda dizem que a nossa Constituição de 1988 é a mais MODERNA do mundo... Pode até ser, em certos aspectos até concordo que é mesmo, inovadora. O problema é que a tal "Política dos Governadores" vigora até hoje, alimentada pela febre do capitalismo, e agravada pelos neo-liberalais.
Onde é que vamos parar?
Meus pêsames, Brasil.
Ana Letícia
Acho que foi por isso que a minha monografia de final de curso de Direito abordou questões mais históricas que jurídicas ou processuais, por assim dizer. Afinal, qual seria a melhor época para estudar com maior profundidade e disponibibilidade de bibliografia sobre coisas que aconteceram há mais de 500 anos atrás? É que sempre fui curiosa sobre tudo, como as coisas funcionavam, como eram de perto, desde a época do "descobrimento" do Brasil, a evolução do primata até sermos quem somos, a revolução Russa, o mundo nos anos 1960 e 70. Então a biblioteca da FD-UFMG foi pra mim um prato cheio para o meu tema de pesquisa, pois tem um acervo de livros e documentos históricos que não é dos piores. Cheguei a realmente folhear e ler textos muito mais antigos que meu avô. Foi um trabalho de pesquisa realmente árduo: ardia tudo, meus olhos, meu nariz não parava de escorrer, meus dedos feriam de alergia, pois fiquei bem um mês enfurnada dentro da biblioteca em meio à velharia que lá encontrava.
É que a minha monografia foi sobre o voto no Brasil, desde a colonização pelos portugueses. Eu sempre lia, ainda na época de colégio, que de 1902 a 1906, por exemplo, o Presidente da recém criada República era o Francisco de Paulo Rodrigues Alves, e que Fulano de Tal era, nesta mesma época, o governador de Minas Gerais. Mas sempre me perguntava como é que essas pessoas teriam chegado a tão elevados cargos. Porque eles? Como funcionava o sistema eleitoral naquela época? Quem podia votar? Será que dava certo? Se é que eles eram realmente eleitos...
Como vocês puderam observar, a proximidade dos festejos de 15/11 combinada com a atual "crise" que todo o sistema político-partidário do país tem passado, com essa "CPI-do-fim-do-mundo" e com toda a desigualdade social e econômica flagrante de norte a sul,,causaram em mim uma certa nostalgia... E não sei porque sempre quando ouço, leio ou falo esta palavra - NOSTALGIA - me lembro de gosto de coisa amarga...
A proclamação da República, em 1889, não apenas destituiu os Orleans e Bragança do poder, derrocando a monarquia, como também definiu os novos moldes para a política do país. Moldes estes que vigoram até os dias de hoje, infelizmente:
"[...] política e ação devem ser privilégio de uma minoria: as grandes deliberações nascidas de liberdades democráticas levam necessariamente o país a agitações e ao aproveitamento da situação por um grupo muitas vezes o menos capaz [...]."
(Manoel Ferraz de Campos Sales, Presidente da República do Brasil de 1898 a 1902)
Onde é que vamos parar?
Meus pêsames, Brasil.
Ana Letícia
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