Ultimamente tenho assistido a alguns filmes brasileiros (dos mais recentes), e tenho notado uma safra muito boa, que, ao meu ver, se iniciou com o magnífico Central do Brasil. O último que assisti, este final de semana, foi A Dona da História, com Marieta Severo, Antônio Fagundes, Débora Falabela e Rodrigo Santoro. O filme é lindo, muito bem feito, cuidadosamente ambientado e os atores são de babar!
Rodrigo Santoro aparece bem no filme, o que agradou muito às mulheres que foram a mesma seção que eu (tinha umas meninas ao lado que gemiam a cada cena com o ator). Além de sua aparência um tanto quanto, digamos assim, "agradável" (pô gente, tenho que ser politicamente correta aqui, meu namorado lê este blog, né Môr? hihihihi), ele está um espetáculo como ator também. Há uma passagem em particular que quase fez nós três (eu, Daniel e Dédé) irmos às lágrimas, de tão boa sua atuação, que casou muito bem com o jovem talento mineiro, a mignon Débora Falabela. Marieta e Fagundes, nem precisa comentar, pois os dois são um espetáculo à parte. O crítico do caderno Divirta-se, do Estado de Minas, na sexta-feira (01/10/04) comentou muito bem sobre o filme, mas falou mal de elementos de cenografia como os carros muito bem limpos e cuidados ("parecendo coisa de colecionador") e das cenas do Rio atual, quando deveria ser mostrado de 30 anos atrás...
"Como é freqüente no cinema ou na televisão brasileiros, a reconstituição de época em A dona da história comete um pecado grave. É eficiente para reconstruir objetos, mas não para fazer com que pareçam de verdade."
Discordo. Os carros da década de 70 estavam sim, muito bem cuidados, mas a ocasião mostrada era de uma festa badaladíssima, num palacete do Rio de Janeiro e, convenhamos, ninguém vai de carro sujo de lama e caindo aos pedaços numa festa daquelas... Sem contar que o carro utilizado pelo personagem de R. Santoro no filme, como ele mesmo explicou durante a narrativa, pertencia " firma" para a qual trabalhava, oras, não era um carro de passeio, usado para fazer rallies, etc, era um carro de empresa, e por isso, mais bem cuidado, para fazer impressionar aos clientes. Não é assim até hoje? Não sei o porquê da implicância! É filme, gente, é fantasia, é diversão, é CINEMA! Ninguém fica falando mal de carros explodindo, vacas voando em ciclones, etc e toda aquela balbúrdia que vemos em todos os filmes de Hollywood, pombas! Só fala mal de filme brasileiro, nunca vi!
Para quem não sabe de nada sobre o filme, ele foi adaptado de uma peça de teatro, se não me engano com o mesmo título, em que uma mulher, após 32 anos de casamento, se encontra numa situação de constatação de que não realizou nada de "importante" na vida... é nesta "viagem" psicológica que ela se encontra com ela mesma, só que 32 anos mais jovem, vivendo as dúvidas que vivia na época, se iria realizar grandes feitos durante sua vida, etc. Esta cena, em particular, é impressionante! Há um clima de suspense, e todo mundo no cinema parece que torce prás duas não se encontrarem. As duas atrizes, Marieta e Débora, desempenharam muito bem o papel da mesma mulher, e a cena do encontro desenrolou perfeitamente.
A outra fama do filme fica por conta do diretor, Daniel Filho, que ficou falado depois que revelaram que ele só filma o primeiro take da cena, não dando outras chances aos atores. Você assisitir ao filme pensando nisso é uma coisa louca, não dá prá acreditar que a primeira vez que a cena foi feita, é aquela que vocês está assisitindo. Há uma carga de emoção o filme todo que invade a platéia, e no final, todos têm que se conter para não aplaudir!
"A grande maioria das cenas foi feita uma só vez. Veterano, Fagundes comenta que, por ele, valeriam as cenas dos ensaios. “É uma adrenalina enorme.” Santoro e Marieta trabalharam desta maneira pela primeira vez. “Tive uma certa dificuldade, pois sou take 53”, brinca a atriz. “Não tenho nada contra segundos e terceiros planos, mas gosto da surpresa da interpretação. Quando o ator sabe que vai ter dois, três, quatro planos, ele se joga menos”, afirma Daniel Filho."
Outros filmes brasileiros muito bons que vi, mas foram muito pouco comentados:
- O Homem que Copiava - de Jorge Furtado;
- O Homem do Ano - de José Henrique Fonseca, adaptado do livro "O Matador", de Patrícia Mello;
- Durval Discos - de Anna Muylaert.
Recomendo todos os três, mas quem quer fugir de filmes sombrios e violentos, deve evitar "O Homem do Ano", apesar de eu achar que Murilo Benício teve uma atuação memorável como o "Máiquel", digna de grandes astros do mundo todo. Ele se torna outra pessoa, parece até mais alto e forte, mau, transfigurado, nada a ver com o Danilo de "Chocolate com Pimenta". Natália Lage e Cláudia Abreu também são atrações à parte deste filme, ou seja, o elenco todo é um espetáculo.
Já o homem que copiava, traz Lázaro Ramos e Leandra Leal, ambos muito bons, e o enredo é ótimo, a história é engraçada, mas ao mesmo tempo trágica, e fica neste paradoxo, do início ao fim. Mas a idéia central do filme (copiar dinheiro em máquina de xerox e ficar rico) eu aposto que já passou pela cabeça de muita gente... pela minha, pelo menos, já!!!
O Durval Discos é uma pérola. Nunca tinha visto atuando nenhum dos artistas principais (Durval, a velha e a menina - Ary França, Etty Fraser e Isabela Guasco, respectivamente), e os três são óóóóótimos! Apesar de a narrativa ser meio lenta, porque você acha que fica o tempo todo esperando algo acontecer, quando você percebe, você já está dentro do filme, pois é esta angústia da espera que a autora quis realmente passar aos espectadores, pois é o mesmo que os personagens sentem!!! Adorei o filme, peguei na locadora e não dava nada por ele, mas no final, adorei!
Ainda não assisti Olga, mas vou assistir, prometo! E depois conto tudo aqui, tá?
Abraços aos cinéfilos de plantão!
Ana Letícia.
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