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18 janeiro 2008

João Lenjob: Ganância Celestial

Nosso poeta-cronista, após breve período de descanso na semana passada, retorna com este texto pra lá de panfletário... já que sua indignação faz aniversário.

PPJL

Ganância Celestial

Como avaliar o emprego de dinheiro do governo? O dinheiro que o povo passa para nossos titulares políticos é voltado para o povo? Interessante colocar em pauta a falta de ética destes para com as pessoas, deixando as portas abertas somente para todos aqueles que têm condições de bancar as iniciativas privadas, como hospitais, escolas, estradas, dentre outros.

Matematicamente é impossível que todos os impostos sejam responsáveis únicos por todos os direitos estatais do brasileiro. Exemplo claro vem do sistema rodoviário. Se o cidadão que viaja de carro próprio tem que pagar altíssimos pedágios para ter uma viagem segura e agradável. Seria ideal que o combustível neste trajeto fosse mais barato, vertente de isenções dos comerciantes locais, devido à não incidência dos impostos neste espaço. Mas isso infelizmente não acontece e costuma o preço ser bem superior. Este respeito ao povo não vai acontecer nunca, porque se acontecer, logo benefício nenhum vai para o sistema viário nacional.

Estranho também é o governo não apresentar precisamente os valores totais recebidos dos impostos que a população paga pela saúde e nem uma planilha de custos exibindo se foi total e plenamente voltado para a saúde ou não. Daí, quem pode, paga planos de saúde particulares e quem não pode, aguarda em filas grotescas e enormes, que em muitas das vezes não resultam num fim plausível, ou seja: falta de atendimento.

Médicos, enfermeiros, funcionários de hospitais, de clínicas, centros de atendimento e postos de saúde. Na maioria dos locais citados acima ainda há a falta de medicamento, material e aparelhos novos ou com manutenção preventiva ou com datas coerentes. Um absurdo! Na educação a situação não é diferente. Os professores da rede pública caem de nível e rendimento rapidamente e este declínio está chegando às faculdades vinculadas ao governo. Até o que em tempos atrás eram prestígio e mérito de prefeitos, governadores e presidentes, hoje é vergonha do tamanho das impunidades realizadas por nossos queridos políticos. Estas verbas citadas previamente chegam ao governo sim, mas tomam outros destinos, que não os legais.

Enquanto muitos moram em locais sem saneamento básico, que não têm escola, que não conseguem se medicar, nossos deputados, senadores, vereadores e afins são atendidos em centros “vips”, vezes de helicóptero ou ambulâncias mais equipadas que alguns hospitais públicos, ganham salários altíssimos, viajam pra baixo e pra cima, gozam de meses de férias e muitas vezes trabalham quando querem. Estes ainda não pagam por alimentação, transporte, residência e etc. Quem paga é o cidadão. Não escapa ninguém. Todo mundo paga. O dinheiro destas regalias vem de impostos que o povo honesto não pode sonegar, mas que nossos representantes sonegam.

Fator ainda muito importante é que quem mais sofre com toda esta falta de estrutura é o aposentado, que custou para ficar 30 anos trabalhando horas e horas por um salário mínimo, enquanto os políticos brasileiros se aposentam com pouco tempo de exercício da função e salários altíssimos.

Indivíduos que sem passar por dificuldades, são dotados de uma ganância celestial. Pois vem ser imunes até não ir para o céu, pode? Mesmo depois de tantas propinas, peculatos, sonegações e furtos. Eles chegam em belos sorrisos cínicos, são eleitos e logo desaparecem, outros só somem quando descobertos pela CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito – assim, quando chega época de eleição, todos retornam com o mesmo sorriso. E esta alegria é a gozação sobre o povo. Os pegos pela comissão nunca foram presos, mesmo depois de tanta fraude. O pobre rouba Um Real, vai pra cadeia e divide o lugar abarrotado de gente. Em alguns casos até tiveram o benefício de dividir com uma mulher e até adolescente. Pode? É assim.

Será se é necessário o Brasil nascer de novo? Talvez Brasília, ou o Senado, a Câmara. Não se sabe. O interessante talvez seria imunizá-los, mas será se todos conseguem? Legal lembrar que o país não tem furacões, terremotos, maremotos e tem tantas beleza e riquezas naturais. Mas com esta turma aí em cima? Será se Deus é brasileiro?

João Lenjob *
http://www.lenjob.blogspot.com/
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* João é primo, poeta, escritor... E aparece por aqui às sextas-feiras com uma crônica para vocês.