Gosto de brincar que ser feliz. Me pinto e me viro do avesso. Faço chuva doce e arco-íris de mel. Enxergo passarinho verde, azul e multicolor. Falo sozinha, com o vento, rio de mim mesma, da minha cara de besta, e volto a sonhar.
Gosto de brincar de faz-de-conta, que agora eu sou rainha e meu cavalo fala japonês. O castelo de palitos de picolé é minha casa de poesia, é descanso para a mente e perfume contra chulé. Meus conselheiros mudos dizem coisas indizíveis, e todos no reino, surdos, obedecem à boneca dos olhos de cristal.
Gosto de guiar os olhos e os olhares. Me enfeito e me faço mulher. Me acompanhe se puder, sou moça fatal, encontro mortal entre o bem e a boa, cara e boca, vem me beijar.
Anoiteceu e sou gata borralheira. Virou manchete e preciso descansar. O caso é outro, não posso me atrasar. Sono da beleza me espera, jeito simples a me convencer que o melhor é fazer chover, caçar arco-íris e ouvir passarinho cantar, sino a tocar, céu a brilhar, horizonte a escutar, faz-de-conta pra brincar.
Sou feliz, tenho onde me deitar.
Ana.
(texto e foto)
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