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04 maio 2005

Quem mais trabalha nesta vida?

Para muitos passou ileso, para outros foi motivo de revolta, conflito pela fixação do novo salário mínimo, e há quem também xingou porque este ano o dia 1º de maio, Dia dos Trabalhadores, caiu bem num domingo, menos um dia de folga no ano...

Eu também não dei tanta importância para o dia... não recebi nenhum parabéns, comemoração alguma, só meu priminho Deco lembrou da data enquanto eu digitava o trabalho dele de escola. Eu apenas sorri e pensei, trabalho demais!

Mas “Deus ajuda a quem cedo madruga” e nunca ouvi falar que alguém tenha morrido por trabalhar, pelo contrário, o ócio é a arma da morte.
Nem sempre me agrada levantar de manhã cedo, ainda mais neste friozinho, pegar um bus até o trabalho, fazer inúmeras petições, atender clientes, participar de audiências chatas, onde não sou respeitada pelo próprio juiz, que deveria fazer justiça. Mas o cliente acima de tudo, é melhor engolir “sapos”...

Ai fico pensando que em outra época, naquela em que minhas avós viviam era diferente. A vida poderia ser mais fácil, quase nenhuma mulher trabalhava fora, cuidar apenas de casa e filhos... manha...
Que nada, ai sim que elas ralavam... e nem tinham direito ao Dia do Trabalhador.

Minha avó Helenita (+) contava que acordava bem cedo e ia direto para a cozinha. Morava numa fazenda central na região do Serro, na qual passavam muitos tropeiros e sempre eram bem recebidos em sua casa. Assim cozinhava o dia inteiro naquelas panelas gigantes, fogão a lenha, ariava tudo e depois tinha que deixar a casa brilhando... num tempo em que não existia cera, aspirador de pó, tábua corrida, muito menos empregada ou faxineira. Além disso, ela ainda cuidava de uma turma de filhos pequenos, acha que é fácil cuidar de 10 filhos escadinhas?
Com a minha avó Maria (+) era um pouco diferente, ela precisava de trabalhar fora para aumentar a renda familiar e ajudar a mãe nordestina a cuidar dos filhos. Começou a trabalhar bem cedo lá em Recife, e quando veio para Curvelo com a família não parou. Trabalhava na fábrica de tecidos Maria Amália e, graças a Deus, ela tinha a ajuda da sogra e da cunhada para cuidar dos filhos. Com certeza chegava em casa bem cansada e ainda tinha que colocar ordem na casa.

Não foi uma vida fácil! Elas precisavam dar duro num tempo em que a mulher não tinha vez, onde o trabalho feminino fora de casa era um preconceito (não vamos esquecer que mesmo hoje a mulher é vítima de algumas discriminações no trabalho).

Então quando reclamo do meu trabalho, penso que tenho muito, tenho um local de trabalho e ganho um salário, num tempo em que está tão difícil arrumar emprego. Não devo reclamar! Nossas mães dão um duro danado, tripla jornada (mulher/mãe, empregada e trabalhadora) e ainda dormem com ar alegre, de missão bem realizada. Às vezes, não faço nem a metade das coisas que elas fazem, mas já fico exausta.

Como homenagem as minhas avós, trabalhadoras deste Brasil, escrevi as seguintes palavras no meu convite de formatura: “Dedico, ainda, essa conquista às minhas avós, Maria, já falecida, e Helenita por serem os alicerces das famílias e pelas demonstrações de força no trabalho.”

Amo todas, minhas avós que me olham lá do céu, minha mãe, que trabalha, cuida do meu pai e dos meus irmãos! Obrigada a todas pelo exemplo de vida e coragem!

Que a discriminação da mulher no trabalho não atrapalhe a magnitude do dia das mães!
Beijos Lú