(*) Burning Sky - Belo Horizonte/MG - Photo, Art: Ana.
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24 maio 2006

É UMA ZONA!

Não é um domingo qualquer, é um domingo em que você acorda cedo para ir à zona!

Seis horas da manhã pen, pen, pen, cocoricóóóóó...
Que vontade de jogar o despertador pela janela. Aquela cara de ontem à noite, um banho esperto para despertar e um café forte para aguentar o dia.
Você sai de casa e vai para a zona!
Lá chegando encontra outras companheiras, todas exaustas porque o domingo vai ser duro.
Ninguém merece estar na zona às 7 horas da manhã, mas o dever nos chama.
Aí vem aquela pessoa que se diz experiente na zona, comanda tudo, dá ordens e ordens, como se você não soubesse do árduo trabalho, já que poucos estão ali pela primeira vez. Mesmo assim, de cabeça baixa, aceita as ordens e inicia os trabalhos.
8 horas em ponto: o primeiro cidadão chega. Sempre com piadinhas sem graça porque você está ali a trabalho. E aguentar chatos na zona não é fácil, mas fazer o quê!
As horas não passam, até chegar o horário de almoço que é intercalado, porque a zona não pode ficar sozinha, é um sofrimento! Nem um cafezinho durante a manhã, até água você tem que levar de casa, porque a maioria das zonas não têm infra-estrutura devido a marginalização e violência de seus freqüentadores.

12 horas: a santa hora de almoço. Até que enfim você dá uma relaxada, vai em casa, almoça rapidamente e volta correndo, porque outras pessoas precisam almoçar também.

O horário da tarde é o mais cansativo. A maioria das pessoas já passaram pela zona, mas você tem que cumprir o horário e ficar até as 17 horas, aguentando sarros, reclamações, xingamentos, etc, etc, etc, porque tem muita gente que não tem educação e cidadania. Nem um bom dia ou boa tarde se escuta.

“Alguém tem que trabalhar nessa vida!” Ahahaha engraçadinhos, então venham exercer sua cidadania e trabalhar de graça, agüentando tanta coisa! Tudo bem, não é tão de graça, ganha-se R$ 5,00 (cinco reais) para alimentação, e mais nada!

Enfim, 17 horas: fim dos trabalhos. Arrumação para ir embora, desmontar a tal cabina, despedir das outras colegas. Mas o trabalho ainda não terminou. É necessário esperar a polícia militar para fazer vistoria no local e no trabalho realizado. Sempre a polícia está por trás de tudo.

Eu não sou de reclamar de trabalho, mas sinceramente, NÃO HÁ SATISFAÇÃO NA PRESTAÇÃO DESTES SERVIÇOS!
Pode ser um ato de cidadania, uma prestação ao Estado, mas já chega! Ninguém merece trabalhar numa zona eleitoral.

Após três anos de trabalho, normalmente as pessoas são dispensadas, mas este não seria meu caso até fazer o seguinte requerimento:

“A requerente já foi convocada para ser mesária nas 03 (três) últimas eleições políticas, bem como no Referendo ocorrido em 23/10/2005. Por agora trabalhar de forma autônoma, este ano encontra sérias dificuldades em arcar com o trabalho voluntário de mesários nas eleições.

Reconhece a importância, presteza e o fim social que o trabalho de mesário representa para o país, tanto que já trabalhou por 04 (quatro) vezes neste fim, mas atualmente, encontra dificuldades em arcar com o trabalho, que compreende não só aos turnos eleitorais, mas também as reuniões de treinamento, quando a requerente perde dias de trabalho.”

E desta forma, a melhor notícia do ano eleitoral foi dita ontem através de telefonema:

“VOCÊ ESTÁ DISPENSADA DE TRABALHAR COMO MESÁRIA NAS ELEIÇÕES, AGRADECEMOS MUITO O TRABALHO JÁ DESPENDIDO”

Um alívio, agora vou votar tranqüila... apesar da descrença nos políticos... mas isso é outra história...

Beijos Lú