Hoje é quinta-feira e foi o primeiro dia de aula de Amanda na sétima série. Ela estuda em um tradicional colégio de Belo Horizonte, um daqueles que ostentam os maiores índices de aprovação no vestibular. Ela tem apenas treze anos, mas já se preocupa com a faculdade, porque quer se tornar uma brilhante advogada, e trabalhar com o pai no escritório.
Assim que chegou da aula, Amanda encontrou a mesa pronta para o almoço, pois Maria, a empregada, já sabe a hora em que a garota chega da escola e que os patrões nunca almoçam em casa por causa do trabalho.
Mas Amanda não reclama do almoço solitário. Isso lhe permite simplesmente “fingir” ter almoçado. A adolescente tem apenas trezes anos, mas já se preocupa com a boa forma, e pretende emagrecer bastante para ficar parecida com as modelos magras e elegantes das revistas de moda.
Como todas as tardes, depois do almoço, Amanda ligou a televisão e deitou no sofá, onde acabou adormecendo, num sono tranqüilo e despreocupado.
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Assim que chegou da aula, Amanda encontrou a mesa pronta para o almoço, pois Maria, a empregada, já sabe a hora em que a garota chega da escola e que os patrões nunca almoçam em casa por causa do trabalho.
Mas Amanda não reclama do almoço solitário. Isso lhe permite simplesmente “fingir” ter almoçado. A adolescente tem apenas trezes anos, mas já se preocupa com a boa forma, e pretende emagrecer bastante para ficar parecida com as modelos magras e elegantes das revistas de moda.
Como todas as tardes, depois do almoço, Amanda ligou a televisão e deitou no sofá, onde acabou adormecendo, num sono tranqüilo e despreocupado.
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Weder mora com a mãe e cinco irmãos em um barraco no subúrbio de Belo Horizonte. Seus irmãos têm entre sete e treze anos, e a família de sete pessoas vive com a aposentadoria de um salário mínimo que a mãe recebe.
O rapaz tem vinte anos e estudou apenas até a quarta série, e até hoje não conseguiu se estabelecer em nenhuma atividade fixa que lhe permita ganhar algum dinheiro para ajudar a família, por isso passa o dia em andanças pela cidade, vigiando carros, procurando comida e pedindo esmolas na porta de bares e restaurante.
Essa é a vida que Weder vem levando desde que deixou a escola, até o dia de hoje, quinta-feira, quando teve seu nome citado nas páginas policiais.
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Poucos minutos depois de cair no sono, Amanda despertou, acordada por um cheiro estranho, um cheiro de queimado. Entrou correndo na cozinha, assustada.
-“Maria, o que aconteceu? Você queimou alguma coisa?”
-“Uai, não, menina! Mas tô sentindo cheiro de queimado mesmo! O que será?”
Amanda olhou pela janela e viu uma fumacinha escura saindo da casa ao lado. Gritou, mas ninguém respondeu. Preocupada, resolveu sair e tocar a campainha da casa para avisar que algo estava queimando lá dentro.
Chegou na porta da casa, tocou a campainha, e nada. Foi quando percebeu que a porta estava arrombada, praticamente quebrada, e o cheiro de queimado persistia, quase que insuportável àquela altura.
Abriu a porta devagarinho e foi entrando na casa, até chegar à cozinha, de onde vinham o cheiro e a fumaça.
No fogão, encontrou uma fornada de pães de queijo torrados, carbonizados, e no sofá da sala estava Weder, adormecido, segurando uma chave de fenda e uma faca, seus chinelos gastos cuidadosamente encostados lado a lado.
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Quando a polícia chegou, Weder ainda dormia, e sonhava com lindos e cheirosos pães de queijo para saciar sua fome.
Acordou com a violenta sacudida do policial, foi algemado e levado para a sede do 1º Batalhão.
Weder chorou em silêncio, e enquanto observava o monte de carvão no qual se transformaram os apetitosos pães de queijo, confessou ter usado maconha pouco antes de arromabar a casa e tentou justificar seu crime reclamando que as pessoas lhe negam um prato de comida:
- “os boyzinhos que passam pela rua só me oferecem maconha. Quando passo perto de um bar, as pessoas pagam cachaça para mim, mas comida mesmo ninguém dá”.
E Weder tinha fome.
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Depois da prisão de Weder, Amanda voltou para casa e agora sonha em ser juíza para condenar todos os bandidos espalhados pela cidade.
Weder foi solto na noite daquela mesma quinta-feira, mas “o dorminhoco”, como passou a ser conhecido pelos ouvintes da Rádio Patrulha, foi preso novamente quatro dias depois, após invadir um restaurante fechado e surrupiar quinze filés e algumas caixas de lasanha.
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Amanda não passa de uma personagem inventada por mim, mas sei da existência de várias como ela por aí.
Já a história de Weder é real, e você pode trombar hoje mesmo com “o dorminhoco” nas ruas de Belo Horizonte. E também sei da existência de vários como ele por aí.
Bela
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