(*) Burning Sky - Belo Horizonte/MG - Photo, Art: Ana.
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27 fevereiro 2008

Tsunami

Beijo

Maremoto sem razão, vem você sem explicação. Nem me pede licença pra chegar, invade arrombando portas e janelas, faz estardalhaço, zombaria. Me deixa tonta, irada, me joga baldes de água fria, me xinga, me aquece e ri da minha cara. Sou joão-bobo pra fazer-te rir? Sou cara-pálida pra me invadir?

Mexo e torço e quebro o copo, revido com um tiro em sua cara de pau. Pega de raspão e me tira do sério, me deixa na mão. Maremoto vai embora e me vem um tufão? Que corre e gira e revira a areia, levanta a poeira e joga tudo no chão... E caem por terra sonhos de pó de arroz e maquiagens de faz-de-conta, será que nunca mais poderei me pintar?

Preciso de um band-aid pra me curar da ressaca que a pororoca me traz. É muita reviravolta, é muita montanha-russa, é muito sobe e desce e sobe de novo, e gira e torce e puxa e volta. É muita água e muita areia prum caminhãozinho tão pequeno, coitadinho, desses que se acham os verdadeiros "formula truck" e atropelam cadilacs cor-de-rosa enfeitados de pérolas marfim. Mas no fundo no fundo, não passam de briquedinhos em mãos de crianças grandes e perversas.

Adeus maremoto insano.
Adeus pororoca sem fim.
Adeus tufão sem rumo, joão-bobo e caminhão.
Melhor é ser borboleta e ser mais leve que o ar.
Melhor é ser libélula e numa gota d'água flutuar.
Melhor é ser beija-flor e parar o tempo no ar.

Ana.
(Texto e foto.)