PoiZé,
Conhecer gente pela net afora é legal, juro! Claro que nada substitui o contato face a face, mas a gente acaba tendo gratas surpresas por aí...
Como o Thiago, por exemplo. Ele é do RJ, mas lembrou de um caso bem estranho de um colega dele mineiro, e isso o rememorou ao nosso mineiro blog, uai, e resolveu compartilhar conosco, em primeira mão!
Bem, chega de falar. Abaixo, leiam o que ele nos mandou:
"Oi Lú, Dô, Ana e Bela!
Escrevi uma croniquinha e gostaria que vocês lessem antes que fosse publicado no Canis Familiares!
É essa aí embaixo.
Beijos de um fã de do blog de vcs!
Thiago Quintella de Mattos
GRANDES MENTECAPTOS
Um amigo meu de Belo Horizonte, formado em Medicina pela Faculdade de Petrópolis, me contou um fato que lhe deixou abalado:Fazia ele a última viagem de ônibus para Petrópolis como estudante quando voltava de um feriado em novembro de 2004. Era o ônibus que saía no começo da noite, umas seis e meia, se não me engano. Estava estafado física que emocionalmente, pois encerraria uma etapa de sua vida em menos de um mês. Em dado momento da viagem, sob chuva constante e pista escura, ele acordou com dois pulos do ônibus e um barulho esquisito. Achou se tratar de uma lombada física, ou ondulação transversal, ou saliência na pista (nomes variados do famoso e agressivo quebra-mola). Entretanto, o ônibus parou e o motorista saiu em disparada na pista, Todos se levantaram assustados. O motorista volta com a triste informação que atropelara alguém. Usou o celular para chamar as autoridades que lá estavam minutos depois dos curiosos. Se não me engano é entre Conselheiro Lafaiete e Cristiano Otoni, na BR-040, ou Rodovia JK.
O caráter excelente e a então futura profissão de meu amigo lhe obrigou a ir ver o atropelado antes da ambulância; vã ambulância. Um atropelamento sem freada, cadáver irreconhecível senão para um dos curiosos, que pode identificá-lo pela roupa do desavisado pedestre de rodovias. Era de um doido que chegara à região havia umas semanas e que costumava fazer esse tipo de "travessura" conforme sua loucura.
- Um dia isso ia acontecer, uai.
Quase duas horas de registro de ocorrência e recolhimento do corpo, o ônibus seguiu viagem. Meu amigo me contou isso, como disse, bem estupefato, as imagens não lhe saíam da cabeça. Dentro de minha condição de não ter passado por isso, fui acalmando-o ao comentar sobre o livro O Grande Mentecapto, de Fernando Sabino, de quem somos fãs e que havia morrido um mês antes.
O livro trata de um andarilho de Minas Gerais que busca aventuras pelo mundo mineiro, Geraldo Viramundo, ou todos os nomes que Sabino lhe deu. É considerado o Dom Quixote de nossa literatura. E aos poucos fomos conversando sobre outras coisas para nos distrair.
No fim de 2006, não vi um mas vários andarilhos pelas estradas de Minas e Goiás. Comentava com meu primo sobre os andarilhos e ríamos de suas coragens, das sanas loucuras desses cavaleiros andantes. Pelo visto, não é de hoje que Minas e o Brasil podem motivar obras como o Grande Mentecapto, na qual Sabino nos mostrou com competência e brilhantismo.
Desse modo, tenho a certeza: Geraldo Viramundo existiu, e deve ter passado somente uma vez por Sabino, mas ele conseguiu nos mostrar suas aventuras e desventuras. Uma boa sugestão de leitura!
Goiânia, 30 de dezembro de 2006."
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